segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Cai o chefão federal de 2016, e PF tripudia



Cai o chefão federal de 2016, e PF tripudiaFoto: JAMIL BITTAR/REUTERS

COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO CONFIRMA DEMISSÃO DO EX-SECRETÁRIO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E EX-DIRETOR-GERAL DA POLÍCIA FEDERAL LUIZ FERNANDO CORREA DO COMANDO DA SEGURANÇA DA OLIMPÍADA DE 2016; SUSPEITAS RECAEM SOBRE LOBBY A FAVOR DA DÍGITRO, EMPRESA-MÃE DOS GRAMPOS DA “PF REPUBLICANA” DE MÁRCIO THOMAZ BASTOS; REPORTAGEM DE CLAUDIO JULIO TOGNOLLI

20 de Fevereiro de 2012 às 17:01
Claudio Julio Tognolli _247 - O Comitê Olímpico Brasileiro confirmou, por meio de nota, a demissão do ex-secretário nacional de Segurança Pública e ex-diretor-geral da Polícia Federal Luiz Fernando Correa do comando da segurança da Olimpíada de 2016. A versão oficial é de que Luiz Fernando teria pedido demissão do órgão.
Os primeiros tiros contra o ex-todo-poderoso da PF partiram, nessa segunda-feira de Carnaval, justamente de seus ex-comandados. A maior entidade de classe da Polícia Federal, a Fenapef, que congrega quase 15 mil policiais em todo o Brasil, atirou na testa do ex-diretor. “No entanto, informações divulgadas pelo ex-governador Antony Garotinho e fontes ouvidas pela Agência Fenapef, confirmam que o Comitê, por unanimidade de seus membros teria resolvido afastar o delegado. Ele está sendo investigado, na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, através de uma PFC, por suas ligações com a empresa Digitro, de quem teria recebido comissões”.
Segundo a Fenapef, Luiz Fernando Corrêa também responde a ação movida pelo Ministério Público Federal, do Distrito Federal com base em documentos da Controladoria Geral da União, que o acusa de ter superfaturado R$ 13 milhões num consórcio liderado pela Motorola para o Pan de 2007.
Em seu blog, o ex-governador Fluminense, Anthony Garotinho, atirou puro anthrax nos olhos do ex-diretor da PF. "Aliás, Luiz Fernando Corrêa está colhendo o que plantou. Perseguidor de seus colegas da Polícia Federal e agindo na instituição fez mal a muitas pessoas. Agora diante da sua perda de prestígio e das revelações do seu enriquecimento pessoal e de suas fraudes vai ser difícil aparecer alguém para defendê-lo".
O Guardião é a estrela das operações da PF. O sistema de software e hardware fabricado pela Dígitro, de Santa Catarina, é capaz de gravar simultaneamente centenas de ligações. De acordo com a Dígitro, o sistema é desenvolvido de acordo com as necessidades do cliente.O preço á variável. A média de preços gira em torno de R$ 500 mil, além dos gastos com a manutenção — o MP de Mato Grosso comprou um por R$ 413 mil . A Procuradoria-Geral da República também já tem seu próprio Guardião. Quando substituiu o ex-delegado Paulo Lacerda na direção da PF, em 30 de agostode 2007,, Luiz Fernando Corrêa botou seu curriculum on line na página da PF: em que sustentava ter sido um dos principais consultores da Dígitro para desenvolver o Guardião.
Em 18 de abril de 2011, O deputado Anthony Garotinho (PR/RJ) já havia denunciad, no Plenário da Câmara dos Deputados, a existência de “um complô armado por "arapongas" ligados ao ex-secretário Nacional de Segurança Pública e ex-diretor geral da PF, delegado Luiz Fernando Corrêa”. De acordo com Garotinho, agentes ligados ao policial estariam por trás da interceptação telefônica (escuta) ilegal de diversos telefones da Prefeitura de Campos – a esposa de Garotinho, Rosinha é a prefeita - e até de sum dos seus filhos. As escutas seriam uma forma de intimidar Garotinho, para que ele pare com as presões sobre Luiz Fernando Corrêa.
A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara abriu um debate sobre o comportamento do ex-diretor-geral da PF. A Comissão aprovou naquela semana requerimento no qual o Legislativo solicita ao Ministério Público Federal dos estados do Paraná e de Santa Catarina uma cópia do inquérito civil movido contra Corrêa e a empresa DIGITRO.
Durante a gestão de Corrêa à frente da Senasp, a União adquiriu, com dispensa de licitação, junto à DIGITRO, mais de R$ 50 milhões em equipamentos de escuta telefônica. Como a transação envolveu recursos públicos, o Ministério Público Federal de Santa Catarina abriu uma investigação que aponta para a DIGITRO e ainda para a própria Polícia Federal. O inquérito foi aberto com base na suspeita da existência de irregularidades na aquisição dos equipamentos que compõem o sistema de escuta conhecido como Guardião.

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