Trita Parsi e Reza Marashi, The Cairo Global Affairs, Universidade Americana do Cairo
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
O Oriente Médio passa pela mais dinâmica transformação desde a 1ª Guerra Mundial, quando Mark Sykes e Georges Picot dividiram a região em esferas colonizadas de influência, depois do colapso do Império Otomano. Quase um século depois, a derrubada de Hosni Mubarak no Egito e Zine El-Abidine Ben Ali na Tunísia, e com lutas ainda em andamento no Iêmen, Síria, Líbia e Bahrain, todos os estados na região – ou envolvido na região – foram forçados a reavaliar suas políticas e alianças.
Estudantes iranianos numa demonstração contra os EUA e o "imperialismo mundial," Teerã, 04 de novembro de 2010. Foto: Abedin Taherkenareh / EPA / Corbis |
Esses desenvolvimentos também estraçalharam os quadros nos quais diferentes governos entendiam, ou apresentavam o Oriente Médio. A luta definitiva não se trava entre “moderados” e “radicais”, ou não, pelo menos, se por “moderados” se entendem os governos aliados aos EUA e que vivam em virtual paz com Israel. Os ditadores depostos no Cairo e em Túnis, enquadram-se ambos nessa falsa definição de “moderados”. Tampouco a luta definitiva é a que se trava entre forças islâmicas e seculares. As multidões que protestam nas ruas clamam por democracia e dignidade, não por Islã ou sharia. E, se os protestos no Bahrain assumiram tom sectário, pode-se dizer que aconteceu por esforços da família real Al-Khalifa e seu protetor saudita – ambos ditos “moderados” pelo parâmetro anterior.
Mais que religião ou ideologia, são a geopolítica e a disputa pela hegemonia que aparecem como fatores centrais a modelar as respostas dos diferentes governos à agitação popular sem precedentes que cresce na Região. Em nenhum outro lugar isso é mais evidente que no Irã. Para a República Islâmica, os recentes acontecimentos sacudiram não só os sistemas políticos existentes (inclusive o seu), mas também a disputa por influência regional entre aqueles sistemas políticos e Israel, Arábia Saudita e os EUA por um lado, e a Turquia, como um terceiro vértice no que se pode descrever como uma “competição triangular” que começa a configurar-se. Para os iranianos, esse choque antes altera do que tende a pôr fim à rivalidade. E cria desafios e oportunidades para todos os lados.
Acima de tudo, a estratégia geopolítica do Irã visa a consolidar a República Islâmica como potência regional. Os pontos focais dessa estratégia são: (1) Melhorar ou, pelo menos, conseguir administrar, as relações com países vizinhos e países islâmicos chaves. Relações com – e vis-à-vis – Turquia e Arábia Saudita são crucialmente importantes para o posicionamento regional do Irã para ganhar influência no Iraque, Líbano, Palestina e outros pontos. (2) Consolidar a presença do Irã como destaque regional mediante capacidades técnicas locais. O programa nuclear iraniano, os testes de mísseis e o lançamento de satélites são faces dessa via estratégica. E (3) Fazer frente ao ocidente. Nas palavras do Supremo Líder Aiatolá Ali Khamenei, o Irã prepara-se para “não ceder” à pressão ocidental. O modo como o Irã encaminha o impasse nuclear é bom exemplo dessa linha estratégica.
Precedentes históricos sugerem ao Irã que as potências ocidentais tendem a aceitar a existência de potências regionais que alcancem formidável poder: China, Índia e Brasil são exemplos sempre citados. A República Islâmica conta com que, eventualmente, ela também venha a ser aceita. A virtude crucial, do ponto de vista do Irã, é a paciência. As lideranças em Teerã sabem que sua estratégia implica pagar alto preço – sanções, isolamento e conflitos não são sofrimento que se possam ignorar –, mas entendem que o Irã tem de chegar à posição de potência regional aceita. Por mais que o Ocidente insista em trabalhar para conter o Irã com pressões, sobre tudo pelo programa nuclear, pelo apoio ao Hezbollah e ao Hamás, e por violações de direitos humanos, a estratégia iraniana prosseguirá, animada de paciência e de uma firme convicção de que pode eventualmente dar certo, no longo prazo. Se para nada mais servir, essa atitude é como alerta discreto aos rivais, de que Teerã não recuará no atual impasse. O Irã entende que, se a República Islâmica não retroceder, mais cedo ou mais tarde o outro lado retrocederá.
