Em conversa com um dos operadores da campanha do PT em São Paulo, Lula tratou de Marta Suplicy. Lamentou o distanciamento da senadora em relação à candidatura do seu pupilo Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo. Mas disse acreditar que o alheamento de Marta tem efeito eleitoral negligenciável.
Para Lula, a presença dele nos palanques e na propaganda televisiva de Haddad vai “compensar” a eventual ausência da “amiga” ilustre. Acha, de resto, que a maioria dos eleitores de Marta tem forte identificação com o PT. Crê que a aversão da senadora não vai alterar a “fidelidade” desse eleitorado.
Parte do PT de São Paulo compartilha das impressões de Lula. Outra parte concorda apenas parcialmente. Ninguém enxerga o afastamento de Marta como um desastre. Mas um pedaço da legenda avalia que Haddad, por ora um nanico nas pesquisas, não pode se dar ao luxo de dispensar o apoio de uma correligionária que já foi prefeita de São Paulo.
Um dos petistas que concordam com Lula recorda que Marta elegeu-se prefeita, em 2000, sob condições “extraordinárias”. Foi ao segundo turno contra Paulo Maluf. Atraiu para sua canoa todas as forças antimalufistas. Teve o apoio inclusive do PSDB. Governador à época, Mario Covas forçou o tucanato a apoiá-la.
Na eleição seguinte, prossegue o petista que ecoa Lula, Marta candidatou-se à reeleição. Perdeu para o tucano José Serra. Quatro anos depois, perdeu de novo, dessa vez para Gilberto Kassab, ainda filiado ao DEM.
Foi para tentar esquivar-se de uma nova derrota, argumenta o companheiro, que Lula optou pela “novidade” Haddad em detrimento de Marta. Foi para potencializar as chances de seu escolhido que Lula correspondeu aos flertes de Kassab, noutro gesto incompreendido por Marta.
Seja como for, a preterição de Lula deixou mágoas indeléveis em Marta. Tomado pelas palavras, o causador do desgosto parece descrer da hipótese de superação. Por isso, prepara-se para remediar, ele próprio, o estrago.
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