sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O maestro do governo já impõe seu ritmo



O presidente da Câmara de Gestão do governo, Jorge Gerdau,

começa a remover gargalos em vários ministérios para atender ao

desejo da presidenta Dilma de modernizar a máquina pública

Octávio Costa e Adriana Nicacio
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O CEO
Do seu gabinete no Centro Cultural Banco do Brasil, Gerdau orienta ministros do governo
No fim do ano passado, ao ler uma entrevista do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, o empresário Jorge Gerdau lhe enviou uma mensagem elogiando suas declarações. “Realmente, o déficit da Previdência é um dos maiores gargalos das contas públicas. E Vossa Excelência abordou o tema com lucidez e determinação em buscar soluções, que passam, inevitavelmente, pela previdência do setor público.” Diante dos elogios, Garibaldi convidou Gerdau, que preside a Câmara de Gestão, Desempenho e Competitividade do governo federal, para mostrar tudo que é feito em sua pasta. Apresentou a sala secreta de monitoramento das ações da Previdência, na qual há um painel com amplas informações do setor. Gerdau ficou impressionado com o que viu e disse que colocaria o secretário-executivo da Câmara, Cláudio Gastal, à disposição de Garibaldi. É dessa forma que Gerdau, com aval da presidenta Dilma Rousseff, tem conseguido abrir as portas de ministérios e órgãos públicos para imprimir um novo modelo de gestão, semelhante ao da iniciativa privada. “Com esse jeito amistoso, Gerdau quebra barreiras fortes e leva o trabalho da Câmara de Gestão adiante”, diz Gastal, que por dez anos foi diretor do Movimento Brasil Competitivo, ao lado de Jorge Gerdau. 

Nas últimas semanas, sob a orientação direta de Gerdau, Gastal esteve por diversas vezes na Superintendência Nacional da Previdência Complementar (Previc) levantando informações para conhecer o funcionamento da estrutura. “Ele disse que temos que reduzir o tempo dos processos e criar uma dinâmica de funcionamento das diretorias, sem barreiras”, conta o superintendente da Previc, José Maria Rabelo. 
Criada em maio de 2011, a Câmara de Gestão assessora a Presidência e, honrando seu nome, tem uma estrutura superenxuta. É composta de quatro empresários, que se reúnem uma vez por mês: além de Gerdau, Abílio Diniz, do Pão de Açúcar, Antônio Maciel Neto, da Suzano, e Henri Philippe Reichstul, ex-presidente da Petrobras, e por quatro ministros (Planejamento, Casa Civil, Desenvolvimento e Fazenda). Ocupa três salas no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, e tem em sua folha de pagamento apenas o secretário-executivo Cláudio Gastal e uma secretária. Mas em apenas nove meses de vida já conseguiu dar início ao desejo da presidenta Dilma de modernizar a máquina pública. Com sua experiência à frente do império siderúrgico familiar, Gerdau tem procurado os ministros para mostrar a importância de rever o funcionamento burocrático das diversas pastas. 

O sistema de trabalho de Gerdau é simples. O empresário vai sempre à frente numa espécie de missão precursora. Após a primeira sondagem, Gerdau pede que Gastal entre em campo, reúne-se com técnicos do órgão interessado e os auxilia a elaborar um diagnóstico. Ele ajuda a identificar os gargalos de gestão e de governança. A partir daí, são definidas as prioridades pela direção dos ministérios, autarquias e estatais. Em alguns casos são contratadas empresas de consultoria ou escritório de projetos. São processos de longo prazo. Mas a demanda pelas receitas de Gerdau não para de crescer. 

Na Infraero, o diretor de administração, José Antônio Eirado Neto, comemora os ganhos de gestão com o trabalho em conjunto. A empresa contratou a Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia, da USP, para acompanhar as obras nos aeroportos da Copa. “Adotamos ações para tornar a gestão mais ágil e reduzir gastos”, diz Eirado Neto. 

No Ministério da Saúde, Gerdau considerou fundamental aperfeiçoar a rede de logística de aquisição e distribuição de medicamentos. Na Justiça, todo o sistema penitenciário e de segurança pública está sendo revisto por Gerdau. E, nos Transportes, a grande prioridade dele é reorganizar o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) e a Valec, conhecidos pelos recentes casos de desvio de recursos públicos. Por determinação de Jorge Gerdau, o trabalho da Câmara de Gestão é feito em silêncio, sem alarde, os holofotes devem se voltar para os ministérios. Mas a Câmara se prepara para dar um passo ousado em 2013. Quer debater a estrutura do governo federal como um todo, o que inclui o tamanho da máquina pública.

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