terça-feira, 12 de julho de 2011

Paulo Konder Bornhausen assume diretoria de banco e o BC vai deixar?


O banco que não era de Bornhausen (IX)

Em 95, Araucária movimentou R$ 5,5 bilhões para o exterior

Nas últimas edições, o HP publicou uma série de matérias para detalhar parte da escabrosa história de um banco de fundo de quintal, chamado Araucária, que se tornou uma das maiores lavanderias de dinheiro e de evasão de dinheiro sujo da História do país. O fato do senador Jorge Bornhausen, presidente do PFL, jurar que o banco não é dele, nem de sua família, deu origem ao nome da série: “O banco que não era da família Bornhausen”.

Como vimos anteriormente, o banco pertencia, formalmente, à família Dalcanale. A cunhada de Jorge Bornhausen, Ivete Terezinha Dalcanale Bornhausen, casada com seu irmão mais velho, Paulo Konder Bornhausen, é irmã e tia dos “controladores” do Araucária. Paulo Konder Bornhausen, o famoso PKB, considerado gourmet de primeira, cozinheiro preferido de Fernando Henrique, chegou a ser sócio formal do banco até 1995. Em 2003, Paulo Konder Bornhausen, e os ex-dirigentes e ex-sócios do banco Araucária foram denunciados à Justiça Federal em Curitiba (PR) por operações de lavagem de dinheiro entre 1994 a 2000. Segundo os procuradores que ingressaram com o processo, em 1995, cerca de R$ 5,5 bilhões foram movimentados para o exterior por meio de laranjas e do Araucária.

Mesmo sendo difícil detalhar em poucas páginas toda a história de irregularidades, mostramos indícios e provas encontradas pelas investigações concluídas no âmbito do Congresso Nacional, do Banco Central e do Ministério Público de que o banco Araucária praticou corrupção através das contas CC-5, fraudou documentos, realizou operações ilegais no mercado paralelo de dólares, mandou dinheiro irregular por meio do banco Integración (Paraguai), tinha um caixa 2 no banco Surinvest, realizou operações fraudulentas com títulos públicos, participação em licitações dirigidas, tornou-se o representante do banco Opportunity no Paraná para operar com contas proibidas para brasileiros (as chamadas Anexo IV) e fez movimentações irregulares com os bancos Marka e FonteCindam.

Além disso, verificamos o fato de que mesmo com inúmeros processos e relatórios feitos por funcionários interessados em combater a criminalidade financeira dentro Banco Central, forças “ocultas”, vindas de escalões superiores do BC, impediam o prosseguimento de tais instruções e ainda presenteavam o Araucária com novas benesses, como a autorização especial para operar com contas CC5. Por que um pequeno banco tinha tanta influência na direção do Banco Central? É claro que com a interferência de pessoas que estavam dentro governo, ou melhor, no comando do governo.
 
Depois de muito dinheiro rolar para o exterior – como demonstra a movimentação de uma única conta na Finambrás, onde corria cerca de US$ 3 milhões por dia, com picos de US$ 5 milhões – o Banco Central resolveu abrir inúmeros processos contra o Araucária. Diante de muitas resistências, alguns deles chegaram a percorrer 5 anos nos porões do BC sem que houvesse alguma condenação.
 
Durante anos, as instâncias responsáveis pelas investigações sofreram pressão para que os trabalhos não prosseguissem. Isso rendeu fôlego para os envolvidos contarem com o esquecimento e com a impunidade. Esse chegou a ser um dos principais motivos para que uma CPMI, a do Banestado, ter acabado sem relatório final, ou seja, para que os verdadeiros envolvidos em casos de corrupção com dinheiro público ficassem sem julgamento, sem condenação.

http://www.horadopovo.com.br/2006/janeiro/06-01-06/pag3d.htm


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