quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Hora de enquadrar publicidade disfarçada de remédios


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Tenho dito há tempos: Veja tornou-se a maior ameaça aos interesses da velha mídia.
Sua falta de limites em todos os campos têm aberto vulnerabilidades crescentes na barricada que a mídia criou sobre a suposta liberdade de imprensa absoluta.
Tome-se a questão da publicidade dos remédios. Em qualquer país do mundo trata-se de um setor sujeito à supervisão das autoridades sanitárias. No caso do Brasil, da Anvisa. Só que a indústria farmacêutica encontrou um modo de burlar a fiscalização, através do expediente da matérias (com claros indícios de serem) pagas. E isso na revista de maior circulação do país.
Veja tem uma vasta tradição de relações comerciais obscuras com a indústria farmacêutica. São freqüentes as matérias encomendadas para divulgar tipos de medicamentos ou medicamentos específicos. Ao não caracterizar como publicidade, de um lado burla-se a legislação que regula a publicidade dos remédios; de outro, torna muito mais nociva a divulgação, por passar ao leitor a ideia de que as informações têm base científica e análise neutra.
Na revista encontra-se de tudo, de capas frequentes sobre remédios milgarosos, até absurdos como  "recomendar" ao Ministério da Saúde determinadas substâncias para o coquetel antiaids.
Sua última capa - sobre o remédio para diabetes que ajuda no emagrecimento - foi uma ameaça à saúde pública. E, com sua arrogância sem limites, abre uma brecha para a ampliação da fiscalização sobre publicidade farmacêutica: a Anvisa terá que olhar não apenas para a publicidade formal mas para matérias com indícios de terem sido pagas pela indústria. E, tendo sido constatada na última capa de Veja a ameaça à saúde pública, não se pode ficar apenas em uma nota oficial - com muitissimo menos abrangência do que as capas de Veja. Ou se inicia um inquérito formal ou se desmoralizam todos os princípios de regulação da publicidade de remédios.
Lobby da indústria farmacêutica na Veja perdeu
Há poucas semanas a revista Veja fez verdadeiro lobby contra a proibição de remédios pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que foram avaliados como inseguros para a saúde e sem eficácia comprovada. Alguns dos remédios já são proibidos em outros países.


Nesta terça-feira (4/10), a ANVISA decidiu pela proibição dos seguintes remédios para emagracer: femproporex, mazindol e anfepramona.

Um 4º remédio, também para emagrecer, continua permitido com novas restrições e monitoramento rigoroso: a sibutramina.

No processo de 643 páginas, elaborado ao longo dos últimos oito meses, os técnicos da ANVISA reuniram todos os dados disponíveis de estudos sobre estes medicamentos.

Para o presidente da Agência, o debate que levou a decisão final foi bastante produtivo e ajudou a dar clareza sobre os dados científicos disponíveis sobre estes medicamentos e as lacunas que as pesquisas não foram capazes de responder.

Entrevista coletiva com o presidente da ANVISA:

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