Foto: AGÊNCIA ESTADO
QUADRO DE FAVORITISMO DO MINISTRO DA EDUCAÇÃO COMO CANDIDATO DO PT À PREFEITURA DE SÃO PAULO, EM 2012, MUDA RAPIDAMENTE; SE ENEM FOR ANULADO, O QUE ELE, COM LULA FORA DE COMBATE, PODERÁ FAZER?; MARTA, ENQUANTO ISSO, GANHOU O SILÊNCIO DE ZÉ DIRCEU E ATÉ UM AMIGO MINISTRO
247 – As nuvens da política se mexeram bem mais do que o esperado sobre o campo do PT na sucessão municipal de São Paulo. Nos últimos dias, o sol que brilhava para o pré-candidato Fernando Haddad se viu encoberto por chuvas e trovoadas, a partir do extremo desgaste acarretado por mais um vazamento de questões nas provas do Enem. A depender de um julgamento hoje, em Fortaleza, no Ceará, as provas de cerca de 5 milhões de estudantes poderão ser anuladas, provocando novo exame e, politicamente, uma situação praticamente insustentável para a candidatura de Haddad. Por mais que costuras tenham sido feitas entre as tendências majoritárias do PT, ele não conseguiu evitar a realização de prévias no partido – e pouca gente imagina as bases da agremiação escolhendo um candidato carimbado por tão retumbante, e recente, fracasso. O discurso de gestor competente terá de ser trocado por outro, não se sabe qual.
Temporariamente fora de combate em razão do tratamento de um câncer de laringe, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poderá estar ao lado de Haddad neste momento crucial. No máximo, mandará recados, mas não percorrerá bases, não participará de reuniões e não fará corpo a corpo com os eleitores das prévias. Todos conhecem a posição de Lula pró-Haddad, mas a emoção do momento será certamente superada pelo pragmatismo se o ministro for obrigado pela Justiça a organizar um novo Enem – enfrentando, sem dúvida, semanas de críticas no noticiário da mídia.
A senadora Marta Suplicy, cujos principais colaboradores já davam mostras de desânimo frente ao rolo compressor que era pilotado por Lula em favor do seu pupilo, vive outra situação. Bem diversa da que a envolvia duas semanas atrás. Sem ter obtido o apoio explícito da presidente Dilma Rousseff como contraponto a Lula e amargando índices de rejeição ainda altos, a senadora tinha nas pesquisas de opinião que lhe indicam mais de 30% das preferências do eleitorado seus melhores aliados. Agora, sua vida melhorou. Instado a se definir por Haddad ou Marta, o ex-secretário geral José Dirceu preferiu não se manifestar, o que foi interpretado como uma posição pró-Marta. Afinal, uma palavra de Dirceu a favor do ministro da Educação poderia ser uma pá de cal antecipada nas pretensões da senadora. De modo indireto, a chegada do deputado Aldo Rebelo ao Ministério do Esporte também ajuda Marta, uma vez que Aldo integra o grupo mais próximo a ela, em razão de sua amizade com o empresário Márcio Toledo, companheiro da própria Marta. No mínimo, fortalece Toledo, que ganha novas credenciais para dialogar com os petistas.
Não é nada, não é nada, tudo mudou dentro do PT que se prepara para escolher entre o ministro e a senadora quem será seu candidato para 2012.
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