quarta-feira, 27 de julho de 2011

Eles vivem no Brasil, ganham rios de dinheiro no Brasil mas não gostam do Brasil




Turistas brasileiros deixam recorde de US$ 10 bi no exterior


EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O gasto dos brasileiros com viagens internacionais atingiu valor recorde de US$ 10,2 bilhões no primeiro semestre, segundo dados do Banco Central. Isso representa um aumento de 44% em relação ao mesmo período de 2010.

Essa elevação se deu apesar do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nos gastos com cartão no exterior, que subiu de 2,38% para 6,38% no final de abril. O objetivo do governo era reduzir o endividamento dos brasileiros.


Dados do BC mostram que os brasileiros continuam gastando lá fora. Apenas trocaram o cartão de crédito por outras formas de pagamento (cartão pré-pago e dinheiro em espécie, por exemplo), nas quais o imposto é de 0,38%.

As despesas dos estrangeiros que visitam o Brasil cresceram menos, de US$ 2,9 bilhões para US$ 3,4 bilhões.

A diferença entre os gastos de brasileiros e estrangeiros é um dos fatores que contribui para o aumento do deficit do Brasil nas suas transações correntes.

O BC projeta uma diferença de US$ 15 bilhões neste ano. Isso representa 25% do resultado negativo do país nas suas transações com o exterior.

JULHO

Dados parciais para o mês de julho mostram um gasto de US$ 1,7 bilhão no exterior.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, os gastos das férias costumam ser diluídos no mês anterior, por conta de quem compra moeda antes de viajar, e no mês seguinte, quando vence o cartão de crédito.

A participação do cartão nas compras externas ficou em 54% em junho, ante 61% dois meses antes.

O crescimento em relação ao mesmo período de 2010, que era de 54% em abril, recuou para 23% em junho.

INVESTIMENTO

O investimento estrangeiro direto em empresas brasileiras cresceu quase 170% no primeiro semestre e chegou a US$ 32,5 bilhões, segundo o BC.

O valor foi mais que suficiente para cobrir o deficit do Brasil nas suas transações com o exterior, que passou de US$ 23,8 bilhões, no primeiro semestre de 2010, para US$ 25,5 bilhões no mesmo período de 2011.

Os investimentos em ações no país caíram praticamente pela metade na mesma comparação, para US$ 3,5 bilhões, enquanto as aplicações de estrangeiros em títulos de renda fixa recuaram de US$ 9,3 bilhões para apenas US$ 133 milhões.

Em junho, o deficit nas transações recuou em relação ao mês anterior, para US$ 3,3 bilhões. O investimento direto subiu para US$ 5,5 bilhões.

DÓLAR

Especialistas do mercado financeiro antecipam que a taxa de R$ 1,50 deve se tornar o próximo "piso psicológico" para o dólar, depois que a cotação da moeda americana passou a oscilar abaixo de R$ 1,55, o seu preço mínimo mais duradouro dos últimos anos.

Ontem, a taxa de câmbio doméstica recuou para R$ 1,543 (uma queda de 0,6%), após cinco dias consecutivos de perdas. Trata-se de um preço não visto desde janeiro de 1999, quando ocorreu a mudança do regime cambial do país (de "fixo" para "flutuante").

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