quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Gleisi começa a assumir papel de superministra



DEPOIS DE SER ESCALADA PARA ESFRIAR OS ÂNIMOS ENTRE PT E PMDB NA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, MINISTRA-CHEFE DA CASA CIVIL ABRE MÃO DE FOLGA PARA COMANDAR INTERVENÇÃO BRANCA NO MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL; SURGE ENFIM A DILMA DA DILMA?

04 de Janeiro de 2012 às 10:24
247 – Gleisi Hoffmann demorou para engrenar como ministra-chefe da Casa Civil, mas parece disposta a enfim assumir o papel de superministra desempenhado pela presidente Dilma Rousseff durante o governo Lula. Nesta terça-feira, Gleisi interrompeu seu recesso em Foz do Iguaçu, no Paraná, – bem no dia em que o marido, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, entrou de férias – para atender uma orientação da presidente. Ela terá de tratar do problema de favorecimento político identificado no Ministério da Integração no repasse de verbas para prevenção de enchetes. Nos últimos dias, as fortes chuvas têm castigado fortemente os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro e provocado caos nos principais aeroportos do país.
Das 56 cidades das regiões Sul e Sudeste eleitas como prioritárias para ações de preparação às enchentes pelo Ministério da Integração Nacional em dezembro, foram os estados do ministro Fernando Bezerra (Pernambuco) e do ex-ministro Geddel Vieira Lima (Bahia) que receberam as maiores verbas de prevenção em 2011. O Rio de Janeiro, primeiro da lista de alerta, com 12 municípios em situação crítica de risco, ficou em décimo lugar, com 2,3% dos recursos pagos no ano passado.
A verba de Prevenção e Preparação para Desastres destinada a Pernambuco, R$ 34,2 milhões, e à Bahia, R$ 32,2, supera o montante liberado em 12 meses para São Paulo, Santa Catarina, Ceará, Paraná, Paraíba e Alagoas, segundo a ONG Contas Abertas, com base no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).
Segundo reportagem do Globo, em Pernambuco, Fernando Bezerra escolheu Petrolina, cidade na qual exerceu três mandatos como prefeito, para liberar os principais recursos de Resposta a Desastres Naturais no interior do estado. O ministro liberou para sua terra natal R$ 8,9 milhões, contra R$ 1,2 milhão destinado, em Pernambuco, aos 14 municípios devastados pela enxurrada em 2010. Petrolina só perdeu para Recife, com R$ 62 milhões, entre as 96 cidades pernambucanas contempladas.
A constatação de favorecimento político na pasta fez com que a presidente Dilma Rousseff, que está de férias na Bahia, decretasse nesta terça-feira uma intervenção branca na pasta de Bezerra. Quem comanda a partir de agora todas as liberações para enchentes será a Casa Civil.
Ontem mesmo, Gleisi se reuniu com representantes do Ministério da Integração Nacional, da Infraero e da ANAC para fazer um balanço da situação dos aeroportos durante as festas de fim de ano e acompanhar de perto as medidas do governo para enfrentar as chuvas que já deixaram 53 cidades em estado de emergência em Minas Gerais e prejudicam a população do Rio de Janeiro.
A disposição em atender o pedido de Dilma não é a única característica digna da ex-ministra que Gleisi demonstra nos últimos meses. Há algumas semanas, a ministra teve dura reunião com o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, para amainar os ânimos entre PT e PMDB no banco. O acirramento da disputa entre Hereda e o vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, Fabio Cleto, não agradaram ao Planalto, que escalou Gleisi para tratar do assunto.
Ao que consta, o clima pesou entre a ministra e o presidente da Caixa, o que demonstra que Gleisi não está disposta a sustentar a imagem de fragilidade que lhe foi atribuída nos primeiros meses como ministra. A capacidade da senadora licenciada para tocar o governo chegou a ser posta em questão neste primeiro ano de governo Dilma, principalmente depois da divulgação de atrasos nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento e no avanço do programa Minha Casa, Minha Vida.
A impressão de que Gleisi não conseguiria cumprir seu papel era reforçada pelo fato de a ministra não estar acompanhando a presidente em suas principais viagens internacionais ou mesmo ter sido escalada para lidar com questões espinhosas, como a votação da Desvinculação das Receitas da União ou da Comissão da verdade. Além do mais, a Casa Civil acabou esvaziada no governo Dilma – sem PAC, Minha Casa, Minha Vida, obras para a Copa e Brasil Sem Miséria –, o que acabou limitando as ações de Gleisi.
A ministra parece, contudo, ter encontrado enfim uma oportunidade para protagonizar as ações do governo. E bem nas férias da presidente Dilma. A presença de espírito foi boa, mas, para consolidar o status de superministra, resta a Gleisi desempenhar bem o papel assumido.

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