segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Orlando Silva volta a Brasília para se explicar




Orlando Silva volta a Brasília para se explicarFoto: Tasso Oliveira/AE

MINISTRO DO ESPORTE ANTECIPA RETORNO DO MÉXICO APÓS SER CONVOCADO PELO PALÁCIO DO PLANALTO PARA EXPLICAR AS DENÚNCIAS DE CORRUPÇÃO EM SUA PASTA. ELE SE REUNIRÁ COM GLEISI HOFFMAN (CASA CIVIL) E COM GILBERTO CARVALHO (SECRETARIA-GERAL)

Por Agência Estado
17 de Outubro de 2011 às 07:17Agência Estado
247 - O Ministro do Esporte, Orlando Silva, antecipou sua volta do México, onde estava por conta dos jogos Pan-Amaricanos, depois de ser convocado pelo Palácio do Planalto a dar explicações sobre as denúncias de corrupção em sua pasta, segundo reportagem da Folha de S.Paulo publicada hoje. A reunião será feita com a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral). A presidente Dilma Rousseff desembarca nesta manhã em Pretória, na África do Sul, para a 5ª Cúpula do Fórum de Diálogo do Ibas (Índia, Brasil e África do Sul).
Agência Estado - A denúncia de que teria recebido dinheiro de propina na garagem do Ministério do Esporte colocou o titular da pasta, Orlando Silva, em uma situação de fragilidade na Esplanada. Alvo de suspeitas anteriores, Orlando já era visto como um alvo da reforma ministerial que a presidente Dilma Rousseff pretende fazer nos próximos meses. Agora, poderá deixar a função antes deste prazo caso venham à tona novas acusações ou não consiga demonstrar inocência nos esclarecimento que prestará ao Congresso nesta semana.
O policial militar João Dias Ferreira reiterou ontem a denúncia feita à revista Veja e proferiu novos ataques. Em seu blog pessoal, Ferreira chamou o ministro de "bandido" e disse que apresentará às autoridades provas do esquema de corrupção no programa Segundo Tempo. "Bandido é você e sua quadrilha que faz e refaz qualquer processo do ministério de acordo com sua conveniência".
Ele comanda a Associação João Dias de Kung Fu e é presidente da Federação Brasiliense da modalidade. As duas entidades firmaram convênios com o Ministério do Esporte. Segundo Dias, o esquema vem desde a gestão de Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal, quando Orlando respondia pela secretária executiva da pasta.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo o ministro rebateu novamente as acusações e desafiou João Dias a apresentar documentos que o incriminem. "Este farsante não tem e não terá nenhuma prova porque está mentindo". Orlando não quis comentar os ataques publicados na internet pelo policial. "Não vou me rebaixar a uma pessoa deste nível. O diálogo com este marginal só pode ser feito no Judiciário".
Confortável - O ministro afirmou estar confortável para permanecer no cargo, mas ressaltou que a decisão cabe à presidente Dilma. Destacou que, devido à realização de grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, a pasta que ocupa passou a ter mais importância, tornando-se, assim, alvo de disputa na Esplanada. "Sei que tem um jogo político e que o ministério onde atuo aumentou a cobiça".
Ele reiterou sua disposição de ir ao Congresso prestar esclarecimentos. O líder do PC do B na Câmara, Osmar Júnior (PI) vai apresentar hoje um requerimento. A audiência, que deve ser conjunta nas comissões de Fiscalização Financeira e Controle e Turismo e Desporto deve acontecer ainda nesta semana.
Na visão de aliados, a situação do ministro depende muito do seu desempenho perante os parlamentares. "Temos que aguardar a audiência, mas ele fez bem em se oferecer para ir à Câmara, mostra que ele está disposto a esclarecer", disse o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN). "Ele tomou uma posição firme, deu uma resposta positiva, pediu à Polícia Federal para investigar e vai ao Congresso nesta semana. Acho que é uma postura positiva porque ele não se escondeu".
No PC do B, o apoio a Orlando foi manifestado de diversas formas. O presidente da legenda, Renato Rabelo, atribui os ataques de João Dias a uma "tentativa intimidatória contra o partido". Ele afirmou que o PC do B não interfere na rotina do ministério, mas ressaltou a confiança em Orlando. O presidente do diretório do partido no DF, Augusto Madeira, destacou que João Dias não é militante, apesar de ter se candidato a deputado distrital pela legenda em 2006.
Fredo Ebling, acusado na reportagem da Veja de indicar quem receberia o dinheiro desviado do ministério, também se defendeu. Ele negou qualquer envolvimento. "Venho a público manifestar meu veemente repúdio às mentirosas e caluniosas afirmações contra mim lançadas". Disse ter conhecido Dias durante a campanha de 2006, quando disputou um cargo de deputado federal, mas diz que o contato entre eles restringiu-se a este período.
O Estadão já havia revelado em uma série de reportagens em fevereiro que o programa vinha sendo usado para fazer caixa para o PC do B. Sem licitação, o ministro entregou a ONGs ligadas ao partido contratos que somaram R$ 30 milhões em 2010.
Tentativa de acordo. Outro integrante da cúpula do ministério foi envolvido no caso por João Dias. Em seu blog, o policial afirmou que, por ordem de Orlando, o secretário nacional de esporte de alto rendimento do ministério, Ricardo Leyser, teria tentado localizá-lo na sexta-feira. "O que ele queria comigo? Fazer mais um daqueles acordos não cumpridos?", provocou Dias.
Leyser negou qualquer tentativa de contato, pessoal ou por telefone. "Como, se estou em Guadalajara desde quarta-feira? Estou acompanhando os jogos Pan Americanos. Pode verificar se tem alguma ligação dos nossos celulares aqui, não vai ter, se tem ligação no hotel, não vai ter", afirmou o secretário. "Como eu o procurei? Por teletransporte?", ironizou.
O secretário questionou ainda a acusação feita pelo policial de que Orlando teria recebido propina na garagem do ministério. "Não parece uma coisa razoavelmente plausível de acontecer, nem no Ministério dos Esportes, nem outro ministério. A garagem tem gente, tem movimento, tem segurança, tem câmera. Se um ministro ou secretário-executivo desce, todo mundo conhece, não tem a menor possibilidade de acontecer isso", disse Leyser.

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