sexta-feira, 2 de março de 2012

A minhoca, Deus e os seus interesses da nação



Como a democracia brasileira é muito nova, as pessoas às vezes se perguntam: é isso mesmo? A resposta não chega. Mas a pergunta sofre mutações: então é assim que funciona, começa num voto e termina num Ministério da Pesca?
Penúltimo resultado do modelo, o senador Marcelo Crivella foi empossado ministro. Ao discursar, rogou à nova chefe que não fique “triste em ter um ministro da Pesca que não é um especialista, que não sabe colocar a minhoca no anzol.”
Contemporizou: “Colocar minhoca no anzol a gente aprende rápido. Aprender a pensar nos outros é que é difícil.” Bispo licenciado da igreja Universal, enfiou o Padre Eterno na desconversa:
“Queria, presidenta, dizer pra senhora que eu aprendi uma coisa na vida: muitas vezes, Deus não chama os mais qualificados, não escolhe os mais qualificados. Mas sempre Deus qualifica os escolhidos.”
Ao se despedir do antecessor de Crivella, o petista Luiz Sérgio, Dilma chorou. Parecia lamentar a troca. Mas realçou que seu governo não é diferente dos anteriores. Impossível prescindir das composições políticas.
“Nisso, meu governo não é diferente. Esse é um país externamente complexo, múltiplo e democrático. Assim sendo, a constituição de alianças políticas é essencial para que o Brasil seja administrado, governado de forma democrática e, ao mesmo tempo, que o governo represente os interesses da nação.”
Sim, caro navegante. Você, que é parte desse “país complexo”, talvez não saiba. Mas a existência de um Ministério da Pesca, submetido a ministros que não sabem distinguir o lambari da baleia, atende aos seus nobres “interesses”.

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