segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Orlando Silva passa a bola para Agnelo



Orlando Silva passa a bola para AgneloFoto: DIDA SAMPAIO/AGÊNCIA ESTADO

EM COLETIVA, MINISTRO DO ESPORTE DESQUALIFICA DENUNCIANTES E DIZ QUE RECEBEU E FIRMOU PARCERIA COM SEU ACUSADOR, JOÃO DIAS, POR INSTRUÇÃO DE AGNELO QUEIROZ, ENTÃO MINISTRO DO ESPORTE, E HOJE GOVERNADOR DO DF

Por Agência Estado
17 de Outubro de 2011 às 18:34Agência Estado
247 com Agência Estado - Depois de 40 minutos de atraso, o ministro Orlando Silva abriu a coletiva marcada para hoje reclamando que a Veja tenha revelado denúncias sem provas. "Repudio veementemente as afirmações publicadas", disse o ministro do Esporte, chamando seu acusador de criminoso, "uma pessoa que foi presa e alvo de inquérito". O ministro aproveitou para informar que apresentou pedido de audiência para a Comissão de Ética Pública da Presidência da República e confirmou que vai comparecer às 14h30 desta terça-feira a reunião conjunta das comissões de Turismo e de Fiscalização e Controle da Câmara, para se explicar.
Silva atribuiu as denúncias publicadas pela revista Veja a "dois delinquentes que armaram uma trama farsesca e encontraram guarida em um órgão de imprensa". Segundo ele, a matéria da publicação não deixou claros os esforços do ministério para dificultar os desvios. O ministro defendeu o programa Segundo Tempo, "um programa que beneficia 796 mil crianças", envolvido por matéria da revista Veja em denúncia de corrupção. "Em julho de 2011, tomamos uma decisão no programa Segundo Tempo: abrir uma seleção pública dos parceiros", defendeu-se o ministro, dando a entender que o ministério se importa com a transparência em seus gastos.
"Eu vou até o ultimo recurso judicial para defender a minha honra e, se possível, que sejam presos esses criminosos", disse o ministro, que alegou em seu favor, mais uma vez, a presunção da inocência, e disse ter ficado feliz com a manifestação da presidente Dilma Rousseff no mesmo sentido. "Continuo trabalhando, cumprindo com as minhas obrigações", disse o ministro, destacando que os esclarecimentos que prestava durante a entrevista faziam parte dessas obrigações enquanto homem público. Silva disse ainda que não faz a mínima ideia de quem seja Célio Soares Pereira, que teria lhe entregado dinheiro na garagem do ministério.
"Se há algum tipo de questionamento, a obrigação do homem público é apurar", defendeu-se o ministro. "Os questionamentos devem ser feitos aos autores dessas mentiras", completou. Orlando Silva disse que recebeu João Dias, o PM cuja ONG firmou convênio suspeito com o ministério e é o autor das denúncias contra ele, por sugestão de Agnelo Queiroz, então ministro do Esporte, e hoje governador do Distrito Federal, mas disse que não faria avaliação sobre esse fato. "Não me relaciono com pessoas, mas com instituições", acrescentou, destacando que ele, pelo menos, não tem envolvimento com o assunto.
"Num país como o nosso, presidencialista, a força politica de um ministro emana de fonte única, da Presidência (da República). Estou muito feliz de poder colaborar com a transformação que o Brasil vive e mais feliz ainda de perceber os avanços que a presidenta tem conduzido", disse. "A posição que defendo junto à Fifa é a posição do governo, e será sustentada independente do governo de quem quer que seja", completou.
O ministro não pretende deixar sua reputação sangrar por muito tempo e se apressa em tomar todas as medidas necessárias para responder às denúncias que o envolveram num esquema de desvio de R$ 40 milhões pelo programa Segundo Tempo. Antecipando-se às ações anunciadas pela oposição protocolou hoje um ofício solicitando ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a apuração da denúncia veiculada pela revista Veja neste final de semana de que ele teria recebido dinheiro de propina na garagem do ministério.
"É mais uma iniciativa para que todos os fatos sejam esclarecidos e que fique claro que as supostas denúncias não passam de mentiras e calúnias, feitas por um cidadão que está sendo processado pela Justiça", diz o ministro em nota publicada no site da pasta. Orlando Silva já tinha pedido ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que a Polícia Federal entrasse no caso, além de ter se oferecido para participar de audiência pública no Congresso, o que deve acontecer amanhã à tarde.
A oposição já tinha anunciado que também iria à Procuradoria hoje pedir investigação. Os líderes de DEM, PSDB e PPS também cobram a presença de Orlando no Congresso. Eles, porém, desejam abrir espaço para ouvir o policial militar João Dias Ferreira e o motorista Célio Soares Pereira, que fizeram as acusações em entrevista à revista Veja. João Dias comanda uma associação de Kung Fu e preside a Federação Brasiliense da modalidade. Ele chegou a ser preso no ano passado devido a irregularidades em convênios firmados com o ministério. Pereira trabalha em uma academia do policial.

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