segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Um suposto “road movie” paraguaio com policiais de Brasília.



Pedro Artur Cortez
Aproveitando a safra de roteiros com muita ação e corrupção, tramita na ouvidoria da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal uma denúncia que, se pesquisada, daria um filme policial de estrada, de grafite, de política, teatro, esportes, manipulações, negligências e pedofilia. Decerto uma película tão empolgante quanto “Tropa de Elite2”.
Nela, 40 policiais militares do Distrito Federal embarcam em um ônibus especialmente fretado que os levará até a bela e turística Foz do Iguaçu, no sul do Brasil, região da Tríplice Fronteira. Estão em missão. São os 40 motoristas escalados para conduzir de Foz do Iguaçú até Brasília o primeiro lote dos 70 carros doados pela Receita Federal para a Subsecretaria de Programas Comunitários da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
Mas antes de chegar a Brasília, o comboio de 40 carros “dá um pulinho” em Ciudad del Este no Paraguai. Dali os 40 automóveis guiados por policiais militares voltam ao Brasil abarrotados de contrabando. Ao fim da viagem de 1.600 kms, a mercadoria é receptada por comerciantes da chamada Feira dos Importados.
Não é ficção. As denúncias são graves e atingem pessoas que comandavam a Subsecretaria de Programas Comunitários nos governos passados.
Eis a questão. Se de um lado temos sob acusação personagens poderosas que ocupam atualmente o primeiro escalão do governo Agnelo Queiroz, do outro lado são quatro mulheres do povo (Benelízia, Vanessa, Thayse e Bruna) e um oficial da reserva (major Bento), todos gravitando em situações onde constataram irregularidades na Subsecretaria de Programas Comunitários.
As denúncias vão desde manipulação da lista de casa própria da CODHAB, com cobrança de propina, a questões trabalhistas, contrabando, e o mais grave, relacionamento sexual com menor de idade. Logo a SUPROC, que divulga matéria contra a pedofilia em seu site.
A narrativa são declarações do major Jorge Bento da Silveira – secretário do Conselho Comunitário de Segurança do Jardim Botânico-DF. Refere-se a denúncias de abril de 2010 relatadas no processo n°: 0480.000726/2010 da Corregedoria-Geral do Distrito Federal.
O depoimento na ouvidoria da Secretaria de Segurança, base desta reportagem, foi tomado a 2 de dezembro de 2010 perante Dra. Ritalice de Fátima Porto, a titular, e Terezinha Amorim de Oliveira Kramer, escrivã de polícia.
O declarante lamenta por que até o momento, outubro de 2011, nada aconteceu. Nenhuma providência foi tomada. E ao contrário do que esperava, o principal alvo das denúncias, Francisco Normando Feitosa de Melo – ex-subsecretário da SUPROC -, tem privilégios também no atual governo: é o presidente do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente – CDCA/DF – nomeado pelo governador Agnelo Queiroz.
Sem pré-julgamentos, a sociedade brasiliense merece respostas de condenação ou absolvição quando autoridades são acusadas. O que não cabe aqui é o silêncio e a indiferença compartilhados, ambos alimentados pelo medo. Aparentemente blindados também no “Novo Caminho”, Francisco Normando Feitosa de Melo e seus 40 comandados, contudo, ainda reivindicam defender o bem-estar de menores. E pelo visto, sequer serão investigados.

Um comentário:

ARSENAL DE PALAVRAS disse...

JOSEPH PULITZER NÃO PIXAVA."O editor revolucionou os jornais com técnicas que alguns admiraram como um “Novo Jornalismo” e outros censuraram como “Jornalismo Amarelo”. Praticou um jornalismo rigoroso, tendo divulgado e combatido, nas páginas do seu jornal, a corrupção política – auto-proclamando-se “um defensor do lado das pessoas e um porta-voz da democracia”, lutando ao lado dos operários por menos horas de trabalho e melhores condições de vida para os pobres, e atacando as grandes companhias e monopólios laborais. Ele foi responsável por uma grande parte da legislação antitrust e pela regulamentação de companhias de seguro industriais. Ao mesmo tempo, foi incriminado de preencher as colunas do seu jornal com uma onda sensacionalista, já que aliava algumas inovações como cartoons, uma página dedicada ao desporto e outra às mulheres, uma edição que aborda crimes, desastres (mudando totalmente a capa do jornal mas também a disposição deste), a um uso exaustivo de imagens, gráficos, cor e publicidade e ainda títulos em letras garrafais. Para Pulitzer “presentation is everything”. Nos anos 90 foi mesmo acusado de práticas de “yellow journalism”, uma vez que servia-se de títulos destacados, notícias sensacionalistas, imagens e publicidade, com o objectivo de atrair leitores da classe trabalhadora e imigrantes. O seu propósito era mesmo aproximar-se das camadas sociais mais desfavorecidas, o que conseguiu através da adopção no jornal do ponto de vista delas e da utilização destes elementos, que tornavam o seu jornal mais atractivo. Pulitzer acreditava que o jornalismo era um serviço público, isto é, destinado às pessoas “pequenas” e não servindo os interesses do grande poder."