segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Cabo Bruno Covas, o justiceiro do avô




Autor: 
 
Começou mal a carreira política de Bruno Covas, neto de Mário Covas, no primeiro cargo em que efetivamente pode exercer seu poder pessoal.
A ação contra o Shopping Center Norte tem toda a característica de um acerto de contas de 27 anos atrás - usando as armas do poder público.
O criador do Shopping Center Norte, Otto Baumgart, surgiu na cena econômica no mesmo período em que Mário Covas foi prefeito. Tinha uma empresa rentável, a Vedacit. Mas ganhou visibilidade na inauguração do Shopping. Na época, em pleno processo de redemocratização, parecia ser dos novos empresários aliados ao novo poder político que surgia. Covas, o "espanhol", costumava se referir a Otto como o "alemão.
O próprio Covas compareceu à inauguração do Shopping, segundo os arquivos digitais da Folha. A fita inaugural foi cortada por dona Lila Covas e por Maria da Glória Baumgart, esposa de Otto.
O rompimento se deu pouco tempo depois. Covas acusou o Shopping de ter se apossado de uma área do município, maior que a que havia sido combinado. Ameaçou fechar não apenas o shopping mas outros empreendimentos da área, como o Supermercado Paes Mendonça. Como a prefeitura havia dado o Habite-se, aventou-se a possibilidade de ter havido corrupção de funcionários. Do lado da prefeitura, o caso foi conduzido pelo Secretário Sampaio Dória e por Celso Matsuda - a quem Covas sempre recorria para missões críticas.
Confira matéria do Estadão da época:
O caso foi parar na Justiça e Baumgart saiu vencedor cinco anos depois, por decisão do STF.
Cabo Bruno entra em cena
É aí que entra em cena Bruno Covas, o Cabo Bruno (lembram-se do Cabo Bruno, o vingador que surgiu anos atrás matando marginais?), vingador do avô.
Independentemente das razões históricas, a ação da Cetesb - dirigida pela Secretaria de Meio Ambiente - foi claramente arbitrária. Fechou o Shopping alegando riscos de explosão. No dia seguinte reabriu alegando que suas recomendações haviam sido atendidas e que nunca houve risco de explosão do metano. Como assim? É impossível que todas as providências tenham sido atendidas em apenas meio dia. Se bastava meio dia para o shopping ser considerado apto a funcionar (se é que algum dia foi inapto) e se não havia risco de explosão do metano, qual a razão para o fechamento e a exposição pública de um risco inexistente?
Quando escrevi o post "O xeque-mate na Cetesb" ficava claro que, ou por iniciativa própria ou por ordem de Bruno Covas, a companhia se colocara em uma sinuca de bico: se não havia risco de explosão, exorbitara em suas atribuições; se havia risco, teria de responder por dois anos de tolerância com o quadro.
Independente da motivação de Mário Covas - e é bem possível que sua ira derivasse do fato da Prefeitura (e não ele pessoalmente) ter sido enganada por Baumgart, é evidente que Bruno Covas extrapolou.
Se nos primeiros meses como Secretário, no primeiro cargo em que empalma poderes pessoais, age assim, o que esperar em cargos maiores?

Nenhum comentário: