quarta-feira, 9 de maio de 2012

Só falta de confiança em Gilmar Mendes explicaria atitude de Gurgel



Deu no Brasil 247, na nota "Caiu a casa de Gurgel":

Em depoimento à CPI do Cachoeira, o delegado da Polícia Federal Raul Alexandre disse que a decisão de não levar adiante as evidências reunidas na Operação Vegas, em 2009, foi da subprocuradora da República Cláudia Sampaio Marques. Ela é esposa do procurador-geral da República, Roberto Gurgel... De acordo com o delegado, ela enviou ofício à PF, naquele ano, dizendo não ter identificado indícios na Operação Vegas que justificassem a abertura de investigação. O problema é que boa parte das evidências sobre as relações entre o senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira, que embasam a CPI, saiu dessa operação...

Comento, olhando por outro ângulo possível.

- Gurgel designou alguém de sua absoluta confiança, a própria mulher, que é subprocuradora, para analisar o inquérito, e ela respondeu ao delegado, após um mês, não ter encontrado elementos jurídicos que fundamentassem um pedido de investigação ao Supremo;

- Por outro lado, Gurgel não arquivou o inquérito, como acontece quando não há crimes.

- Em nota recente, ele disse que a decisão foi "estratégia de investigação".

Ligando os pontinhos, há duas conclusões possíveis:

1) Ou o Procurador-geral de fato prevaricou ou, no mínimo, falhou, como a maioria dos parlamentares da CPI suspeitam;

2) Ou ele decidiu não pedir autorização ao STF, pois lá estava na presidência o ministro Gilmar Mendes, cuja proximidade com Demóstenes Torres havia sido explicitada no episódio do grampo sem áudio, pouco tempo antes.

Neste caso, pedir ao STF autorização para investigar Demóstenes levaria a investigação ao conhecimento de Gilmar Mendes.

Um mês antes do relatório da Operação Vegas chegar às mãos de Gurgel, Gilmar Mendes havia batido boca com ele via imprensa, acusando o ministério público de atuação partidarizada (confira aqui).

Gurgel não admitirá que deixou de pedir investigação ao Supremo naquele momento por desconfiar de um ministro do STF. Mas a suspeita de que a motivação possa ter sido esta é bastante razoável. 

O que precisa ficar claro é se houve de fato uma "estratégia de investigação" justificável que melhor atendesse aos interesses republicanos da sociedade brasileira.

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