quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Crise da dívida pode prejudicar Obama nas eleições de 2012

Crise da dívida pode prejudicar Obama nas eleições de 2012






Na segunda-feira, o Filtro destacou a coluna do economista Paul Krugman, no jornal The New York Times, no qual ele atacava duramente o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pelo acordo que fechou com o Congresso para aumentar o teto da dívida americana. Para Krugman, Obama sucumbiu diante da pressão de setores radicais republicanos e conseguiu um acordo que corta gastos do governo (inclusive em programas sociais) e não obtém nenhuma nova renda, como por exemplo com impostos para os mais ricos.


Como Krugman, diversos comentaristas da esquerda americana estão irritados. A revista The New Republic aponta os diversos erros que Obama cometeu nas negociações. Mais indignada, a colunista Froma Harrop sugere que o partido Democrata realize primárias para escolher um novo candidato para o lugar de Obama. A revolta democrata com Obama ficou clara na aprovação do plano na Câmara de Representantes. Enquanto dois terços dos republicanos aprovaram o texto, apenas 50% dos democratas fizeram o mesmo. Ao jornal The New York Times, o deputado G. K. Butterfield, da Carolina do Norte, revela a decepção dos democratas, mesmo daqueles que aprovaram o plano.


“Eu não chamaria de raiva, mas estou perplexo sobre a forma como isso acabou”, disse, fazendo caretas após encontro com [o vice-presidente] Biden. “Mas ficamos sem opção e sabemos das consequências. Já ouvi histórias horríveis sobre a Grande Depressão [de 1929]. Não quero minha impressão digital nisso”.


O colunista William McGurn, do jornal conservador The Wall Street Journal, avalia que, enquanto Obama terá de conviver com a indignação democrata, o partido republicano ficou mais forte.


Quando chegar a eleição de 2012, esse acordo vai ajudar a forçar o debate que todos os conservadores querem há muito tempo – sobre o tamanho, o escopo e a missão de nosso governo federal (…) Isso coloca 2012 em termos muito mais amigáveis à argumentação que os republicanos precisam fazer para a população americana. É algo assim: se você quer um governo em Washington que gaste menos, cobre menos impostos e encoraje o setor privado a crescer, você precisa de um republicano na Casa Branca.


Mesmo neste clima, auxiliares próximos de Obama acreditam que o acordo pode ter sido bom para ele se considerado o longo prazo. Primeiro porque o debate sobre o teto da dívida ficou para 2013, depois das eleições. E segundo porque acreditam que podem vencer o tamanho do Estado americano, como afirmou o estrategista de Obama David Axelrod ao jornal The Washington Post:


“[O debate sobre o teto da dívida] ajudou a cristalizar o debate. Não há dúvidas de que [nas eleições de 2012] haverá uma escolha muito distinta [entre Obama e o candidato republicano]. (…). A luta será entre a estridência deles e uma balanceada, justa e séria abordagem do futuro, disse Axelrod, dizendo que o presidente “vai saborear o debate. Ele não pode esperar por esse debate”.


O que os auxiliares de Obama parecem não levar em conta é até onde os americanos concordam com Obama. Em editorial, o jornal conservador The Washington Examiner, que é abertamente contra a existência do sistema de bem-estar social nos EUA, diz que os republicanos estão vencendo o debate sobre o tamanho do Estado e comemora uma pesquisa que mostra o tamanho da preocupação dos americanos com isso:


“A população americana entenda que esses programas de bem-estar social não podem ser pagos. De acordo com o Gallup, dois terços dos americanos acreditam que os custos da Segurança Social e do Medicare ou já estão criando uma crise para o governo federal (34%) ou vão criar uma em dez anos (33%). Essa realidade, no entanto, só agora está começando a ser entendida pelos liberais”.


É bom Obama realmente estar disposto para o debate. Ele vai ter muito trabalho para convencer os americanos de que sua visão de futuro para o país é a mais correta.
Foto: AP
José Antonio Lima

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