terça-feira, 21 de outubro de 2014

ARMÍNIO SERÁ PARA AÉCIO O QUE NECA FOI PARA MARINA?



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Âncora econômica do PSDB amarrou imagem de Aécio Neves ao mercado financeiro e  carimbou nele, via propaganda do PT, juros de 45% ao ano e duas idas ao FMI; no primeiro turno, ligações de amizade e financiamento entre Marina Silva e herdeira do banco Itaú Neca Setubal foram centrais para afundar PSB do favoritismo a um inútil terceiro lugar; baterias do PT centram fogo, já há dez dias, no paredão Aécio-Fraga; associação direta se mostra mau negócio
247 – Em sua última intervenção no debate entre presidenciáveis no primeiro turno, na rede Bandeirantes, em setembro, Aécio Neves anunciou a nomeação antecipada do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga para ministro da Fazenda de seu eventual governo. Mais tarde, o próprio Aécio reclamou que nenhum jornalista presente fora procurá-lo quando a transmissão foi encerrada, tal o desinteresse, àquela altura, que o 'fato novo' provocara. Com o passar da campanha, porém, a figura de Armínio cresceu em importância na estratégia de Aécio. Ao que parece, isso não está sendo nada bom para o candidato tucano.
Da mesma maneira como o PT bombardeou, no primeiro turno, a  relação de amizade e  financiamento entre Neca Setubal, herdeira do banco Itaú, e a ex-senadora Marina Silva, candidata do PSB, o mesmo PT viu no compromisso central de Aécio com Armínio uma chance para repetir a estratégia de desconstrução. Agora com ganas de ganhar ou perder tudo.
Nos diversos ataques que foram desfechados contra as tibiezas e contradições da candidatura Marina, a relação de juras de amizade entre a ex-seringueira e a irmã do banqueiro Roberto Setubal foi um dos aspectos usados pelo PT. Serviu para tisnar de elitismo a candidata que buscava o apoio popular e evoluiu para a descoberta de Neca como principal financiadora do Instituto Marina Silva. Uma ONG que, na prática, banca muitas das despesas da própria Marina.
Na ligação anunciada por Aécio com Armínio, o comando da campanha da presidente Dilma Rousseff enxergou a oportunidade de tatuar o senador tucano com marcas que, na verdade, fazem parte apenas da história de Fraga. Chamado por Fernando Henrique Cardoso para assumir o Banco Central, em 1999, ele assumiu com carta branca para debelar a inflação. Subiu a taxa de juros para 45%, numa situação considerada excepcional, mas foi esse o aspecto ressaltado nesta campanha pelo PT. Como nem Fraga nem Aécio encontraram, até agora, o antídoto para essa veiculação, o que se sabe, de acordo com as pesquisas Datafolha e Vox Populi, é que o sucesso da desconstrução petista de Aécio passa, e muito, por Fraga. Numa dose ainda maior do que ocorrera com Marina e Neca.
Fraga, ao aceitar o cargo antecipado de ministro da Fazenda, passou a ocupar a mídia, com entrevistas, todos os dias. Logo na virada do primeiro para o segundo turno, o movimento foi visto como bastante adequado. Os tucanos e seus próximos troçavam do fato de Dilma ter adiantado que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não continuará no cargo no caso de um segundo mandato. Aécio estaria, assim, em vantagem, por já ter um ministro indicado.
Nunguém contava que, numa recuperação inesperada, Mantega não se deixou abater pela situação de futuro sem Pasta. Num debate frente a frente com Fraga, a convite da jornalista Miriam Leitão, da Globo News, ele saiu-se bem o suficiente para despertar elogios até mesmo na imprensa internacional. Ao mesmo tempo, passou a saborear dados econômicos como uma leve recuperação na produção industrial e nas vendas de varejo, além da confirmação de mais de 900 mil vagas formais de trabalho abertas até o mês de setembro.
Enquanto isso, praticamente todos os dias, desde o início do segundo turno, manchetes econômicas do passado são mostradas pelo PT em seus comerciais de televisão. Associando lembranças como o segundo maior desemprego do mundo ao Brasil, os comerciais apontaram para Fraga, exclusivamente, como responsável por aquelas situações.
Nessa gangorra de personagens, Armínio foi escalado pelo PT como alvo preferencial. Os tiros disparados levantaram a presidente Dilma Rousseff na faixa de renda de até dois salários mínimos e melhoraram seu desempenho, em relação a Aécio, no segmento de dois a dez salários mínimos. Se a intenção era assustar os assalariados com a volta de Fraga, e desta vez com superpoderes na Fazenda, a impressão do momento é que deu certo.
Até aqui, os tucanos não encontraram uma defesa sólida para os flancos explorados pelo marqueteiro petista João Santana. Num dos disparos mais certeiros, logo após a divulgação do áudio da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o PT colocou no ar uma grava de Fraga dizendo não saber se iria "sobrar muito" dos bancos públicos após eles terem suas prioridades redefinidas. Bem, não pegou, tanto que Aécio passou a se preocupar em mandar uma série de mensagens tranquilizadoras aos funcionários do Banco do Brasil, Caixa e BNDES. Igualmente, o tucano procurou transmitir ao grande público a palavra de que não mudará as funções dessas instituições. Da ofensiva, ele teve de perder tempo se explicando – numa reta final, esse movimento não costuma ser positivo.
http://www.brasil247.com/pt/247/economia/157773/Arm%C3%ADnio-ser%C3%A1-para-A%C3%A9cio-o-que-Neca-foi-para-Marina.htm

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