segunda-feira, 4 de julho de 2011

Moraisinho apontado como pivô de um esquema de corrupção em prefeituras do Ceará diz temer a morte.

Moraisinho é acusado de ser peça central em esquema de corrupção que tomou conta do interior cearenseMoraisinho é acusado de ser peça central em esquema de corrupção que tomou conta do interior cearense
Apontado pelo Ministério Público Estadual como um dos mentores do esquema de fraudes em licitações em prefeituras cearenses recentemente descoberto, o empresário Raimundo Morais Filho, o Moraisinho, diz ter medo de morrer. O POVO descobriu onde ele está preso há 45 dias, em local que a Polícia e o Ministério Público mantêm sob sigilo por questões de segurança, e na noite da última quarta-feira conversou com ele, com exclusividade, sob as vistas de um delegado especializado. 

O POVO opta por não identificar o local onde Moraisinho se encontra recolhido, a pedido dele próprio, já que diz ter sido ameaçado de morte. O empresário afirma que vem tomando remédio controlado para tentar diminuir a tensão.

Em conversa de cerca de meia hora com O POVO, o empresário admitiu sua parcela de participação em alguns casos, mas alegou que não agia sozinho e que não é o culpado em todos as denúncias feitas contra ele. “Se todo problema em licitações de prefeituras no Ceará for atribuído a mim, vai ser um absurdo. Todo dia é um mandado de prisão preventiva em cima de mim, como se tivesse feito tudo. Assim como eu, existem mil ‘Moraisinhos’ no Ceará”, desabafou.

Moraisinho diz ser dono apenas de uma empresa -a Falcon Construtora e Serviços Ltda -, dentre as apontadas pelo Ministério Público como participantes do esquema fraudulento. Quanto às outras empresas consideradas “laranjas” pelos promotores que participam da investigação, ele diz que “ter uma empresa no Brasil é difícil, imagine ter mais de uma”.

O empresário ressaltou, ainda, que não se conforma com a maneira como estão expondo o seu nome. “Não é querendo ser santo, mas estão colocando muita coisa em cima de mim”, reforça Moraisinho, acrescentando que outras pessoas também estão envolvidas no caso.

“Existe prefeito preto e prefeito branco, mas burro não existe mais não”, disse Moraisinho durante a conversa, referindo-se à defesa de alguns prefeitos investigados, que alegaram ter sido “ludibriados” pelo empresário.

Para o futuro, o empresário e estudante de Direito de 39 anos, que disse ter “envelhecido 10 anos no último ano”, pretende sair da prisão e reconstruir a sua vida. “O que eu posso fazer agora é me defender na Justiça”.

Entrevista
Demonstrando-se receoso em muitos momentos, Moraisinho não aceitou ser fotografado e só admitiu gravar uma entrevista com a presença do seu advogado de defesa, Paulo Quezado. O empresário, inclusive afirmou ter interesse em concedê-la, alegando que desde o início do caso não tem tido oportunidade de se defender na imprensa. “Estão querendo fazer de mim um monstro, o que eu não sou”, destacou. O POVO fez contato com o advogado, ainda na quinta-feira, e ele disse que precisava falar pessoalmente com seu cliente, no dia seguinte (ontem).

Ontem, O POVO voltou a fazer contato para tentar viabilizar a entrevista com o empresário. Apesar da presença da repórter no local onde ele está preso, de 15h até 20h30min de ontem, conforme tinha sido acertado, a ausência do advogado tornou a entrevista impossível.

Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA

Moraisinho é peça-chave na investigação em torno de esquemas de fraude de licitações em prefeituras recentemente descobertos. Portanto, o cuidado demonstrado em protegê-lo é totalmente justificável.

FRASES
“Todo dia é um mandado de prisão preventiva em cima de mim, como se tivesse feito tudo. Assim como eu, existem mil ‘Moraisinhos’ no Ceará”.

“Estão querendo fazer de mim um monstro, o que eu não sou”.

“Não é querendo ser santo, mas estão colocando muita coisa em cima de mim”.

“Existe prefeito preto e prefeito branco, mas burro não existe mais não”.
Raimundo Morais Filho, empresário
Ranne Almeida
ranne@opovo.com.br 

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