terça-feira, 13 de dezembro de 2011

'Lixo', diz Serra. Aécio emenda: 'literatura menor'



'Lixo', diz Serra. Aécio emenda: 'literatura menor'Foto: ED FERREIRA/AGÊNCIA ESTADO

QUESTIONADO SOBRE O LIVRO PUBLICADO PELO JORNALISTA AMAURY RIBEIRO JÚNIOR, EX-GOVERNADOR FOI TAXATIVO: "VOU COMENTAR O QUE SOBRE LIXO? LIXO É LIXO"; SENADOR CONCORDA, MAS, SEGUNDO AUTOR, OBRA NASCEU DE ENCOMENDA FEITA POR AÉCIO CONTRA SERRA

Por Agência Estado
13 de Dezembro de 2011 às 20:39Agência Estado
O ex-governador José Serra (PSDB-SP) chamou de "lixo" o livro "Privataria Tucana" do jornalista Amaury Ribeiro Júnior. Na publicação, o repórter fala de um suposto esquema de corrupção no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que envolveria Serra, que ocupou a Pasta do Planejamento. "Vou comentar o que sobre lixo? Lixo é lixo", afirmou Serra ao ser questionado sobre a publicação.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) também classificou a publicação como "literatura menor". Os dois participaram hoje da inauguração de uma sala da liderança tucana na Câmara batizada de Artur da Távola.
Amaury Ribeiro Júnior foi acusado no ano passado durante a campanha eleitoral de ter encomendado a quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB. Tiveram o sigilo violado o vice-presidente do partido, Eduardo Jorge Caldas Pereira, a filha de Serra, Verônica, entre outros. O jornalista negociou participação na pré-campanha da presidente Dilma Rousseff. Amaury afirmou, à época, que estava buscando informações para seu livro e negou a prática de ilegalidade.
Relembre matérias publicadas pelo 247 antes do lançamento do livro:
Guerra Aécio/Serra abriu a caixa preta da "privataria"
Livro “A Privataria Tucana” nasceu do pedido de Aécio Neves para que o jornal Estado de Minas investigasse o rival José Serra; escrito pelo jornalista investigativo Amaury Ribeiro Júnior, o livro revela como o ex-governador paulista, seus operadores, seu genro e até sua própria filha enriqueceram com a venda de estatais09 de Dezembro de 2011 às 16:53
247 – O livro mais anunciado, comentado e aguardado por aqueles que se intitulam “blogueiros sujos” está nas livrarias. Escrito pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior, a obra “A Privataria Tucana” vem sendo anunciada desde a campanha presidencial de 2010, quando Amaury se tornou personagem da história, ao ser acusado de quebrar o sigilo fiscal de Verônica Serra, filha do então candidato José Serra. O episódio fez com que Fernando Pimentel, hoje em seu inferno astral, perdesse espaço na campanha para os paulistas liderados por Rui Falcão e Antonio Palocci. Amaury submergiu e se dedicou a concluir seu livro, lançado nesta sexta-feira pela Geração Editorial, do jornalista Luiz Fernando Emediato. É um trabalho que traz revelações importantes sobre a era das privatizações, expõe de forma clara o tráfico de influência comandado por Serra e seus operadores, especialmente o tesoureiro Ricardo Sérgio de Oliveira, e revela ainda como
uma guerra interna no ninho tucano deu origem a toda essa história. Ex-repórter do Estado de Minas, que lutava para emplacar Aécio Neves como presidenciável, Amaury recebeu a encomenda de investigar a vida de José Serra. O resultado são as 343 páginas de “A Privataria Tucana”.
Em 2009, Aécio e Serra disputavam a indicação tucana para concorrer à presidência. O mineiro defendia prévias e o paulista se colocava como “o primeiro da fila”. Amaury, que vivia em Belo Horizonte, foi chamado por seus patrões para a missão quando o Estado de S. Paulo publicou um texto intitulado “Pó pará, governador?”, um tanto estranho para os padrões austeros da família Mesquita, pois, já no título, insinuava que Aécio seria um cocainômano – e que, portanto, não poderia sonhar com a presidência. A partir daí, veio a resposta mineira. Segundo Álvaro Teixeira da Costa, dono do Estado de Minas, São Paulo não deveria mexer com Minas, pois os mineiros também saberiam lutar.
Amaury recebeu a encomenda e disse aos patrões que a fragilidade de Serra residia nas privatizações. E assim começou a investigá-lo, bem como a seus principais operadores: Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do Banco do Brasil, e Grégorio Marin Preciado, casado com sua prima. No meio do caminho, Amaury descobriu as contas usadas por Ricardo Sérgio, Gregório e até pela filha de Serra, Verônica, e por seu genro, Alexandre Bourgeois.
Eis algumas das revelações do livro:
• Carlos Jereissati, dono da Oi, usou sua empresa Inifinity Trading, sediada em paraísos fiscais, para pagar propina a Ricardo Sérgio de Oliveira, na empresa Franton Enterprises.
• A propina pela compra da Oi, segundo o autor do livro, seria próxima a R$ 90 milhões. Jereissati e seus parceiros chegaram ao leilão sem recursos e foram socorridos por fundos de pensão, comandados por Ricardo Sérgio de Oliveira e seu braço direito João Bosco Madeiro.
• Ricardo Sérgio de Oliveira, que era chamado de “Mr. Big” e se tornou amigo de Serra por intermédio de Clóvis Carvalho, comprou prédios inteiros em Belo Horizonte, que depois foram também vendidos a fundos de pensão estatais. O livro traz documentos e procurações usadas por Ricardo Sérgio e seus laranjas.