Enquanto essa rivalidade vai-se configurando, as mudanças no cenário político mostraram tanto a importância da rua árabe, quanto a capacidade dessa rua para assumir papel decisivo no futuro da região – dois pontos sobre os quais o Irã sempre insistiu, opondo-se ao status quo regional. Assim, o Irã vê uma continuação da onda árabe democrática como desafio, não só às potências do status quoque investem numa ordem que não considera a rua árabe, mas, também como desafio às potências que se apresentam como seus ‘representantes’ ou ‘paladinos’.
Teerã identificou aí uma nova linha demarcatória na região, que estará sob pressão sempre crescente, à medida que cada um dos lados do ‘triângulo competitivo’ tenha de reposicionar-se para ocupar o vácuo criado pelo declínio do status quo comandado por EUA-Israel-Sauditas. No passado, essa rivalidade foi disputada nas duas arenas: na arena do poder hard (bélico) e na arena do podersoft (político e diplomático). Mas, quanto mais avançarem os levantes populares, menos será possível considerar alternativas bélicas na região, por causa do risco de exacerbar a instabilidade. Nesses termos, os líderes em Teerã concluem que não há real ameaça de guerras no horizonte; que o futuro é do soft power – da batalha de ideias, da batalha para conquistar corações e mentes.
Nesse quadro, o Irã enfrenta um problema. Se o principal instrumento do Irã para chegar à liderança regional tem sido seu soft powerexercido entre as populações da região – ancorado no movimento das populações de rejeitar o status quo de EUA-Israel-Sauditas; e combinado com investimento financeiro e político em grupos políticos em toda a região – , será que as mudanças regionais admitirão que a República Islâmica explore a seu favor as vitórias populares? Ou a emergência de uma rua árabe com mais poderes minará as bases do soft power iraniano, o que poderia criar situação em que os adversários do Irã venham a alcançar influência ainda maior que a atual?
Com a Primavera Árabe chegando ao sexto mês, a estratégia de Teerã – cautelosa e reativa, por problemas internos e pela paralisia da elite, e sempre pensada para explorar as limitações dos adversários – foi obrigada a fechar o foco.
O Status Quo
Questão central é saber como o Irã considera o vértice EUA-Israel-Sauditas, que luta para ajustar-se a uma região em fluxo. Há muito tempo Teerã entende que essa ‘aliança’ é força em declínio na região, e as mudanças no cenário político árabe só confirmaram essa percepção. A relutância do governo iraniano a negociar com os EUA não radica necessariamente na oposição ideológica à ideia de conversar ou ter melhores relações com Washington. Os mais ortodoxos em Teerã temem que qualquer relacionamento com os EUA exigirá a aquiescência, do Irã, às políticas regionais do status quo – o que roubaria do Irã a própria independência e o forçaria a seguir as políticas que investem nas ditaduras, nunca na rua árabe.
Desde os primeiros passos, a República Islâmica trabalha com a hipótese de que a rua árabe acabaria por derrubar as ditaduras pró-EUA e o equilíbrio de forças a favor de Israel. Todo o projeto iraniano de segurança regional de longo prazo baseia-se em apoiar a rua árabe e rejeitar qualquer engajamento com Washington – que sempre ressuscitaria, inevitavelmente, a velha imagem do Irã como aliado subalterno dos EUA. Os estrategistas iranianos não encontram, em toda a história presente e passada do Oriente Médio, exemplo de caso em que os EUA tenham construído relações de igualdade, na região. O que sempre se viram foram relações de mandante/subordinado – e essas relações são hoje, além de inconvenientes, extremamente impopulares no mundo árabe.
