sexta-feira, 2 de março de 2012

Irritada com o PDT, Dilma hesita em devolver ao partido o ‘comando’ do Ministério do Trabalho


O comportamento da bancada de deputados do PDT na votação do projeto que cria o Funpresp, fundo de previdência complementar dos servidores públicos federais, deixou Dilma Rousseff pelas tampas com o pseudo-aliado. A presidente cogita entregar o Ministério do Trabalho a outro partido.
O projeto foi a voto na noite de terça (28). Havia em plenário 24 deputados do PDT. Apenas dois votaram a favor. Os outros 22 disseram “não” à proposta, classificada por Dilma como prioritária.
A irritação da presidente, que já era grande, foi potencializada por um mandado de segurança ajuizado pelo deputado João Dado (PDT-SP) no STF. Na peça, o parlamentar pede que seja anulada a votação que resultou na aprovação do fundo.
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Feudo do PDT desde a gestão Lula, a pasta do Trabalho encontra-se sob o comando do interino Paulo Roberto Pinto desde dezembro do ano passado, quando Carlos Lupi foi apeado do cargo sob denúncias de corrupção.
Presidente do PDT federal, o próprio Lupi negocia com o governo a restituição do controle da pasta à legenda. Defende a nomeação do deputado Vieira da Cunha (PDT-RS), velho conhecido de Dilma, uma ex-filiada da legenda.
O problema é que, além de Vieira da Cunha não dispor de 100% do apoio da bancada –uma parte prefere Brizola Neto (PDT-RJ)— Dilma pôs-se a refletir sobre a contradição de premiar a infidelidade do PDT com um ministério.
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Protocolada nesta quarta (29), a ação do pedetê João Dado foi à mesa da ministra Rosa Weber, recém-chegada ao Supremo. O deputado alega na petição que o projeto do fundo foi votado a toque de caixa, suprimindo instâncias legislativas.
Sustenta que a proposta foi votada no plenário sem passar pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara. Uma omissão que, segundo ele, levou os deputados a aprovarem o fundo sem a necessária avaliação do impacto orçamentário.
Pede ao Supremo que expeça uma liminar obrigando o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), a anular a votação. A despeito do nariz torcido do PDT, o Funpresp foi aprovado por ampla maioria: 318 votos a favor, 134 contra e duas abstenções.
À espera da nomeação do novo ministro do Trabalho, os principais líderes do PDT –Lupi inclusive— sempre declararam que a permanência da legenda no consórcio governista independe de cargos. Tomada pelo que diz em privado, Dilma está na bica de pagar pra ver.

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