• Na privatização da Vale, vencida por Benjamin Steinbruch com recursos dos fundos de pensão, num consórcio organizado por Miguel Ethel e José Brafman, a propina teria sido de R$ 15 milhões.
• Gregório Marin Preciado, “primo” de Serra, organizou o consórcio Guaraniana, que, também com dinheiro dos fundos de pensão, comprou várias distribuidoras de energia no Nordeste, hoje pertencentes ao grupo espanhol Iberdrola.
• Preciado e Ricardo Sérgio jogavam juntos. Boa parte dos depósitos recebeidos pela Franton Enterprises, de Ricardo Sérgio, eram feitos pelo “primo” de Serra. As movimentações da dupla, documentadas no livro de Amaury, somam mais de US$ 20 milhões. Preciado e Serra também aparecem como sócios num terreno em São Paulo. Também na era Serra, o Banco do Brasil teria reduzido uma dívida de R$ 448 milhões de Preciado para míseros R$ 4,1 milhões.
• O livro também aborda a sociedade entre a empresa Decidir.com, de Verônica Serra, filha do ex-governador tucano, com o grupo Opportunity, de Daniel Dantas. A Decidir.com, voltada para leilões na internet, recebeu cerca de R$ 10 milhões em investimentos, mas nunca apresentou resultados. Em abril de 2002, a empresa foi dissolvida.
• Tanto Verônica Serra como Ricardo Sérgio de Oliveira utilizaram a mesma empresa, a Citco, para abrir suas contas no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas.
Além disso, o livro também revela como Serra teria usado o governo de São Paulo para contratar a empresa Fence e espionar adversários políticos – era essa, aliás, uma das encomendas iniciais do Estado de Minas: descobrir por quem Aécio vinha sendo seguido em suas constantes noitadas cariocas. Por último, depois de se dedicar à guerra interna dos tucanos, Amaury escreveu sobre a guerra interna do PT, na campanha de Dilma, entre os grupos de Fernando Pimentel e Antônio Palocci.
O que talvez comprove que PT e PSDB têm muito mais semelhanças do que diferenças. Uma boa sugestão para o répórter seria um lviro sobre a "privataria" petista, com recursos do BNDES, dos fundos de pensão e até do FGTS.
Veronica Serra é ré por quebra de sigilo financeiro
Filha do eterno presidenciável tucano responde a processo, em segredo de Justiça; o genro, Alexandre Bourgeios, também foi executado por dívidas fiscais não pagas; origem da fortuna do casal, que gere fundos em Trancoso, é mal explicada09 de Dezembro de 2011 às 12:42
247 – 2003.61.81.000370-5. Este é o número do processo judicial, que corre em segredo de Justiça, contra Veronica Allende Serra. Filha do ex-governador paulista e eterno presidenciável tucano José Serra, ela foi indiciada pelo crime de quebra de sigilo financeiro. Isso porque sua empresa de internet, a Decidir.com, já extinta, teve acesso a todos os dados de milhões de brasileiros, depois de um convênio firmado com o Banco do Brasil, no apagar das luzes do governo FHC.
Verônica é o ponto frágil das pretensões políticas de José Serra. Ex-funcionária da Editora Abril, na revista Exame, como assistente da área comercial, sua vida começou a mudar quando ela ganhou uma bolsa na Universidade de Harvard, paga pelos donos da Ambev. Lá, ela conheceu o futuro marido, Alexandre Bourgeois. Na era da internet, Verônica também abriu a empresa Decidir.com, de leilões eletrônicos, que recebeu R$ 10 milhões em investimentos do grupo Opportunity. Seus negócios, no entanto, jamais prosperaram. Ela e o marido, no entanto, se tornaram prósperos administradores de um fundo de investimentos sediado em Trancoso, na Bahia – isso mesmo, por incrível que pareça, talvez seja o único fundo de investimentos com sede num local feito para não se trabalhar.
Estas são algumas das revelações do livro “A privataria tucana”, que chega nesta sexta-feira às livrarias. Lançado pela Geração Editorial e escrito pelo repórter investigativo Amaury Ribeiro Júnior, o livro traz documentos que comprovam o inquérito em que Verônica Serra consta como indiciada. É também uma espécie de vendeta pessoal de Amaury, que, na campanha presidencial de 2010, foi acusado de tentar comprar dados sigilosos dos familiares de Serra – o jornalista sempre se defendeu argumentando que buscava informações públicas, arquivadas na Junta Comercial, e muitos desses dados são publicados no seu livro.
Execução fiscal
2004.61.82.061807-5. Eis agora o número do processo de execução fiscal movido pelo INSS contra a empresa Iconexa e seu sócio majoritário Alexandre Bourgeois. Genro do presidenciável tucano e gestor de fundos em Trancoso, ele deixou uma dívida de R$ 309,3 mil, mas a execução não prosperou porque Bourgeois não possui bens em seu nome. Nem mesmo no Detran, o que indica que o genro de Serra não tem nem automóveis.
O livro de Amaury Ribeiro Júnior aponta ainda como a privatização foi comandada por dois nomes muito próximos a Serra: Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do Banco do Brasil, e Gregório Marin Preciado, “primo” do tucano (Leia mais a respeito aqui). Ao todo, os movimentações financeiras em paraísos fiscais, documentadas, somam mais de U$S 20 milhões e atingem heróis da “privataria” tucana, mas também petista, como Carlos Jereissati, dono da Oi.

Um comentário:

Mario Coutinho disse...

O José Serra se enganou. O livro do Amaury não é um lixo é "sobre o lixo".