terça-feira, 2 de agosto de 2011

Senado dos EUA aprova pacote e evita temido calote

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira o projeto de lei que corta US$ 917 bilhões em gastos e eleva o teto da dívida para US$ 15,2 trilhões --evitando assim um calote da dívida pública americana.

O projeto já foi aprovado na véspera pela Câmara dos Deputados americana. Ele segue agora para a Casa Branca, onde o presidente Barack Obama prometeu assiná-lo imediatamente.

A votação ocorreu nas últimas horas antes do prazo final dado pelo Tesouro americano, meia-noite desta terça-feira. A partir desta data, o governo já não podia garantir o pagamento aos investidores dos juros sobre seus títulos. O governo também poderia deixar de pagar gastos correntes, como os beneficiários da Seguridade Social, além dos benefícios dos veteranos de guerra e empresas que trabalham para o governo.

Associated Press
Imagem retirada de vídeo mostra a votação do pacote anticalote no Senado; 76 votos a favor e 24 contra
Imagem retirada de vídeo mostra a votação do pacote anticalote no Senado; 76 votos a favor e 24 contra

O plano não agradou parte da ala democrata, mas contava com o endosso do líder da maioria, o democrata Harry Reid, e do líder republicano Mitch McConnell. Ele foi aprovado por 74 votos a favor e 26 contra --eram necessários 60 votos para a aprovação.

O projeto é fruto de um acordo entre republicanos e democratas, alcançado após meses de intenso debate e especulação no mercado financeiro.

O projeto eleva o teto da dívida em US$ 900 bilhões, dos atuais US$ 14,3 trilhões para US$ 15,2 trilhões. Era uma exigência dos republicanos, maioria na Câmara dos Deputados, que cada dólar da elevação do teto fosse compensado com cortes de gastos.

Deste dinheiro, US$ 400 bilhões podem ser emprestados imediatamente --o que garantiria os ameaçados benefícios sociais e empresas que prestam serviços para o governo. Outros US$ 500 bilhões serão liberados até fevereiro.

Outro US$ 1,2 trilhão em novos cortes deve ser proposto por um comitê bipartidário até o Dia de Ação de Graças, em novembro deste ano.

Apesar do complexo debate no tema, a elevação do teto da dívida é algo corriqueiro nos Estados Unidos. Neste ano, contudo, a decisão foi contaminada pela campanha das eleições gerais de 2012, nas quais Obama tentará a reeleição.

O plano não agradou a todos os republicanos (que viram os cortes como muito modestos), nem todos os democratas (que viram os cortes como muito amplos).

O problema, contudo, vai muito além das questões partidárias. Sem a elevação do teto da dívida, funcionários da administração Obama previam danos graves à economia mundial.

Os EUA atingiram seu limite de endividamento em maio, mas o governo usou manobras para garantir o pagamento das contas até esta terça-feira.

O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, disse ao canal de TV ABC News que teme que a confiança mundial ficou abalada "por este espetáculo". "Isto, de algumas formas, é um julgamento sobre a capacidade do Congresso de agir", disse.

DEPUTADOS

A Câmara dos Deputados aprovou o plano na noite de segunda-feira com 269 votos a favor e 161 contra. Para que o plano fosse aprovado, era necessário que 216 deputados votassem a favor.

Houve apenas quatro abstenções e até a deputada democrata Gabrielle Giffords -- que levou um tiro na cabeça em Tucson no começo do ano -- compareceu à votação.

Entre os democratas, 95 votaram contra e 95 a favor. Entre os republicanos, 173 votaram a favor e 66 foram contra.

Os republicanos votaram rapidamente, mas a maior parte dos democratas aguardaram até os últimos minutos para votar --o que permite avaliar quantos votos serão necessários para aprovar o pacote.

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