terça-feira, 27 de dezembro de 2011

“O Itaú está uma confusão”



“O Itaú está uma confusão”Foto: DIVULGAÇÃO

É O QUE DIZ O DIRETOR-EXECUTIVO DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE SÃO PAULO, DANIEL REIS; ESTE ANO, FORAM 4.202 DEMISSÕES E A PROJEÇÃO É DE QUE, COM A BUSCA DE MELHORAR A EFICIÊNCIA, HAJA AINDA MAIS CORTES; APÓS A FUSÃO COM O UNIBANCO, EM 2008, QUE FORMOU A DIREÇÃO CONJUNTA DE ROBERTO SETÚBAL, DO ITAÚ, E PEDRO MOREIRA SALLES, DO UNIBANCO, A SITUAÇÃO SÓ TEM PIORADO

27 de Dezembro de 2011 às 08:58
Gisele Federicce _247 – Os acontecimentos que rondaram o Itaú neste último ano definitivamente não são positivos, principalmente para os funcionários. A instituição, que se fundiu com o Unibanco em 2008 e termina completamente a integração no final deste ano, formando o maior banco privado do hemisfério sul, cortou 4.202 postos de trabalho apenas entre março e setembro desde ano, liderando a lista de demissões no setor. As ordens internas são para reduzir em 10% os custos de cada área, cuja a adequação nos gastos cabe ao gestor responsável pelo departamento. Na última semana, o grande número de cortes foi alvo de protesto por parte do Sindicato dos Bancários e de ex-funcionários, que realizaram manifestações em vários pontos do País, com faixas que traziam os dizeres “Feliz Natal pra quem? Itaú: campeão das demissões”. Em São Paulo, os protestos ocorreram próximo ao metrô Conceição, na zona sul da capital, onde está localizada a Centro Empresarial Itaú Conceição, e na Avenida Paulista.
Para Daniel Reis, diretor-executivo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, que representa a maior parte da categoria no Brasil, o maior impacto causado pelos cortes é o lucro anual que o banco irá anunciar em janeiro. Nos três primeiros trimestres, a instituição apresentou um lucro de R$ 10,9 bilhões. “Isso é muito bom para qualquer setor, até na área de mineração. No Brasil, ele deverá ser o que mais lucrou neste ano”, afirma Reis. O sindicalista, que é funcionário do Itaú, também aponta outras evidências de crescimentos da empresa, como a abertura de agências e a expansão dos negócios no exterior, especialmente na América do Norte e na Ásia.
E os cortes não devem parar por aí. Conforme afirmou o presidente do Itaú Unibanco em entrevista ao Valor Econômico no dia 8 de dezembro, a integração completa das duas instituições ocorre, no final deste ano, com o fechamento do data center do Unibanco na rodovia Raposo Tavares, em São Paulo, transferindo toda a operação para computadores do centro operacional. Além disso, Roberto Setúbal também anunciou a meta de melhorar o índice de eficiência, que hoje está em 47,8%, para 41% até o fim de 2013. “Estamos trabalhando arduamente para atingi-la”, disse Setúbal ao jornal. Segundo ele, se o índice estivesse em prática nesse ano, o lucro adicional seria de cerca de R$ 3 bilhões. Segundo reportagem do Brasil Econômico publicada no último dia 23, o caminho trilhado pelo banco em busca da melhor eficiência também mostra impacto na cadeia de fornecedores que, com menos serviço, já iniciou seus reajustes internos. O índice deste ano, segundo a matéria, significa dizer que a instituição gasta R$ 47,80 para conseguir R$ 100 em receitas.
Outro grande problema que atinge os atuais 101 mil funcionários do Itaú, conforme registro de outubro, divulgado internamente pelo banco, é a insatisfação em trabalhar na instituição. A maior parte das reclamações por parte de empregados, registrada pelo sindicato, atribui o problema à fusão com o Unibanco, levando dois empresários à direção atual: Roberto Setúbal, do Itaú, e Pedro Moreira Salles, do Unibanco. Na lista de motivos para a insatisfação consta o excesso de trabalho, a falta de funcionários e o boato de cortes, sem contar o alto número de adoecimentos por stress. As causas levam a uma demanda muito grande no sindicato, coisa que há dois anos não acontecia, segundo Daniel Reis. “Em São Paulo, quase metade das demissões foi voluntária, como pedido de desligamento do banco. Os funcionários se submetem a pedir demissão para ir para o concorrente ganhar a mesma coisa ou até menos. O que motiva isso é a situação insustentável que o banco vem causando”, completa o sindicalista.
A administração dupla – com um membro na diretoria executiva (Setúbal) e outro na presidência do conselho (Meirelles) – gera uma “gestão confusa, nada clara e com uma leva de trabalhadores sem horizonte”, nas palavras de Daniel Reis. “A cada mudança, há uma apreensão muito grande. Quem vai ser o novo diretor, o novo presidente? Trata-se de uma direção omissa e confusa”. Segundo Reis, há duas culturas dentro do banco. Onde a gestão é do Itaú, a cultura é do Itaú, e o mesmo ocorre com o Unibanco. Nas palavras de Setúbal ao Valor Econômico, “as equipes estão super integradas, motivadas. Fizemos um trabalho bastante profundo de integração cultural”.
Para 2012, a expectativa também não é das melhores. De acordo com o diretor do sindicato, será provavelmente um ano muito duro ainda. O sindicato imagina que o banco não acabou seu processo de formatação efetiva e a diretoria pretende manter essa renovação de quadros, substituindo as pessoas com tempo maior de casa por outros funcionários que custam menos. Procurado pelo Brasil 247 nesta segunda-feira, o Itaú disse que não irá comentar a questão.

Nenhum comentário: