quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Prefeita de Jandira será investigada por morte de antecessor




O desembargador Amado de Faria, do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou que a Polícia Civil instaure um novo inquérito para investigar a possível participação da atual prefeita municipal de Jandira (Grande São Paulo), Anabel Sabatine (PSDB), no assassinato o prefeito da cidade, Walderi Braz Paschoalin (PSDB) --morto a tiros em 2010.



A decisão é de terça-feira (2) e foi publicada no Diário Oficial nesta quinta-feira, quando acontece a primeira audiência na Justiça do processo sobre a morte do prefeito. O pedido foi da Procuradoria-Geral de Justiça.

"Requisite-se da autoridade policial competente, doutor delegado de Polícia Seccional, a instauração de novo inquérito policial, desta feita destinado a apurar a eventual participação da atual prefeita municipal de Jandira, Anabel Sabatine, no crime de homicídio, o qual teve como vítima o então alcaide daquela cidade, Walderi Braz Paschoalin, e tentativa de homicídio contra Wellington Martins dos Santos. Os elementos indiciários ensejam a instauração do procedimento apuratório em face da prefeita municipal de Jandira. Tão logo concluída a investigação, retornem os autos conclusos a este Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo", diz o despacho do desembargador.

A Prefeitura de Jandira informou que ainda não foi notificada.

O juiz Seung Chul Kim, da 1ª Vara Judicial de Jandira, ouvirá 15 testemunhas de acusação no fórum de Jandira hoje --cinco delas estão sob proteção policial. No total, 16 pessoas foram arroladas como testemunha, mas uma não foi encontrada.

A audiência teve início às 14h20. Oito pessoas são acusadas de envolvimento na morte de Paschoalin; uma está foragida. Os sete que foram presos estão no fórum.


O CRIME

O assassinato aconteceu no dia 10 de dezembro de 2010 quando o prefeito de Jandira chegava a uma rádio da cidade para participar de um programa semanal. Ele foi baleado por dois atiradores que o atingiram com ao menos 13 tiros de fuzil e submetralhadora. O motorista e segurança do prefeito também foi atingido.

Segundo a denúncia da Promotoria, o prefeito foi morto porque demitiu Sérgio Paraízo (ex-secretário de Governo de Jandira) e por conta de desentendimento com Wanderley Lemes de Aquino (ex-secretário de Habitação), que também pretendia demitir do cargo.

O documento afirma ainda que havia vários esquemas de corrupção na Prefeitura de Jandira, envolvendo desvios de dinheiro público, licitações fraudulentas, superfaturamento e nomeação de funcionários fantasmas.

Na versão do Ministério Público, os ex-secretários tramaram a morte do prefeito a fim de assumir o controle desses esquemas e contrataram os outros quatro denunciados para executar o crime.

Robson da Silva Lobo, um ex-policial militar, ficou encarregado de conseguir as armas. Na véspera do assassinato, foi visto recebendo grande quantia em dinheiro e se encontrou com Alemão na mesma noite.

Segundo a Promotoria, as investigações apontaram que o carro onde estavam o prefeito e o motorista foi interceptado por um Polo ao chegar à emissora de rádio. Adilson Alves de Souza --o Alemão ou Dilsinho-- e Lázaro Teodoro Faustino --o Lazinho-- desceram do carro e dispararam várias vezes, matando o prefeito e ferindo o motorista. Lauro de Souza --o Negão-- lhes dava cobertura.

Seguidos por Lauro os dois fugiram até a estrada das Pitas e entregaram as armas para um homem em um carro prata. Adilson e Lázaro foram presos perto dali, e a polícia encontrou um veículo prata na estrada.

Todos foram denunciados por homicídio triplamente qualificado e por tentativa de homicídio.

O advogado de Paraízo, Ademar Gomes, afirma que não há consistência nas provas. "As provas contra ele são muito fracas. Pode ser que existam indícios muito frágeis, porque tudo pode ser indício para uma denúncia, mas não há consistência nas provas. Na minha convicção, ele é inocente", diz.

Apu Gomes/Folhapress
Imagem mostra marcas de tiros no carro onde estava Paschoalin
Imagem mostra marcas de tiros no carro onde estava Paschoalin

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