Os estrategistas e líderes políticos em Teerã entendem hoje que Israel e a Arábia Saudita enfrentam graves dificuldades estratégicas – o que, simultaneamente, limita a flexibilidade dos EUA para enfrentar os levantes regionais.
Só no último ano, Israel viu os interesses de dois de seus mais importantes aliados regionais separarem-se dramaticamente dos seus, talvez de modo irreparável. Os laços entre Turquia e Israel chegaram ao ponto mais baixo de todos os tempos, logo depois do ataque de Israel a Gaza em 2008 e, em 2010, depois de Israel atacar a Flotilha da Liberdade. Para vários analistas, as relações entre Israel e Turquia são já irremediáveis. Em 2011, com a queda da ditadura de Mubarak no Egito, Israel perdeu seu mais antigo e mais estrategicamente importante parceiro árabe – e até agora nada sugere que futuros governos no Cairo se interessarão por recompor aqueles laços. Telegramas diplomáticos dos EUA publicados por WikiLeaks mostraram a extensão da colaboração entre Israel e o Egito de Mubarak, contra o Irã.
O desafio que a Arábia Saudita tem de enfrentar configurou-se quando a Casa de Saud traçou uma linha-limite na areia, no momento em que os protestos chegaram ao vizinho Bahrain. A oposição dos sauditas ao apoio que os EUA queriam dar às revoltas na Tunísia e no Egito não recebeu a atenção que os sauditas esperavam que recebesse, e Riad passou a temer que a ‘traição’ dos norte-americanos acabaria por ameaçar todo o Golfo Persa. A possibilidade de uma monarquia sunita ser derrubada praticamente à porta dos sauditas, ou, mesmo, de que chegasse a ter de fazer algum acordo com partilha do poder; e de haver comunidades xiitas próximas ou no poder, ali tão perto, levou os estrategistas políticos sauditas a rejeitar absoluta e completamente todos os esforços dos EUA para negociar alguma reforma pacífica no Bahrain. A Arábia Saudita, então, ignorou todos os conselhos e pedidos de calma dos EUA e invadiu a nação vizinha liderada por minoria sunita, com o consentimento da família reinante do Bahrain; e esmagou, com violência extrema, um levante popular.
Por tudo isso, o Irã prevê um período extraordinariamente longo de tensões entre Washington e seus aliados, como mais um dos desafios que surgiram para o vértice EUA-Israel-Arábia Saudita. Se, por um lado, os EUA já reconheceram que o status quo regional é insustentável e tentam equilibrar seus valores (a democratização) e seus interesses estratégicos (apoio a Israel, acesso seguro a fontes de energia), por outro lado Israel e a Arábia Saudita interpretam de modo muito diferente os mesmos desenvolvimentos regionais.
Martin Kramer, do centro Shalem Center, de israelenses conservadores, indicou com total clareza o ponto central da discórdia, na “2011 Herzliya Conference”, em fevereiro passado. Depois de questionar a conclusão dos EUA, de que o status quo seria insustentável, Kramer disse: “Nós, em Israel, somos a favor do status quo. Entendemos que é sustentável. E mais: também entendemos que o trabalho de sustentá-lo cabe aos EUA.”
A preocupação e o tom de desafio também são palpáveis em Riad. O New York Times noticiou que, segundo funcionário árabe que foi informado das conversações entre o presidente Barack Obama e o rei Abdullah bin Abdulaziz Al-Saud, o monarca saudita mostrou-se absolutamente inflexível: “O rei Abdullah disse claramente que em nenhum caso, nunca, a Arábia Saudita admitirá governo xiita no Bahrain. Nunca.”
