quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Só Dilma resolve briga campal na Caixa Federal



Só Dilma resolve briga campal na Caixa FederalFoto: Divulgação

PRESIDENTE ESTÁ PERTO DE SACAR O CARTÃO VERMELHO; VICE-PRESIDENTES FÁBIO CLETO, GEDDEL VIEIRA LIMA, DO PMDB, E MÁRCIO PERCIVAL E MARCOS VASCONCELOS, LIGADOS AO PT, SÃO CANDIDATOS A SAIR; CRISE DE R$ 1 BI DE TÍTULOS PODRES, AUMENTO DO ROMBO DO PANAMERICANO, DESTINAÇÃO OBSCURA DO FGTS E TROCA PÚBLICA DE ACUSAÇÕES PESAM CONTRA ELES

21 de Dezembro de 2011 às 14:05
247 – A presidente Dilma Rousseff está perto de assoprar o apito e puxar o cartão vermelho para uma boa parte da alta cúpula da Caixa Econômica Federal. As brigas públicas em torno de uma série de operações mal realizadas tornaram a instituição um alvo de críticas sobre a ingerência política numa estrutura que deveria ser eminentemente técnica. O loteamento de cargos da direção da Caixa entre apadrinhados do PT e do PMDB na prática se tornou uma grande barafunda. Nos últimos tempos, as brigas se multiplicam pela imprensa em troca de acusações pela responsabilidade por operações que já vão causando prejuízos bilionários à própria Caixa.
A desestabilização do equilíbrio político começou logo no fim de 2009, com a crise aberta pela compra do banco PanAmericano que, soube-se mais tarde, já estava completamente quebrado quando o banco público adquiriu 35% dele por R$ 740 milhões. Neste exato momento, com a Caixa participando de sua gestão, descobre-se no PanAmericano mais uma falcatrua bilionária em torno de títulos falsos que podem somar R$ 5,4 bilhões. A notícia circula no mesmo momento em que crescem os indícios de que foi também a própria Caixa que vacilou no caso da venda de outro R$ 1 bilhão em títulos da própria instituição, lastreados pelo FCVS. Os papéis foram colocados no mercado com aprovação da consultoria KPMG e com a chancela da Caixa, mas descobriu-se que eles eram onerados. Boa parte deles foi comercializado com outras instituições, como o Fundo de Pensão dos Correios (Postalis) e o Banco Multiplic, durante uma pane no sistema eletrônico da Caixa que agora está sob suspeita.
O caso dos títulos onerados atinge diretamente a área sob controle do vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias, Fábio Cleto, apadrinhado do PMDB. Também pode haver respingos para a área do vice-presidente de Gestão de Risco, Marcos Vansconcelos, ligado ao PT. A compra do PanAmericano, por outro lado, se deu sob a seara do vice-presidente de Participações, Marcio Percival, também da ala petista. Cada um ao seu tempo, ambos já foram repreendidos. Cleto chegou até mesmo, na semana, a ser dado como demitido, mas foi seguro por uma pesada articulação de seus amigos no PMDB, liderados pelo vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa, Geddel Vieira Lima. Ele é mais um a contribuir para a luta interna da Caixa, sendo rigoroso com projetos que interessam diretamente ao PT. Um deles, a venda, pelo governo da Bahia, do direito à administração das contas dos funcionários públicos, mereceu de Geddel a inclusão de oito emendas e uma série de críticas públicas ao governador Jaques Wagner, do PT. A defesa de Cleto é compreensível. Ele faz parte do Conselho Curador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, que tem R$ 42 bilhões em verbas para aplicar em 2012. É ali, por meio do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS) que o PMDB pretende direcionar investimentos para obras da Copa do Mundo, o que pode beneficiar governadores do partido nos estados-sede.
Cleto, em razão da evolução do caso dos títulos onerados, parece ser o elo mais frágil dessa corrente, e pode ser o primeiro a cair. Mas na lei de compensações da política, será difícil que a cabeça dele não corresponda a pelo menos uma do lado do PT. A depender do humor da presidente, que vem se surpreendendo, nos últimos dez dias, com o recrudescimento da briga na Caixa, outros mais podem entrar na roda. Forte, aparentemente, está o presidente Jorge Hereda, a quem Dilma prestigia em razão de ter sido o responsável pela implantação do programa Minha Casa, Minha Viva, administrado pela CEF. Mexer nele seria arriscar demais numa área que, até aqui, perto dos problemas bilionários com títulos, só tem dado boas notícias para o governo.

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