Foto: MILENE CARDOSO/AGÊNCIA ESTADO
JORNAL DIÁRIO QUE PERTENCE AO GRUPO BANDEIRANTES, DE JOHNNY SAAD, É TOTALMENTE GRÁTIS PARA O LEITOR; MODELO DE NEGÓCIO FOI RECONHECIDO PELO MERCADO PUBLICITÁRIO COM VITÓRIA NO PRÊMIO CABORÉ 2011, NO SETOR MÍDIA IMPRESSA
247 – Um fenômeno editorial no mercado de produção de conteúdo jornalístico fornecido gratuitamente ao leitor acaba de obter um merecido reconhecimento. Com 440 mil exemplares impressos e distribuídos diariamente em cinco capitais brasileiras – São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre, além de diversas cidades do interior paulista --, o Metro venceu o Prêmio Caboré 2011 na categoria Veículo de Comunicação – Mídia Impressa. O jornal, em formato tablóide, colorido, com ao menos 16 páginas por edição e sempre grátis, pertence ao Grupo Bandeirantes, presidido pelo empresário João Carlos Saad. A publicação, que cobre seus custos por meio da publicidade paga, concorreu contra dois ícones do meio impresso, o jornal Valor Econômico e a revista Piauí. Ontem, além de experimentar a vitória no Caboré, Johny Saad também foi eleito Empreendedor do Ano na Comunicação, pela revista IstoéDinheiro.
Mais de um milhão de brasileiros, em razão da característica do Metro de ter seus exemplares transferidos de leitor para leitor, têm acesso diário à publicação. O veículo faz parte da rede mundial Metro de jornais gratuitos, presente em mais de 50 países. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após conceder uma entrevista ao jornal, reproduzida em boa parte da rede internacional de afiliados, comentou com Johny Saad que não se lembrava de ter tanta repercussão global para uma de suas entrevistas como acontecera daquela feita.
No Brasil, o Metro é o campeão de circulação, à frente de cada um dos outros – que operam no modelo pago --, com seu 440 mil exemplares diários. Na opinião do presidente do Metro no Brasil, Claudio Bianchini, a vitória no Caboré representa um importante voto de confiança do mercado no modelo de negócio. “Há cerca de quatro anos, fomos recebidos por aqui com desconfiança, por ser um player que ninguém sabia a que vinha. Durante esse tempo, mostramos que é possível sermos gratuitos não só no eletrônico, mas também no impresso”. E por falar em gratuidade, num momento em que veículos tradicionais têm criado assinaturas digitais, com acesso ao material online, como o americano The New York Times, o empresário pensa que o mais importante é que seja oferecido algo de qualidade aos leitores. “Se um jornal conseguir produzir conteúdo de qualidade e ainda cobrar alguma coisa, muito bem”. No caso do NYT, Bianchini avalia que a vantagem não foi um modelo de negócio inovador, já que o jornal tem 160 anos, mas tradição e credibilidade.
No Brasil, o Metro alcançou ainda outra relevante conquista. Apenas um exemplar do jornal, que é distribuído em semáforos das cidades, é lido por 2,3 pessoas, segundo pesquisas do setor de comunicação. “Pra gente isso é muito relevante, pois o Metro é entregue geralmente a um motorista, que está sozinho, e divide seu exemplar com outras pessoas”. No caso da assinatura de um veículo tradicional, explica Bianchini, trata-se de uma compra familiar, é natural que mais de um membro da casa leia, mas a entrega do Metro é feita em um momento solitário. “É isso que nos dá essa satisfação. Pra nós, ter mais de um leitor por exemplar é muito, muito relevante”.
O veículo que teve sua maior expansão em 2011 no Brasil tem como próximo passo chegar à capital federal, em abril de 2012. No Brasil, o Grupo Bandeirantes detém 70% da empresa, modelo similar de outros países, devido a regulamentações do mercado de comunicação em relação a capital estrangeiro. Em alguns lugares, o Metro é apenas franqueador da marca. O jornal está hoje em 22 países e 131 cidades, com o mesmo modelo de negócio, fator que o leva a ser o maior jornal do mundo.
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