terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

PMs acusados de decapitar deficiente são soltos em São Paulo


ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Os policiais militares Moisés Alves Santos, Joaquim Aleixo Neto e Anderson dos Santos Salles, acusados de sequestrar e decapitar um deficiente mental foram soltos do Presídio Militar Romão Gomes, no Jardim Tremembé (zona norte de São Paulo), na última quinta-feira (9).

A decisão de soltar os três PMs foi tomada pelo juiz Antônio Augusto Galvão de França Hristov, da 1ª Vara Criminal de Itapecerica da Serra (Grande São Paulo). Eles são acusados ainda de integrar um grupo de extermínio conhecido como "Os Highlanders".

Ao lado do também PM Rodolfo Vieira da Silva, os três são réus pelo sequestro e morte do deficiente mental Antônio Carlos Silva Alves, 31, conhecido como Carlinhos. Como também é réu em um outro processo pelo sequestro e decapitação de outros dois jovens, o PM Silva permanece preso.

Os quatros PMs tinham sido condenados, em julho de 2010, a 18 anos e oito meses de prisão pelo crime. Eles sempre negaram o crime.

Em outubro de 2011, o Tribunal de Justiça de São Paulo anulou o júri que condenou os quatro PMs ao atender um pedido do advogado Celso Machado Vendramini, defensor dos réus.

Vendramini alegou que, durante a fase de debates do júri, o promotor Vitor Petri descumpriu uma ordem do juiz Hristov e exibiu uma camiseta com a foto de Alves e dizeres contra a polícia. O argumento é que a imagem poderia influenciar os jurados.

Em dezembro de 2010, os quatro réus foram demitidos da Polícia Militar.

Como não há previsão de agenda para que o novo julgamento dos PMs aconteça ainda neste ano, o magistrado Hristov decidiu soltá-los para até que o novo júri seja marcado.

HIGHLANDERS

Conhecido como Carlinhos, o deficiente mental Alves, segundo a Promotoria e a Polícia Civil, foi sequestrado pelos quatro então PMs em 8 de outubro de 2008, no Jardim Capela (zona sul de São Paulo).

O corpo da vítima, decapitado e sem as mãos, foi achado no dia seguinte, numa área de despejo de cadáveres em Itapecerica da Serra (Grande SP).

A hipótese da Polícia Civil e da Promotoria é que, numa abordagem dos quatro PMs, Carlinhos não tenha conseguido falar direito. Sem saber da deficiência, os policiais teriam interpretado como gozação e decidido matá-lo.

Com mais cinco PMs, os quatro policiais são acusados de integrar o grupo de extermínio "Os Highlanders", assim chamado porque cinco das 12 mortes atribuídas a eles teve decapitação. A Folha revelou a existência do grupo no dia 23 de outubro de 2008.

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