Foto: CHRISTIAN HARTMANN/Reuters
APESAR DA REJEIÇÃO DE ESTADOS UNIDOS E GRÃ-BRETANHA, PROJETO APRESENTADO PELO PRESIDENTE FRANCÊS, NICOLAS SARKOZY, GANHA PESO COM APOIO DO BRASIL E DA ARGENTINA. REPORTAGEM DE ROBERTA NAMOUR, DE PARIS
Roberta Namour – correspondente do 247 em Paris – A situação da Grécia e seu referendo sem sentido ainda estão entre os principais temas de discussão nas pausas da reunião do G20 em Cannes. A cada demonstração de enfraquecimento do poder do primeiro-ministro grego George Papandreou, o presidente Nicolas Sarkozy comemora com seus vizinhos de mesa. Mas enquanto o país não bate o martelo em direção a uma aceitação sem imposições do pacote de ajuda assinado pela União Europeia, é preciso seguir a agenda do encontro.
O chefe de Estado francês trouxe novamente à roda de discussões um assunto que ainda deve gerar muita discordância : a tal da taxa sobre transações financeiras. Herdeiro da "taxa Tobin", o imposto ganhou espaço com a crise de 2008. O Prêmio Nobel de Economia americano, James Tobin, criador da teoria, acredita que esse seja um meio de frear as "idas e vindas" especulativas no curto prazo nos mercados de divisas, ao impor uma pequena taxa às operações. "Os países pobres não podem ser duas vezes vítimas da crise, uma pela queda da atividade interna e outra pela diminuição da ajuda que recebem dos países ricos" disse Sarkozy para justificar a pertinência deste novo procedimento de arrecadação. Segundo um relatório apresentado por Bill Gates, a pedido do líder francês, uma taxa baixa de 0,1% sobre a ações e de 0,02% sobre as obrigações poderia arrecadar 48 bilhões de euros no G20 ou 9 bilhões de euros em escala europeia. A Alemanha defende a ideia. Por outro lado, Estados Unidos e Grã-Bretanha se mostram pouco cooperativos.
Mas o presidente Nicolas Sarkozy ganhou duas partidárias de peso. A presidente Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, da Argentina, se colocaram a favor do projeto. "Apoiamos a tese de que um piso único de renda não é filantropia, é uma rede de proteção mundial fundamental para enfrentar a crise", discursou Dilma, no plenário dos lideres, durante a sessão de trabalho sobre dimensão social da globalização e comércio. "O Brasil não irá se opor a uma taxa financeira mundial se isso for um consenso entre os países, a favor da ampliação dos investimentos sociais." Segundo ela, no Brasil, o Bolsa Família é um benefício parecido com o proposto pela organização.
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