domingo, 21 de agosto de 2011

Tensão na Líbia cresce e ditador diz que não se renderá

O ditador líbio, Muammar Gaddafi, assegurou neste domingo que sairá vitorioso da batalha de Trípoli, capital do país, em uma nova mensagem difundida pela televisão nacional, enquanto aumenta a tensão e a pressão dos rebeldes.
A rede de TV "Al Jazeera" relata que os rebeldes chegaram ao centro de Trípoli, onde ocorrem violentos confrontos com as forças leais a Gaddafi. A informação ainda não foi confirmada.



Gaddafi assegurou que não se renderá nem abandonará Trípoli. Trata-se da segunda mensagem de Gaddafi em menos de 24 horas, enquanto a rebelião assegura que a capital, reduto do regime, cairá nas próximas horas.

A emissora indicou ainda que os bairros dos arredores da capital foram "libertados" e que as forças do regime se retiraram para Bab al Azizia, o "palácio-bunker" de Gaddafi.

Mais cedo, a "Al Jazeera" informou que os aviões da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) teriam bombardeado o quartel-general do ditador, em Trípoli, e o aeroporto de Maitika, também na capital do país.

A emissora anunciou também a prisão do coronel Khituni, considerado um dos principais militares leais ao regime de Gaddafi, além de oito de seus colaboradores.

As forças rebeldes da Líbia teriam ainda matado 31 membros das forças do ditador Muammar Gaddafi e capturado outros 42 durante operação na capital Tripoli neste domingo, segundo a "Al Jazeera".

Os rebeldes iniciaram no sábado à noite uma ação para isolar Gaddafi na capital "até conseguir a sua captura ou saída do país", informou o porta-voz do grupo, Ahmed Jibril. Eles chegaram ontem à capital, reduto do regime.

A operação teria a participação do CNT (Conselho Nacional de Transição) e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

A conquista intensificou a impressão de que a ditadura de Gaddafi está por um fio. Rumores davam conta de que ele e a família já haviam deixado o país, o que o governo líbio nega.

A Líbia vive uma guerra civil desde fevereiro, quando milhares de pessoas, inspiradas pelas revoluções nos vizinhos Egito e Tunísia, iniciaram uma revolta contra os 41 anos do regime de Gaddafi.

Filippo Monteforte/France Presse
Rebeldes líbios avançam rumo a Trípoli por meio da floresta de Gadayem
Rebeldes líbios avançam rumo a Trípoli por meio da floresta de Gadayem

RESPOSTA

Em resposta, o porta-voz do regime líbio, Musa Ibrahim, afirmou que milhares de soldados e voluntários estão dispostos a defender Trípoli, em entrevista à imprensa.

"Temos milhares de militares e milhares de voluntários protegendo a cidade. Não são apenas patriotas; têm aqui famílias e casas que querem defender. Sabem muito bem que, se os rebeldes entrarem, haverá sangue por todos os lados", afirmou.

Na manhã deste domingo, Seif al-Islam Gaddafi, filho de Gaddafi, disse que o regime de Trípoli "não vai abandonar a batalha", convidando os rebeldes para um diálogo, durante um discurso transmitido pela televisão estatal.

"Estamos na nossa terra e nosso país. Resistiremos seis meses, um ano, dois anos... E nós vamos vencer ", disse Seif al-Islam diante de algumas dezenas de jovens que assistiam ao discurso.

"Não vamos nos submeter, não vamos abandonar a batalha. E não se trata de uma decisão de Seif al-Islam ou de Gaddafi, mas da decisão do povo líbio", disse ele, acrescentando que" sua família pagou a conta, como todos os líbios".

Ele chamou os rebeldes para o diálogo: "Se vocês querem a paz, estamos prontos", ele disse, lembrou de ter supervisionado o desenvolvimento de um projeto de Constituição.

O ministro da Defesa italiana, Ignazio La Russa, afirmou à agência Ansa que o ex-número dois do governo líbio, Abdessalem Jalloud, fugiu de seu país e está na Sicília.

Filippo Monteforte/France Presse
Rebelde líbio em confronto com as forças de Gaddafi na floresta Gadayem, a oeste da capital Trípoli
Rebelde líbio em confronto com as forças de Gaddafi na floresta Gadayem, a oeste da capital Trípoli

ALEMANHA

A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu hoje a Gaddafi que deixe o poder "o mais rápido possível" para evitar mais derramamento de sangue.

"Seria bom que renunciasse o mais rápido possível", disse a chefe do governo alemão, em entrevista concedida à emissora de televisão pública "ZDF".

As declarações da chanceler seguem à proclamação do Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio, organismo político dos rebeldes, de que o fim do regime de Gaddafi está "muito perto".

TURISTAS

A chancelaria polonesa informou hoje que é impossível, por enquanto, evacuar pessoas de vários países, como Reino Unido e Polônia, que querem deixar a Líbia. Isso porque o navio maltês fretado para transportá-los não conseguiu atracar no porto de Trípoli por causa dos combates.

"O navio 'MV Triva 1', ainda está na baía, sem conseguir se mover", declarou Paulina Kapuscinska, porta-voz da chancelaria, acrescentando que quatro poloneses já estavam preparados para subir na embarcação.

Londres havia informado, pouco antes, que cidadãos britânicos aguardavam para serem retirados.

RATOS

O porta-voz do governo de Gaddafi, Moussa Ibrahim, fez um pronunciamento ontem à noite na TV estatal confirmando a presença de rebeldes armados contrários ao regime nas ruas da capital. Ibrahim, porém, disse que a situação está "sob controle" e que o ditador continua a governar o país.

"Eu garanto que Gaddafi é o líder de vocês. Trípoli está cercada de milhares de pessoas para defendê-la", afirmou, acrescentando que tratam-se de grupos "pequenos de insurgentes, com poucos integrantes".

Também ontem à noite, a TV estatal líbia divulgou uma gravação de áudio em que Gaddafi felicita os líbios pela eliminação dos "ratos".

No áudio, Gaddafi também faz acusações contra o presidente francês, Nicolas Sarkozy, dizendo que ele "quer o petróleo líbio".

Os violentos distúrbios na capital na noite deste sábado, após dias de derrotas das forças leais a Gaddafi, geraram especulação de que os 41 anos do regime poderiam estar perto do fim.

Editoria de Arte/Folhapress

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