quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A internet grita contra a censura “antipirataria”



A internet grita contra a censura “antipirataria”Foto: Divulgação

WIKIPEDIA, WORDPRESS, WIRED E VÁRIOS OUTROS PLAYERS DA WEB 2.0 FAZEM MANIFESTAÇÕES CONTESTANDO A LEGISLAÇÃO RIGOROSA CONTRA “PIRATARIA” ONLINE, EM DISCUSSÃO NO CONGRESSO DOS EUA; SOPA E PIPA VÃO DIAMETRALMENTE CONTRA A INTERNET LIVRE E ABERTA; O 247 É CONTRA ESSAS NORMAS; CREATIVE COMMONS É FORMA DE LICENCIAMENTO IDEAL PARA BENS CULTURAIS NAS REDES

18 de Janeiro de 2012 às 21:15
Diego Iraheta _247 - A internet deu um brado de liberdade nesta quarta-feira, 18, contra a violenta regulamentação que se discute no Congresso dos Estados Unidos. Milhões de internautas e diversas empresas de peso da Web 2.0 se uniram, em uníssono, contra a SOPA e a PIPA, respectivamente Stop Online Piracy Act (Pare com a Pirataria Online) e Protect IP Act (Proteja Propriedade Intelectual). Se aprovadas, as regras que podem minar a blogosfera e a cauda longa da internet – os inúmeros sites independentes – terão impacto mundial.
Na prática, as leis SOPA e PIPA baixam véu sobre uma série de sites, cujo conteúdo não poderá ser reproduzido. A estrutura hiperlinkada da net desaba – com a proibição de se publicarem links para os sítios de onde as mensagens foram extraídas. Softwares e aplicativos, hoje abertos a experimentações e mash-ups, não poderão mais ser apropriados por geeks ou experimenters. Ou seja, o 2.0/3.0 corre o risco de um sério retrocesso, contrário à tendência da internet livre, aberta e democrática.
Por isso, sites cuja base é a inteligência coletiva – tais como o Wikipedia – ajudaram a promover o STOP SOPA. As normas retrógradas vão fazer “os donos de site policiar todo material gerado por usuários, além de exigir um bloqueio desnecessário de sites inteiros”, afirma manifesto do Wikipedia, que não funcionou por 24 horas nesta quarta. “Sites estrangeiros entrarão numa lista negra, o que significa que não vão aparecer nos principais mecanismos de buscas”, informa.
Os legisladores nos EUA alegam que a SOPA e a PIPA visam ao combate à pirataria. No entanto, é claro o lobby das empresas 1.0 que perderam significativas fatias do mercado devido à circulação livre e gratuita de bens culturais. Gravadoras de CDs e produtoras do mainstream, como Hollywood, seriam alguns dos principais players nos bastidores políticos.
“Existe uma briga entre a cultura conservadora, que tenta fechar a internet, e a cultura liberal, que tenta abrir”, analisa ao 247 a professora de Ciência da Informação Maria José Vicentini, expert em Informação e Tecnologia da Unesp. Na avaliação da pesquisadora, já existem instrumentos legais que, por um lado, contêm a pirataria online e, por outro, encaixam-se perfeitamente no horizonte 2.0 da internet.
O principal mecanismo é o Creative Commons (CC), forma de licenciamento de bens culturais, fundada pelo pesquisador norte-americano Lawrence Lessig. A obra ou conteúdo são disponibilizados na web, e o autor controla o tipo de uso do material: se todos os direitos são reservados, se pode haver reprodução com o devido crédito, se pode haver alteração e mash-up etc. “O selo CC não é sinônimo de liberação total”, pondera a professora.
Além do Wikipedia, a maior publicação especializada em tech – a Wired – “censurou” o próprio site para exemplificar o efeito das ações “antipirataria”. Outros grandes portais que seguiram a ofensiva contra o duo STOP/PIPA foram o WordPress, que hospeda milhares de blogs populares, e o Reddit, gerador de inesquecíveis memes.
247 defende uma internet livre e aberta – com informação gratuita. Somos contrários à cobrança de um dos bens que todos podemos gerar – jornalistas, leitores, jornalistas cidadãos. Por isso, nossos apps para tablets e smartphones são gratuitos. Também aprovamos formas colaborativas de produzir conteúdo e um selo como o Creative Commons, que estimula o compartilhamento de bens culturais – e não o cerceamento deles.

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