Parece estar definitivamente implantada a percepção, dos iranianos, de que o vértice EUA-Israel-Sauditas já é potência regional em declínio, incapaz de modificar suas políticas conforme uma nova distribuição do poder. Apesar de os proverbiais parafusos terem sido apertados, mediante sanções duríssimas, para aumentar o isolamento político e econômico do Irã no mundo, a República Islâmica, hoje, se vê como menos isolada do que antes, na região. Essa confiança aumentou com a queda dos dois autocratas pró-EUA no Egito e na Tunísia. A volatilidade na região, que desestabilizou muitos outros estados regionais, fez aumentar o poder de grupos políticos pró-Irã no Iraque e no Líbano. E o Irã entende que lhe cabe papel indispensável em qualquer solução de longo prazo que consiga estabilizar os interesses da segurança nacional dos EUA no que tenha a ver com não proliferação nuclear, combate ao terrorismo, segurança no campo da energia, no Afeganistão, no Iraque e, também, no conflito Israel-palestinos.
Desde o início do governo Obama, os estrategistas políticos em Teerã vêm repetindo que mudanças táticas na postura dos EUA não bastariam para realinhar as relações entre os dois países. Para o governo do Irã, para superar o impasse Irã-EUA é preciso que os EUA operem mudança na estratégia. Essa mudança não parece provável, impedida, como já está sendo, pelo movimento reacionário coordenado entre Israel, o Congresso dos EUA e os sauditas. Nesse quadro, o Irã vê como mais interessante, no curto prazo, engavetar qualquer noção de reaproximação com os EUA, que reformistas iranianos acalentaram; e entende que melhor fará se insistir no objetivo estratégico de forçar a rápida retirada, da região, dos soldados norte-americanos.
Dado que não se antevê qualquer possibilidade de aumento na flexibilidade estratégica dos EUA, os iranianos de linha-dura buscam uma situação de “rivalidade codificada”. Nessa situação, o Irã poderá continuar a acumular soft power a partir da rua árabe, manejando o próprio papel na região como principal crítico de EUA e Israel, mas de tal modo que a rivalidade nunca se aproxime de aberta confrontação militar. No contexto de uma rivalidade codificada, pode acontecer de aumentar o interesse de Teerã em colaborar taticamente com Washington, na medida em que se firmar a convicção de que o vértice EUA-Israel-Sauditas está realmente declinante.
As sanções – as medidas do Conselho de Segurança da ONU e as “medidas nacionais coordenadas” lideradas pelos EUA – feriram muito profundamente a saúde econômica do Irã. Mesmo assim, os estrategistas políticos em Teerã não alteraram a postura de não negociar sob pressão. Depois de todas aquelas sanções não terem provocado mudança alguma no plano estratégico do Irã, a República Islâmica entende que sua posição vis-à-vis os EUA foi fortalecida. A firmeza da posição iraniana devolveu a bola para a quadra norte-americana, como se o Irã perguntasse aos EUA: “E agora? O que mais inventarão?”
O Irã estimou corretamente que Rússia e China não aceitariam a imposição de novas sanções, no curto e médio prazos. Consequentemente, a estratégica dos EUA e da União Europeia visará a ampliar as “medidas nacionais coordenadas”, ou sanções por uma “coalizão de vontades”, no esforço de mostrar ao Irã o custo de suas políticas. Entretanto, convencer um conjunto de aliados já hesitantes, todos com antigos e duradouros laços comerciais com o Irã – inclusive Japão, Coreia do Sul, Índia e África do Sul – a aprovar outra rodada de sanções unilaterais exigirá, inescapavelmente, que os EUA aceitem ‘trocas’ diplomáticas e revigorem a diplomacia direta com o Irã. Não é tarefa fácil, dadas as dificuldades domésticas que o governo dos EUA encontrará, vindas de seu Congresso hostil.
Nesse quadro, os estrategistas em Teerã estão trabalhando a favor de uma narrativa pública que apresente os recentes levantes populares no Oriente Médio como inspirados pelo Islã/Irã. Privadamente, Teerã reconhece que a dinâmica regional é muito mais complexa do que sua narrativa pública sugere. Acreditam contudo que funcionará contra um status quo que por muito tempo só favoreceu os interesses dos EUA. O governo iraniano vê a crescente instabilidade em toda a região como modo de desviar a pressão e explorar as fissuras que há na comunidade internacional. A posição mais rígida do Irã em relação aos EUA é sinal de o quanto um grupo chave de estrategistas políticos em Teerã começa a sentir-se cautelosamente mais forte e legitimado na cena internacional, do que o sugerido pela narrativa dos EUA – com suas sanções, seu vírus Stuxnet contra computadores iranianos e seus assassinatos predefinidos.
