segunda-feira, 13 de junho de 2011

Dilma romperá com Lula?


Durante a campanha eleitoral passada para presidente, muito se falou que se Dilma viesse a eleger-se romperia depois com Lula. Era um argumento rasteiro para dizer que Dilma não era nada, não tinha conteúdo e fora escolhida por Lula para ser tutelada, colocada numa disputa apenas como extensão do terceiro mandado que Lula não poderia disputar em função dos impedimentos que a legislação eleitoral lhe impôs.

Diziam isso por saberem que os eleitores de Dilma votariam nela por não poderem votar novamente em Lula e queriam alertá-los de que corriam o risco de elegerem uma traidora.

Com a eclosão do caso Palocci, a crise que daí resultou paralisou a articulação política do governo e o ministro Palocci se viu enfraquecido diante de uma base aliada sequiosa por demandas nada republicanas, fisiológicas, no estilo toma-lá-dá-cá que levou o governo Dilma a submeter-se a chantagem e a perder importantes votações no congresso.

Houve uma debandada geral, do tipo salve-se quem puder. Chamado às pressas, pela bancada do PT, para debelar as chamas do escândalo que escalpelava o recém-nascido governo; para reenquadrar a rebeldia dos aliados, o ex-presidente Lula apareceu com toda pompa e circunstância, irritando a presidenta que se viu enfraquecida ante a presença de Lula em Brasilia.

O efeito da aparição de Lula no cenário de crise que engoliu Palocci foi suficiente para trazer novamente ao debate a sempre presente discussão em torno da possibilidade de Dilma vir a romper com Lula.

A escolha da presidenta de levar para casa civil e para a coordenação política duas senadoras que não passaram pelo crivo da aprovação de Lula, só aumentou a especulação de que num futuro não muito distante a ruptura de Dilma com o ex-presidente Lula é inevitável.

Sub-repticiamente trouxeram de volta à lembrança que na história política do Brasil não é incomum que isso aconteça. Inúmeros casos estão aí para comprovar que isso não é de todo descartável.

Em São Paulo, Luis Antônio Fleury indicado pelo ex-governador Orestes Quércia para sucedê-lo, no meio do mandato rompeu com seu criador. Tempos depois Pitta viria a fazer a mesma coisa com Paulo Maluf, depois que Maluf conseguiu convencer aos paulistanos de que Pitta era a melhor escolha para continuar à frente da prefeituta de São paulo.


Aqui, no Ceará, Gonzaga Mota foi secretário do maior governador da história do estado, Virgílio Távora. Virgílio o lançou a governador e Gonzaga Mota ganhou as eleições. Percebendo o momento político da epóca que se encaminhava para abertura política do país, Gonzaga rompeu com a tríade de coronéis que dominavam a política do Ceará, Virgílio, César Cals e Adauto Bezerra. Gonzaga Mota lançou Tasso Jereissati, um empresário oriundo do CIC, Centro Industrial do Ceará, para sucedê-lo, numa eleição que Tasso derrotou Adauto, Virgílio e César. Não se passaram 3 anos e Tasso rompeu com Gonzaga Mota.

Ciro, Lúcio e Cid são crias políticas de Tasso. Lúcio era um político com vida própria. Havia sido prefeito biônico de Fortaleza e deputado federal por várias legislaturas. Das vezes que disputou uma eleição majoritária no Ceará com seu cacife político perdeu.


Aliou-se a Tasso que o lançou ao senado e depois ao governo do estado. Com o apôio de Tasso conseguiu eleger-se senador e a governador, na mais controvertida eleição do estado em que ganhou do candidato do PT, José Airton Cirilo, um ilustre desconhecido, ex-prefeito da pequena Icapuí e vereador de Fortaleza, por uma diferença de 3.000,00 votos, ainda assim usando do expediente rasteiro de espalhar pelo interior do estado inúmeros cartazes em que sua foto aparecia ao lado de Lula, no que ficou conhecido no imaginário do povão como a dupla LuLu, Lúcio e Lula, confundindo o eleitorado sob as bençãos da justiça eleitoral que nada fez e fechou os olhos para o mais visível crime eleitoral de que se tem notícia.
Próximo do fim de seu mandato, Tasso exigiu que Lúcio não se recanditasse a governador e apoiasse Cid. Lucio recusou-se e rompeu com Tasso. Tasso fez campanha velada para Cid em todo o interior do estado e orientou o partido a que não apoiasse a reeleição de Lúcio ostensivamente. Cruzasse os braços e deixasse o governador entregue à própria sorte. Cid venceu as eleições.
Nas eleições passadas Cid queria pôr em execussão um acôrdo em que apiova o candidato do PMDB ao senado Eunício Oliveira, deixava o candidato do PT a uma das vagas, José Pimentel, fazer campanha com a estrutura do PT e liberava os prefeitos do interior a escolher apoiar para segunda vaga quem quisessem. Este acôrdo possibilitava a reeleição de Tasso.

Já próximo das eleições Lula interveio, chamou Cid e Eunício ao planalto e exigiu que Cid e Eunício declarassem abertamente apôio a Pimentel. Ficou famoso o slogan no estado eu voto em pimentel, pimentel e eunício. A Aparição de Lula e Cid nas imagens da propraganda de Pimentel e Eunício, declarando voto para os dois candidatos da coligação ao senado, e Cid pedindo votos para Pimentel e Eunício, Eunício declarando voto em Pimentel como segundo ao senado, causou uma reviravolta nas intenções de votos dos cearenses e Tasso perdeu uma eleição ganha, vindo a romper com os irmãos Ciro/Cid.
No presente caso em que se cogita uma ruptura entre Dilma e Lula é pouco provável que aconteça, dado o imenso capital político de Lula junto ao povo brasileiro e Dilma percebe claramente isso. Pesquisa Data Folha apontou que o povo não só quer que Lula opine no governo Dilma como quatro em cada dez eleitores já acham que quem governa mesmo é Lula.

Lula não é sombra do governo Dilma, é a própria razão de ser deste governo e o povo elegeu Dilma na percepção de que Lula teria enorme influência, estaria presente a orientar a presidenta nos momentos mais delicados de sua adminstração. Votaram em Dilma com base nessa perspectiva. Se a presidenta considera que Lula a incomoda, erra. Erra muito mais em dá ouvidos aos fuxicos da imprensa paulista que não consegue engolir o ex-presidente.







Um comentário:

Cláudia Fanaia Dorst disse...

Penso que ela tem a liberdade de fazer seu próprio governo, mas Lula não irá de indispor somente, por ela não está rezando pela sua cartilha.

Acredito, que ela tem capacidade até maior, mas está sendo LIMITADA por algumas regras governamentais, as quais deverá, QUEBRAR EM BREVE.

Ela não nasceu para se sujeitar as vontades alheias, principalmente, quando não são corretas... Ela irá se impor na hora certa e resolver tudo com diplomacia, já que vivemos em uma democrácia.

Ela não sabe a FORÇA que tem, melhor sabe, mas está esperando a hora certa ... pois há momento de aceitar e momento de impor.