sexta-feira, 1 de julho de 2011

A polêmica participação do BNDES na fusão do Pão de açúcar com a rede Cerrefour


Carlos Lessa tem razão: o BNDES deixou de ser o banco de fomento das empresas nacionais, para se tornar o banco de fomento das multinacionais.

Carlos Newton
É vergonhoso ver o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a defender com unhas e dentes sua misteriosa e deletéria participação na proposta de fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour no Brasil, que pode criar uma gigante com cerca de um terço do varejo nacional.
O BNDESPar, braço de participações do banco de fomento, entrará com R$ 3,9 bilhões na complexa operação de aliança entre Pão de Açúcar e Carrefour, pela qual o grupo liderado pelo empresário Abílio Diniz incorporaria a operação brasileira da companhia francesa.
Fica comprovada, portanto, a tese do economista Carlos Lessa, de que o BNDES deixou de ser o banco de fomento das empresas nacionais, conforme a política estabelecida em 2003 por ele, quando presidiu a instituição, para se transformar definitivamente no banco de fomento das multinacionais.
“O projeto que os empresários estão apresentando visa a criação e a geração de valor para todos. A fusão vai gerar valor para nós”, alegou o vice-presidente do BNDES, João Carlos Ferraz, em evento no Rio, acrescentando: “Isso vai gerar valor para nós e você sabe que metade do lucro do BNDES é derivado do BNDESPar, e nós vimos aqui uma bela oportunidade de geração de valor e empregos, que é a nossa missão”.
Como se vê, esse João Carlos Ferraz não passa de um mistificador, que não merece participar da direção de um banco importante para o país como o BNDES. Qualquer estudante de Economia sabe que, quando há fusão de grandes empresas, diminui a concorrência e consequentemente ocorre redução do número respectivo de empregos diretos e indiretos. 
O pior é ouvi-lo dizer que, nas operações do banco, “a bandeira verde e amarela sempre é importante”. Certamente esse João Carlos Ferraz deve estar se referindo à gestão de Carlos Lessa, quando o BNDES evitou a desnacionalização da Vale e foi até criticado por isso, vejam só em que estranho país estamos.
Com toda certeza, o economista Luciano Coutinho definitivamente demonstra ser uma grande decepção na presidência do BNDES. Ele deve se sentir envergonhado sempre que encontra com Carlos Lessa em algum evento econômico ou social. Se é que ainda lhe resta alguma consciência.

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