Irã e autopercepção
Apesar de os estrategistas políticos em Teerã verem a agitação popular na região (com exceção da Síria) como fator que favorece o Irã no curto prazo, eles continuam cautelosos quando à sua própria capacidade para extrair vantagens de longo prazo da queda de ditaduras pró-EUA. Do ponto de vista do Irã, o vértice EUA-Israel-sauditas está em declínio desde a invasão do Iraque, o que se vê bem claro nos vastos protestos pela região, o que criou um vácuo de poder e liderança políticas que a República Islâmica procura ocupar. Mas, apesar de esse momento ter sido previsto há muito tempo pelo Irã, o Irã sabe que há outras forças disputando o mesmo poder. O Irã também entende que sua ambição pode ser frustrada, tanto pela natureza do vácuo político que se criou como pela própria posição do Irã na região.
Sendo o único estado de maioria xiita e persa na região dominada por sunitas e/ou árabes, o Irã sofreu sempre, historicamente, de um agudo complexo de solidão estratégica: o Irã não vê nenhum de seus aliados regionais como aliado ‘natural’; e a experiência que teve com superpotências extrarregionais acabou de convencer os estrategistas iranianos de que a segurança, no caso do Irã, depende da autossuficiência. A ideia de que o Irã estaria destinado a ser primus inter pares (o primeiro, entre iguais) nos processos regionais de tomada de decisões está profundamente implantado na identidade iraniana, seja qual for o sistema de governo ou liderança política num dado momento. O Irã vê-se como um estranho numa região, na qual, mesmo assim, ele aspira a liderar.
A história moderna ensinou ao Irã que o hard power [poder bélico], só ele, não facilita o caminho até a liderança regional. Mesmo quando os vizinhos árabes de Teerã reconheceram sua superioridade militar nos anos 70, o Xá acabou entendendo que não podia nem alcançar nem manter posição proeminente no Golfo Persa só pelas armas e petróleo; o Irã precisava ser visto como poder legítimo também pela rua árabe. O Xá também aprendeu que não poderia tratar os árabes como inimigos para sempre, mantidos à distância graças ao poderio militar do Irã. Era necessário mais que só uma política mais conciliatória, para conquistar a legitimidade da dominação iraniana; o modo mais eficiente de garantir a segurança de longo prazo do Irã seria tornar-se amigo dos árabes. Em meados dos anos 1970s, o Irã estava no auge. Aproximara-se amigavelmente do Egito, neutralizara o Iraque, quadruplicara os ganhos do petróleo e estabelecera sua posição de liderança regional. Mas o Xá ainda não conseguira superar as divisões entre sunitas e xiitas e entre persas e árabes. Para isso, seria indispensável o soft power [poder diplomático, mídia, universidades], item que, contudo, não existia no arsenal do Xá.
Os revolucionários iranianos que tomaram o poder em 1979 reconheceram tudo isso e trataram de criar pontes sobre as divisões entre persas e árabes mediante a ideologia do “Islã político”. Apesar de essa estratégia ter sido fracasso retumbante entre as elites árabes, que temiam ainda mais a força ideológica dos clérigos e intelectuais islâmicos que os exércitos do Xá, a promoção do Islã político, com seu conteúdo profundamente anti-imperialista, conquistou o respeito da rua árabe.
Por tudo isso, a percepção que o Irã tem dele mesmo, como potência regional, absolutamente não depende de superioridade militar, mas de seu investimento político e financeiro em vários movimentos regionais e de sua capacidade para explorar a seu favor a frustração da rua árabe em relação às questões de política doméstica miúda e às injustiças – como, por exemplo, o conflito entre Israel e palestinos.
[Continua]
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