Já contei essa história, mas vale a pena recordá-la porque muitos leitores acompanham o blog há menos tempo e não sabem. Quando eu era governador do Rio, e Pezão prefeito de Piraí, ele costumava me levar para comer um peixe que aqui no Rio é chamado “traíra”, num restaurante da região. Na época teve quem brincasse comigo dizendo: “Cuidado com a traíra do Pezão”. Eu não levei a sério, mas hoje, confesso que deveria ter ouvido as palavras proféticas. Vejam a ironia: Pezão foi secretário de Governo de Rosinha e foi minha indicação, com o apoio do nosso grupo, para ser o vice na chapa de Sérgio Cabral. Eu sabia que Cabral não tinha grandes ligações com o interior fluminense e achava importante que não ficasse abandonado no futuro governo (me enganei redondamente). Esse foi um dos motivos da escolha de Pezão. Todos no meio político sabem que Cabral não queria Pezão de jeito nenhum. Queria alguém de sua inteira confiança. Pois, foi só Cabral assumir o governo, que Pezão decidiu me trair e a Rosinha, para ganhar a confiança de Cabral. Logo no primeiro mês de governo numa visita ao interior atacou o governo de Rosinha, dizendo que era uma bagunça, engraçado, que ele foi secretário de Governo. Mas isso são águas passadas, serve apenas para que vocês conheçam melhor o caráter de Pezão. Pois vejam vocês, misturou-se com Cabral, deu no que deu. Está chafurdando na lama, envolvido em atos de improbidade, em escândalos, começando a descer a ladeira. Esse caso da desapropriação superfaturada do imóvel da família de sua mulher, em Barra do Piraí (postada sábado no blog), que denunciei, três meses antes da Época, com base numa ação que deu entrada no MP de Barra do Piraí, por iniciativa de um morador da cidade, Jeff de Castro, não é nada perto de tudo em que Pezão está metido. Vejam o caso da empreiteira Delta, do amigo de Cabral. Nas obras do Arco Rodoviário, Pezão é responsável por superfaturamentos absurdos, já detectados pelo Tribunal de Contas da União. E na reforma do Maracanã? Já se descobriu que Pezão mandou pagar a Delta por obras que nem foram realizadas, e olhem que as obras do Maracanã estão só começando e o dinheiro já começou a ir pelo ralo. Fora isso a Polícia Federal tem muitas informações de negócios de Pezão e seu braço-direito Hudson Braga, que por enquanto foram abafadas. Deslumbrado pelas mordomias, inebriado pelo poder, acostumado a ver seu chefe Cabral sendo protegido por várias blindagens, Pezão hoje, chega ao desplante de zombar da sociedade, debochar da lei, constranger a presidente da República, Dilma Rousseff, e na sua presença, numa cerimônia oficial fazer uma homenagem à empreiteira Delta, envolvida em numerosos escândalos não apenas com Cabral. Zomba de todos nós também quando diz no maior cinismo, como respondeu à revista Época, na maior cara-de-pau, que desapropriou a casa de família da sua mulher sem saber de nada. Jura de pés juntos, como se fossemos imbecis, que nunca nem conversou sobre esse assunto em família, não sabia de nada. Pezão está nas alturas. Sonha em ser o próximo governador sucedendo Cabral. Acredita que nada poderá atingi-lo, que a blindagem de Cabral vai protegê-lo por mais 3 anos e meio e que escapará impune para virar governador. Só esquece que nenhuma mentira dura para sempre. Até mesmo Cabral, com toda a blindagem da mídia, não conseguiu esconder o mar de lama, que já é visível, e podem estar certos, que muita coisa ainda vai aparecer daqui pra frente. O próprio Eduardo Paes, que vai disputar a eleição do próximo ano já anda preocupado vendo o “castelo de cartas” de Cabral começar a desmoronar. Imaginem no final de 2013, a um ano da eleição. Pezão pode até estar nas alturas e continuar sonhando em ser governador, mas não custa lembrá-lo de que quanto mais alto, maior é o tombo. E pelas denúncias que estão surgindo, não resta dúvida de que Pezão, hoje, mais conhecido como Mão Grande, começou a descer a ladeira. |
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Como o Pezão da Toca da Traíra virou o Mão Grande do Leblon
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