sexta-feira, 20 de abril de 2012


Escândalo do bicheiro chega ao Planalto

Escândalo do bicheiro chega ao PlanaltoFoto: FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/Agência Brasil

NOME DO MINISTRO ALEXANDRE PADILHA APARECE EM GRAMPO TELEFÔNICO DA POLÍCIA FEDERAL, NA OPERAÇÃO MONTE CARLO, COMO TENDO AUTORIZADO O GRUPO DE CARLOS CACHOEIRA A DAR SEQUÊNCIA A UM NEGÓCIO NA ÁREA DA SAÚDE, APÓS REUNIÃO EM BRASÍLIA

20 de Abril de 2012 às 07:16
247 – Como previa a presidente Dilma, a CPI do Cachoeira pode fazer muito estrago na sua gestão. Na mais recente revelação da investigação da Polícia Federal na Operação Monte Carlo, o nome de seu ministro Saúde, Alexandre Padilha, Saúde, aparece em conversa telefônica como tendo autorizado o grupo do empresário Carlos Cachoeira a dar sequência a um negócio na área da saúde, após reunião em Brasília. Via assessoria, o ministro diz que não conhece e nunca teve nenhum encontro com Wladimir Garcez ou Carlinhos Cachoeira.
Leia na matéria da Folha:
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, teve o nome citado em uma conversa telefônica como tendo autorizado o grupo do empresário Carlos Cachoeira a dar sequência a um negócio na área da saúde, após reunião em Brasília.
Na gravação feita pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, Wladimir Garcez, ex-vereador do PSDB de Goiânia e auxiliar de Cachoeira, conversa com o chefe.
"Teve a conversa com o Padilha, todos os outros lá, o chefe de gabinete, e [ele] achou interessante: faz o projeto, mostra o que que é, ele fala o que que é possível lá dentro e dá para nós um veredito lá. Mas que autorizou a gente a tocar pra frente o negócio, que eles têm condição de ajudar", diz Garcez a Cachoeira, em março de 2011.
A conversa não deixa claro qual é o interesse de Cachoeira -que, segundo a PF, é dono oculto de um laboratório e controla um instituto que reúne grandes empresas da área farmacêutica.
Três meses depois, o empresário telefonou para outro auxiliar, Gleyb Cruz, e o orientou a acionar o primo do assessor do Palácio do Planalto Olavo Noleto, o designer Fernando Noleto Rosa, a respeito de assunto na área da saúde.
"Encontra com ele pessoalmente", orienta Cachoeira.
Documentos da Junta Comercial mostram que Fernando é sócio de Alan Silva, chefe de gabinete de Padilha quando ele era ministro de Relações Institucionais.
Fernando confirmou ter se encontrado com Gleyb, Garcez e Cachoeira, que, diz ele, queriam abrir um canal de diálogo com Olavo. Segundo ele, o pedido não foi atendido.
"[Cachoeira] queria que apresentasse as pessoas lá de dentro, pensando que eu tinha contato. Eu disse: 'Não tenho contato'. Todo mundo quer ser apresentado ao Olavo." Sobre o "negócio" na Saúde, Fernando disse não saber do que se tratava. Ele afirmou que é amigo de infância de Alan.
Na mesma conversa, Garcez mencionou a Cachoeira o nome de "Olavo" como supostamente relacionado a outro projeto de interesse do grupo. "Tem um negócio aqui, aquele reconhecimento facial que nós olhamos lá em Brasília, tem um cara que colocou que está junto com o Olavo. [...] Vamos ver se nós fecha exclusividade para o Centro-Oeste."
Olavo Noleto é assessor do Planalto desde 2003, tendo trabalhado com Padilha em 2009 e 2010.
Ministro nega ter recebido aliados de Cachoeira
O ministro Alexandre Padilha disse, via assessoria, que não conhece e nunca teve nenhum encontro com Wladimir Garcez ou Carlinhos Cachoeira.
Além disso, diz a assessoria, eventuais projetos apresentados em audiência só são aprovados após crivo técnico.
A assessoria disse ainda que no mês da interceptação telefônica não houve nenhum evento que pudesse guardar relação com o diálogo.
"É importante ressaltar que todos os projetos apresentados em audiência com o ministro são encaminhados para análise da área técnica responsável por aquele tema. Qualquer posicionamento do ministro a respeito da viabilidade de um projeto e do interesse do projeto para as políticas de saúde do ministério só é tomado após parecer das áreas técnicas", diz ainda a nota da assessoria.
O advogado de Carlinhos Cachoeira, Marcio Thomaz Bastos, afirmou ontem à Folha que não se manifestará sobre questões pontuais.
"Está tudo muito descontextualizado e o processo está correndo sob segredo de Justiça." O advogado de Garcez não foi localizado ontem para comentar o assunto.

Nenhum comentário: