Foto: Elza Fiúza/AGÊNCIA BRASIL
PARTIDO EMITE NOTA OFICIAL ASSINADA PELOS PRESIDENTES ESTADUAL, PEDRO TOBIAS, E MUNICIPAL, JULIO SEMEGHINI, EM RESPOSTA A EX-GOVERNADOR; PRÉVIAS SÃO REAFIRMADAS COM ÊNFASE, O QUE TORNA MAIS DIFÍCIL UMA ALIANÇA ELEITORAL COM O PSD
Marco Damiani_247 – Para usar uma expressão do mercado financeiro, o ex-governador José Serra está desalinhado com os interesses das direções nacional, estadual e municipal de seu partido, o PSDB. Na linguagem política, é briga mesmo, dele contra todos. A seus interlocutores, Serra tem dito o que ainda não considera adequado falar em público. Para ele, todos os pré-candidatos tucanos em São Paulo – José Aníbal, Andrea Matarazzo, Ricardo Trípoli e Bruno Covas - são eleitoralmente muito fracos. A saída para o partido escapar da derrota nas eleições municipais de 2012 que, por essa análise, lhe parece certa, seria uma coalizão com o partido do prefeito Gilberto Kassab, o PSD. Nessa hipótese, o candidato a cabeça de chapa poderia até ser o próprio Serra. Ou, por exclusão, um nome indicado pela legenda amiga, entre o vice-governador Guilherme Afif Domingos e o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.
A reação dentro do partido dos tucanos aos cochichos de Serra foi imediata – e feita em alto e bom som, às claras, ainda que sem ter sido dado nome ao boi. Em nota oficial divulgada ontem, repleta de expressões enfáticas pouco comuns ao PSDB, os presidentes da legenda no município, Julio Semeghini, e no Estado, Pedro Tobias, praticamente fecham questão em torno da realização de prévias. A escolha do candidato pela via da consulta às bases tornaria mais difícil, a qualquer tempo, os tucanos formarem uma aliança eleitoral com o PSD, ainda que não impossível – de resto, como tudo na política.
O fato importante na nota dos presidentes tucanos é mesmo a explicitação da diferença com Serra. Para respaldá-los, o presidente nacional do partido, Sérgio Guerra, igualmente declarou-se a favor da consulta, dando-a como fato consumado.
Ao escolher o caminho da crítica de bastidores sobre a qualidade eleitoral dos pré-candidatos tucanos, Serra pode ter dito a verdade – e, por isso mesmo, magoou todos os interessados e seus correligionários dentro do partido. Ao mesmo tempo, no entanto, foi como se tivesse dado o recado: ‘eu estou aqui e posso ser o agente da vitória, com o apoio do PSD.
Há, certamente, maneiras menos enviesadas de se fazer política. Como mostra a trajetória de José Serra, que pouco fala sobre o que realmente pensa e usa sinais trocados para se comunicar, negando o que quer e calando-se sobre o que diverge, esse novo movimento de trombada com o partido pode até dar certo para ele. Ao custo de novos desgastes internos, coisa que ele está acostumado.
A seguir, a nota oficial dos presidentes do PSDB:
O PSDB reafirma, de maneira inconteste, que, como aconteceu em todas as eleições municipais em São Paulo desde a fundação do partido, terá candidato próprio à Prefeitura de São Paulo.
O PSDB é hoje a maior força política em São Paulo. Governa o Estado há 16 anos, tendo vencido as duas últimas eleições em primeiro turno. É do PSDB-SP ainda o senador mais votado da história do país e o maior número de votos para presidente da República no Estado.
É este partido, que governa ainda quase um terço das prefeituras de São Paulo, que resolveu, por maioria dos votos de sua Executiva, escolher seu representante na disputa para prefeito da capital em 2012 por meio de prévias. Temos absoluta convicção que a prévia eleitoral é o melhor caminho a seguir, pois atende ao requisito básico que motiva nosso partido: a democracia.
O processo de prévia é tão majoritário dentro do PSDB paulista que aqueles poucos que advogam contrariamente à democracia interna e ao fortalecimento de nossa militância se manifestam no anonimato. Estão, sem dúvida alguma, distante do pulsar das ruas e desconhecem a força de nossos filiados.
Nossos pré-candidatos realizaram, e continuarão realizando, dezenas de reuniões com a militância nos 58 diretórios zonais da capital. Eles estão ouvindo nossas bases, escutando os diferentes anseios da população e construindo a proposta do partido para uma São Paulo melhor a partir de 2013.
As vivandeiras e aqueles que não pertencem ao PSDB e tentam nos dividir padecem de fraqueza. Estão desprovidos do espírito de luta que é inerente ao PSDB ou movidos por interesses inconfessáveis. A esses, só nos resta lamentar, pois perderão a oportunidade histórica de fazer parte deste momento do partido.
Concluído o processo de prévias e indicado o candidato, continuaremos todos unidos, mobilizados e motivados a sair às ruas e defender nossa proposta para administrar São Paulo, vencendo as eleições.
Ao contrário do PT, que aderiu à caciqueria tão combatida há anos como modelo nefasto incorporado pelos partidos fisiológicos, o PSDB reafirma sua total confiança na decisão de sua militância e compromisso com a coerência de sua história. Estamos convictos da nossa capacidade de enfrentar desafios como este da sucessão à Prefeitura de São Paulo e de vencê-los.
Julio Semeghini, pres. municipal do PSDB, e Pedro Tobias, presidente estadual do PSDB
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