quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A mais paulista das Avenidas faz hoje 120 anos



A mais paulista das Avenidas faz hoje 120 anosFoto: DIVULGAÇÃO

MUITO MUDOU DESDE QUANDO FOI INAUGURADA A AVENIDA PAULISTA, EM 8 DE DEZEMBRO DE 1891; PALCO DAS DIRETAS JÁ, EM 1983, E DA MAIOR PARADA GAY DO MUNDO, DESDE 1997, O LOCAL RECEBE HOJE 1,5 MILHÃO DE PESSOAS DIARIAMENTE E MERECE OS PARABÉNS DE TODOS OS PAULISTANOS NESTA QUINTA-FEIRA; VEJA FOTOS ANTIGAS

08 de Dezembro de 2011 às 10:17
Lucas Reginato _247 – Quando o engenheiro uruguaio Joaquim Eugênio de Lima projetou a Avenida Paulista no alto do morro do Caaguaçu ousou ao desenhar uma via com seis faixas. Inaugurada em 8 de dezembro de 1891, a grandeza da avenida pareceu megalomania na época, mas hoje, quando completa 120 anos, é até pouco para a quantidade assustadora de pessoas e veículos que transitam por ali.
Naquele tempo, a população da cidade era de menos de cem mil pessoas. Atualmente, são mais de dez milhões. Um aumento populacional único na história que foi acomodado pelas largas vias (hoje em dia, nem tão largas) da mais paulista das avenidas. Eventos históricos foram sediados nesse que é o ponto mais alto da cidade.
Ela foi a primeira via pública asfaltada em São Paulo. A partir de 1909, ilustres e desconhecidos fizeram história sobre o asfalto centenário. A passarela preferida dos insatisfeitos de São Paulo foi palco de marchas históricas, como a Diretas Já, em 1983, que reivindicou eleições presidenciais diretas no fim da Ditadura Militar, e a Parada Gay, que desde 1997 não para de crescer, sendo hoje a maior do mundo com cerca de quatro milhões de participantes.
Enquanto em suas primeiras décadas eram os casarões dos paulistanos abastados que povoavam os 2700 metros de avenida, hoje poucos deles sobreviveram à especulação imobiliária que ergueu arranha-céus das mais diversas instituições mundiais. O Doutor Oswald de Andrade, por exemplo, possuía terras no local que acabaram sendo vendidas para financiar as festas que seu célebre filho, escritor e antropófago de mesmo nome, promovia pela Pauliceia Desvairada.
Foi nela que o “Rei do Brasil”, Assis Chateaubriand, ergueu o Museu de Arte de São Paulo, em um projeto de Lina Bo Bardi inaugurado em 1968 com a presença da Rainha inglesa Elizabeth II, para se tornar um dos cartões postais da capital paulista. Do grande vão livre ainda se avista o centro da cidade e o Parque Trianon, inaugurado junto com a Paulista e oásis de sossego encravado no frenesi cotidiano.
A Casa das Rosas, desenhada por Ramos de Azevedo, ainda conserva no número 37 um espaço cultural, que hoje dirigido pelo poeta pernambucano Frederico Barbosa reúne curiosos e amantes música e poesia. Menos conservado está o palacete nº 1919, da família Franco de Melo, construção eclética que atualmente é mal cuidada pelos seus donos em represália ao tombamento do edifício como patrimônio público pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico.
Dados do instituto Data Popular afirmam que 1,5 milhão de pessoas transitam pela Avenida a cada dia. Pessoas das mais variadas classes que estão lá pelos mais variados motivos. É comum ouvir idiomas estrangeiros como mandarim ou inglês. É uma síntese da pluralidade de São Paulo.
Nesta época do ano, o fluxo é ainda maior, e o trânsito noturno chega a seu ápice. Os carros andam lentamente, já que ninguém quer deixar de apreciar os brilhos e adornos que preparam a avenida para o Natal. Mas em qualquer época do ano, além de muito movimentada, luzes e cores destoam no símbolo do poder econômico da cidade. Se no alto do Rio de Janeiro um Cristo Redentor vigia os cariocas, no mais ponto mais alto de São Paulo é uma Avenida, Paulista, que abre os braços.
Imagens cedidas pelo Núcleo de Documentação e Pesquisa da Fundação Patrimônio Histórico da Energia e Saneamento

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