sexta-feira, 28 de outubro de 2011

PIG avança no cerco: escândalo morto, escândalo posto



Sexta-feira, dia da nomeação do novo ministro, sua imagem já começa a ser desconstruída, inclusive pautada pelo mesmo PM milionário. Ainda falta a revista Veja e, quem sabe, a repercussão no Jornal Nacional.

Na guerra da comunicação sobre a chamada faxina, o PIG (Partido da Imprensa Golpista) avança no cerco ao governo Dilma, não interessa o que a Presidenta faça.

Escândalo morto, com a demissão de Orlando Silva, já procuram forjar escândalo posto com Aldo Rebelo.

Nós aqui sempre defendemos que a verdadeira faxina na corrupção deve ser feita continuamente, como rotina e com rigor, como faz a CGU, a Polícia Federal, o Ministério Público. E todas as repartições de governo devem ser cada vez mais aperfeiçoadas para agir com o mesmo rigor destes órgãos. Honestidade não é mais do que obrigação, e nem deveria ser visto como diferencial político, pois se tivéssemos um sistema jurídico rigoroso, os desonestos ficariam automaticamente banidos da política e dos cargos públicos.

No caso do Ministério dos Esportes, a política que parecia mais correta era apenas separar o joio do trigo, preservando os honestos, consertando o que estava errado, e divulgar à exaustão tanto os acertos, como as medidas exemplares tomadas para punir os desonestos e para prevenir a repetição de erros.

Orlando Silva era parte do trigo (pelo menos até agora convenceu, como poucos políticos, de que é inocente, e de que as políticas que desenvolveu apenas tiveram seus riscos inerentes de fraudes e ataque de picaretas, mas foram bem intencionadas e estruturantes. Boa parte deram bons resultados, e os fraudadores e picaretas estavam sendo punidos à medida que eram identificados).

É correto radicalizar os controles que estavam e estão sendo feitos no ministério do esporte (e é bom fazer o mesmo em todos os ministérios, para não se tornarem a bola da vez): cancelar convênios duvidosos, fazer um pente fino em todos eles, auditar, avaliar resultados (mesmo dos convênios honestos, se estão atendendo aos objetivos previstos), reaver dinheiro público desviado, punir fraudadores, expurgar picaretas, melhorar controles e procedimentos preventivos.

Mas tudo isso poderia ser feito sem a troca do ministro, tornando essa batalha mais árdua para o próprio governo no curto prazo, porém com resultados melhores no médio e longo prazo da guerra política.

Politicamente, a demissão do ministro foi como ceder uma fortaleza em uma guerra. O adversário captura o território e avança. Manter Orlando Silva, ainda que sob intenso tiroteiro, manteria o adversário preso naquela batalha, e também sofrendo desgaste, tanto na perda de munição, como na fadiga, até sofrer baixas na credibilidade a cada inocência provada, e a cada punição exemplar exibida pelo governo (inclusive fazendo o PM milionário - protegido da oposição e da imprensa - devolver os R$ 4 milhões que deve aos cofres públicos).

O objetivo de uma guerra é ir vencendo cada fortaleza ou linha de resistência até cercar o quartel-general inimigo, para exigir a rendição ou conquistá-lo à força. O jogo político da oposição no Brasil não é muito diferente, desde 2003.

A má notícia é que o PIG avançou e ficou mais forte em sua sina golpista. Além disso, a militância que deu suporte à Lula durante o mensalão, o "caos-aéreo", e à Dilma quando era ministra e candidata, está com a "moral da tropa" baixa, no momento, ao ver ministros inocentes caírem sem provas e com relativa facilidade.

As condições objetivas para uma boa notícia existem, mas está por vir, e só virá se o governo reagir com firmeza em sua comunicação, não com os veículos de imprensa intermediando a informação, mas diretamente com o povão, mesmo que seja através dos veículos de imprensa, mas usando a própria voz, como bem soube fazer Lula, e a própria Dilma quando era candidata.

Nem precisa expor a Presidenta a um interrogatório diário de jornalistas para discutir factóides e declarações de meliantes arregimentados pela imprensa para inventar denúncias, mas é preciso que ferramentas como o blog do Planalto se tornem fontes de informação para impedir que palavras falsas sejam colocadas na boca da Presidenta por "fontes do Planalto".

E é preciso também liberar mais os ministros e políticos governistas para falarem mais, dar mais entrevistas, fazer o contraponto, dar respostas do governo para os fatos noticiados. Ou seja: atuarem também como líderes políticos que são, e ocupar espaço que está vazio, deixando ser ocupado apenas pela mediocridade de gente como ACM Neto (DEMos/BA).

O governo ainda tem muitas fortalezas e as forças da oposição e do PIG ainda são limitadas. Mas é preciso mudar a tática urgente senão, de vitória em vitória do golpismo, acaba por levar o governo a perder a vantagem e entrar na zona de desestabilização pela oposição.

Todo cidadão brasileiro quer respostas firmes no combate à corrupção, e é dever do governo apresentá-las. Gostemos ou não da "faxina" virar assunto prioritário que despolitiza o verdadeiro debate político, o fato está consumado. Já virou pauta obrigatória nacional e internacional, e não há agenda positiva que fará a imprensa oposicionista desviar dessa pauta, onde ela está ganhando todas.

Na guerra da comunicação da faxina, pouco está interessando as atitudes enérgicas que o governo toma contra os casos de corrupção, porque tudo isso sai deturpado ao bel-prazer da mensagem que a imprensa oposicionista quer passar.

De nada adianta atitudes austeras e desejáveis, caso o governo não falar à exaustão, alto e em bom som o que está fazendo, com sua própria voz.

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