O diagnóstico do câncer do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva repercutiu na imprensa internacional neste domingo.
O jornal americano "The New York Times" publicou uma reportagem na qual afirma que o diagnóstico do câncer acontece em um momento em que o ex-presidente é visto como dominante na política brasileira.
"A revelação da sua condição acontece em um momento em que ele ainda é admirado aqui como o líder político contemporâneo mais dominante do Brasil", escreve o jornalista do "New York Times" Simon Romero, do Rio de Janeiro.
"Desde que deixou a presidência, Silva, um ex-líder sindical, manteve ampla influência na política brasileira. Ele viajou muito dentro do Brasil e no exterior, fazendo discursos por cachês altos, e na semana passada ele apareceu ao lado [da presidente Dilma] Rousseff na inauguração de uma ponte na cidade amazônica de Manaus."
O "New York Times" diz que a notícia sobre Lula mostra um "contraste grande" em relação à forma como o presidente venezuelano, Hugo Chávez, revelou seu câncer, em junho.
Enquanto o brasileiro optou por revelar rapidamente a doença, Chávez "surpreendeu os venezuelanos" ao anunciar que já havia sido submetido a uma cirurgia, segundo o "New York Times". O jornal também lembra que o venezuelano nunca revelou o tipo de câncer que teve.
Lula foi diagnosticado com câncer na laringe. A informação foi divulgada no sábado pelo hospital Sírio-Libanês, onde o ex-presidente fez exames após se queixar de dores na garganta. Ele começará quimioterapia na segunda-feira.
'INCERTEZA'
Uma reportagem do jornal argentino "La Nacion" afirma que o câncer do ex-presidente desperta incerteza entre os brasileiros sobre o futuro político de Lula.
"A inesperada notícia sobre a doença surpreendeu a todos os brasileiros e despertou uma grande incerteza sobre um eventual regresso de Lula à Presidência do Brasil, onde ele mantinha uma enorme influência política no atual governo", escreve o jornal argentino.
O "La Nacion" diz que o "carismático e popular" ex-presidente brasileiro terá pela frente uma "nova e inesperada batalha".
Já o jornal argentino "El Clarin" destacou que a notícia sobre a doença de Lula "surpreendeu os veículos brasileiros de imprensa", já que o ex-presidente havia anunciado que tinha começado a deixar de fumar cigarrilhas.
O "El Clarin" também destacou a repercussão da doença no Twitter, com várias mensagens de solidariedade acompanhadas das hashtags #vivalula e #forçalula.
O jornal espanhol "El País" disse que a notícia sobre Lula "correu como pólvora em todo o país".
Já o americano "The Wall Street Journal" destaca a importância "literal" da voz de Lula na política brasileira.
"Muito do sucesso de Lula se deve à sua voz. Como um país grande e recentemente industrializado sofrendo com uma ditadura militar, os sindicatos brasileiros estavam maduros para um rompimento nos anos 70", escrevem os jornalistas Matthew Cowley e Tom Murphy.
"No sentido literal, Lula, um ex-sindicalista, deu aos trabalhadores uma voz."
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