terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Serra e suas quimeras




Se, como disse hoje Fernando Henrique Cardoso ao Estadão, a candidatura de José Serra à prefeitura de São Paulo “dá a ele uma revitalização política” porque a estaria comemorando justamente aquele que, faz tempo, quer jogar ao mar qualquer chance de que Serra continue a  encarnar a neodireita da qual FHC se acha Pater supremo e Deus reverencial?
Porque Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e Aécio Neves querem, antes e acima de tudo, livrar-se da maldição – e rejeição – que Serra representa hoje, em toda parte do Brasil. Seja amarrando-o à cadeira de prefeito ou, como preferem, afundando-o definitivamente numa derrota eleitoral (fatal) no centro tucano do Brasil.
FHC acha que Serra já teve suas chances e não o acha capaz intectual e emocionalmente de enfrentar Lula.
Alckmin, depois de ter sido empurrado às feras por Serra em 2006, levado dele uma rasteira em 2008 e vencido em 2010 com mais folga que Serra teve nas paulistas e paulistanas, ve a chance de darle um daqueles quadrinhos de botequim, onde está escrito: “Deus te dê em dobro tudo aquilo que me desejares”.
E Aécio, este sabe que, em 2014, o “velhinho” FHC não lhe causará mossa significativa, mas Serra, sim. Mesmo preso à cadeira de prefeito e não conseguindo – embora ninguem duvide de que vai  tentar – estragar suas pretensões presidenciais, terá de ser parte destacada de seu palanque e fonte de antipatia e rejeição.
Serra, assim, vai para a candidatura, ao que parece, como nos versos de Augusto dos Anjos:
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Não há dúvida de que será interessante ver o jogo de bicadas, rasteiras e falsidades que marcará essa campanha.

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