quinta-feira, 26 de abril de 2012

Pela convocação de Roberto Civita para depor na CPI de Cachoeira





A CPI do Cachoeira é um fato consumado. A imprensa que sempre condenou o presidente Lula por supostamente contemporizar com a corrupção e abafar investigações, tomou direção contrária a do ex-presidente que foi o principal incentivador da CPI, em contraste aos interesses da grande mídia que fez campanha ostensiva contra qualquer investigação, alertando o PT com ameaças de que caso instalada a CPI alcançaria também o partido e poderia respingar em membros do governo Dilma de alto coturno. Toda esta mobilização em oposição a instalação da CPI só tem uma razão de ser: jornalistas dos maiores conglomerados de comunicação do país estão envolvidos até o talo com o esquema criminoso de Cachoeira, fonte permanente dos principais escândalos noticiados na imprensa que tinham o PT e o governos Lula como alvos.

Pelo menos um jornalista comprovadamente até agora banhou-se nas águas de Cachoeira. O redator chefe da revista veja, Policarpo Jr, flagrado em mais de 200 telefonemas com o contraventor. Tais conversas são do conhecimento das principais redações do país mas solenemente ignoradas e sonegadas ao grande público, por medo de que se forem publicadas, ficarão demonstrados os vínculos do crime organizado com o jornalismo bandido praticado na grande imprensa, o que dará azo aos radicais do PT a fazerem o enfrentamento na CPI, convocando jornalistas para explicarem as relações íntima com Carlinhos Cachoeira e seu esquema ilegal de escutas telefônicas, envolvendo particularmente membros dos governos petistas. Um segredo de polichinelo. Quem acompanha as redes sociais sabe que as conversas comprometedoras de Cachoeira e Policarpo fazem parte do inquérito da operação Monte Carlo. O teor ainda é desconhecido, não foi vazado ainda pelas razões aduzidas acima e também por uma clara manifestação de corporativismo entre jornalistas comprometidos com as ações criminosas do bicheiro contraventor.

O deputado Fernando Ferro, do PT de Pernambuco desde que soube do envolvimento de Policarpo com Cachoeira, manisfestou intenção de convocar para depor na CPI, o senhor Roberta Civita, proprietário de Veja. Mas esta é o tipo de intenção que no Brasil causa assombração. Aqui não se pode falar em investigar jornalistas, veículos de comunicação ou abrir um debate sobre regulação dos meios porque logo invocam os fantasmas do atentado as liberdades de imprensa e de expressão. Um diversionismo que tem servido bem aos interesses das organizações criminosas que tem na mídia importantes tentáculos a lhes darem cobertura. Rupert Murdoch pelo segundo dia consecutivo comparece a um tribunal para dá explicações sobre os esquemas de escutas clandestinas montados com auxílio da polícia de Londres. Alí o magnata das comunicações tem sido duramente questionado pelo juiz que presidete o caso. A pressão é tamanha que Murdoch foi obrigado a fazer uma mea culpa ao admitir que havia falhado. 

Não estamos falando de Cuba, Equador, Bolívia ou Venezuela, onde a imprensa brasileira costuma dizer que não há liberdade de imprensa. Estamos falando da Inglaterra, a meca do liberalismo onde ninguém está cogitando a existência de um atentado as liberdades democráticas porque o Estado inglês resolveu investigar as relações promíscuas de um grande grupo de comunicação com a arapongagem que invadia ilegalmente a privacidade alheia e captava conversas que seriam publicadas nos tabloides de maior circulação de Londres. Fosse no Brasil, seria um Deus nos acuda. Como agora que a simples menção de convocar o dono de Veja já causa uma grande comoção com a velha cantilena de que o PT atenta contra o Estado democrático de direito.

O presidente da Veja Fabio Barbosa, foi despachado às pressas para Brasília para fazer lobby contra a convocação de Civita. O 247 informa que João Roberto Marinho, Otavio Frias Filho,  da folha, e Civita da veja fecharam questão e não vão aceitar que a imprensa e jornalistas sentem-se no banco dos réus e compareçam a CPI para darem explicações. Diz ainda o 247 que João Roberto Marinho fez chegar a Dilma que não sairá barato para o governo caso Civita seja convoca a comparecer a CPI. O fato é que Lula não engole que o seu governo seja tido como o mais corrupto da história, pecha lançada por Veja e pela grande imprensa nacional, com base em escândalos fabricados a partir de interceptações clandestinas de escutas telefônicas. A confirmar que a presidenta entendeu o recado, dos 170 requerimentos que estão na comissão para serem aprovados nenhum trata da convocaçao de Roberto Civita.

Não se sabe se o PT está no aguardo de que o áudio das conversas de Policarpo com Cachoeira apareça para fazer a convocação. O fato é que se depender da grande imprensa jamais será publicado. A não ser que um site progressista, um blogueiro sujo, ou a revista Carta Capital o faça. O cavalo vai passar mais uma vez encilhado e o PT perde objetivamente a maior oportunidade de remoer as vísceras da grande imprensa com uma justificativa que não há como ser rebatida: veja associou-se ao crime organizado pelas mãos de Cachoeira. Deve por isso ser cabalmente investigada. E se mais algum veículo associou-se também aos esquemas de cachoeira entrará também na mira da CPI. Uma consequência negativa para Veja já produziu-se com a rastag #Vejabandida que ficou em segundo lugar como tema mais comentado no twitter. O estrago que algo assim é capaz de fazer não dá para quantificar. Fere porém de morte a já combalida credibilidade daquela que foi a mais importante revista brasileira quando se podia dizer que Veja fazia jornalismo, hoje faz proselitismo político/partidário em associação com o crime organizado.

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