segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Fifa, a grande beneficiada pela crise no Esporte




Fifa, a grande beneficiada pela crise no EsporteFoto: PATRICK B. KRAEMER/AGÊNCIA ESTADO

FEDERAÇÃO INTERNACIONAL, DE BLATTER, E CBF, DE RICARDO TEIXEIRA, USAM A CRISE QUE ASSOLA O MINISTÉRIO PARA RECONQUISTAR ESPAÇO E IMPOR EXIGÊNCIAS; FIM DA MEIA-ENTRADA E AFROUXAMENTO DE LEIS PARA VISTO DE ENTRADA NO PAÍS ESTÃO EM DISCUSSÃO; ORLANDO SILVA AINDA NÃO SE EXPLICOU

Por Agência Estado
17 de Outubro de 2011 às 12:24Agência Estado
247 com Agência Estado – A crise que assola o Ministério do Esporte desde que foram publicadas denúncias de corrupção contra o ministro Orlando Silva pode ter seu grande beneficiado fora da esfera política brasileira. De olho no enfraquecimento político do governo brasileiro, a Federação Internacional de Futebol (Fifa) ganha terreno para impor suas vontades e exigência – que não são poucas – na definição de leis da Copa do Mundo de 2014.
Na semana considerada como a mais crítica para a definição do Mundial no Brasil, o governo não foi sequer convidado a participar dos encontros em Zurique que começam hoje. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ainda levará propostas que driblam a posição do governo e a situação fragilizada de Orlando Silva já abre espaço para que as posturas defendidas pelo governo enfrentem uma dura resistência.
O jornal O Estado de S.Paulo revelou neste domingo que a cúpula da Fifa teme que o novo escândalo envolvendo o Ministério dos Esportes cause problemas para a definição de leis fundamentais para a Copa. A manobra da Fifa e da CBF, portanto, é a de isolar Orlando Silva e reduzir sua influência. Segundo fontes na Fifa, essa estratégia já começou a ser implementada.
Nesta semana, a Fifa anunciará as sedes da Copa, a agenda de jogos e a Copa das Confederações. Apesar de toda a pressão política, o governo federal sequer foi convidado a participar das reuniões.
Em Zurique, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, já vinha evitando ter de negociar com o ministro. Agora, a tendência é de que seu peso nas decisões seja reduzido. Valcke não entendeu até hoje porque o ministro apresentou um projeto da Lei Geral da Copa no início do ano e, meses depois, modificou a proposta.
Na Fifa, Orlando Silva é visto como um obstáculo aos interesses da entidade. Não por acaso, a crise no ministério chegou a ser comemorada em Zurique.
Sem poder
Na prática, medidas que foram sugeridas pelo ministério já começam a ser desafiadas. Ao contrário do que o ministro indicou à presidente Dilma Rousseff, a Fifa não irá aprovar nove sedes para a Copa das Confederações de 2013. Fontes na entidade garantem que serão apenas cinco ou seis e que levar o torneio para Cuiabá ou Manaus encareceria ainda mais o evento. A Copa das Confederações jamais deu lucros para a Fifa e a meta agora é a de reduzir custos.
Na Fifa, o alto escalão acusava Orlando Silva de tentar ampliar o torneio, justamente para garantir benefícios financeiros e políticos a outras prefeituras. Outra posição defendida pelo governo e que passa a ser minada é a da meia-entrada para os ingressos da Copa. Teixeira vai propor que essa exigência do governo seja limitada a apenas alguns jogos e setores do estádio.
Teixeira, que na última reunião entre a presidente Dilma e Valcke não foi chamado a participar, dá agora seu troco no governo. Em Zurique, a polêmica envolvendo o governo brasileiro chamou a atenção dos parceiros comerciais da Fifa. A entidade já recebeu consultas de seus patrocinadores, querendo saber de que forma as suspeitas no Brasil afetam seus planos.

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