domingo, 16 de fevereiro de 2014

A intolerância acaciana de Dora Kramer


 Autor: Miguel do Rosário
dorinha
(Dorinha e seu fã)
Guardo lembranças nostálgicas do velho Jornal do Brasil, que fazia um contraponto levemente à esquerda ao Globo. Depois o JB foi minguando, mas eu conhecia pessoas que ainda assinavam o JB só para ler a coluna da Dora Kramer.
Por isso, eu poderia até dizer que leio com amargura a coluna de hoje de nossa querida Dorinha. Mas não seria verdade. Eu leio com bom humor, sorrindo, porque é quase caricatural. Eu fico imaginando se ela realmente pensa aquilo que escreve. A Dora Kramer da minha lembrança não era, nem de longe, essa colunista reacionária e raivosa que vemos hoje.
A coluna é engraçada porque acusa a tudo e a todos de “intolerância”, “beligerância”, “insultos”, mas o texto transborda tanto ódio, tanta intolerância, que fica parecendo aquele sujeito que responde, aos gritos: “NÃO TÔ NERVOSO, #$%LHO!!!! ”
Confiram um trecho:
dorinha

Para provar que não quero provocar nenhuma “beligerância”, permita-me entrar no clima do nosso amigo de twitter @jornalismowando (que agora tem uma ótima coluna no Yahoo), e chamá-la de Dorinha querida.
Dorinha querida, não tem nada demais criticar o MST. Eu já o fiz algumas vezes, e também não concordei com a depredação de um laboratório de pesquisa.  No entanto,  é muita injustiça se referir ao MST dessa maneira, como se ele se limitasse a isso. O MST tem escolas, tem unidades de produção, tem parcerias inúmeras com o governo para fornecimento de alimentos, tem centros de pesquisa, imprime jornais, revistas, tem cursos de formação de lideranças, organiza debates, seminários e manifestações inteligentes.
Usar como você usou a expressão “direito de propriedade consagrado pela Constituição” pega mal, Dorinha. É claro que a propriedade deve ser respeitada, mas não é disso que se trata. O debate é bem mais complexo. Em primeiro lugar, a propriedade tem função social, e isso também está na Constituição. Em segundo lugar, o sistema fundiário nacional pode ser tudo, menos “consagrado” ou “sagrado”. Há uma confusão dos diabos porque nunca fizemos uma reforma agrária de verdade. Há milhões de hectares agricultáveis nascidos de fraudes, de grilagens, de crimes.
Você nunca ouviu falar, Dorinha, do longo e terrível histórico de crimes nas áreas rurais? Dos exércitos privados de nossos latifundiários promovendo verdadeiras chacinas, ampliando suas terras através de ameaças e assassinatos?
O MST é um movimento social que, apesar das invasões (ou antes, por causa das invasões), ajuda a pôr um pouco de ordem no que poderia ter se tornado, há tempos, numa guerra civil no interior do país. Como aliás já aconteceu, Dorinha, ou você nunca ouviu falar do cangaço e de Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião?
Em relação a seus preciosos conselhos “ao senhor e à senhora” sobre a necessidade de “mudança de hábito” e maior atenção a valores como “competência e honestidade”, eu concordo plenamente Dorinha. Muito obrigado por existir e nos iluminar com tão sábias palavras! Tenho certeza que o Conselheiro Acácio, inesquecível personagem de Eça de Queiroz, ficaria muito satisfeito de lhe conhecer! 
http://tijolaco.com.br/blog/?p=14112

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