segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O poderoso Henrique



Apesar de ter perdido cargo no Dnocs, líder do PMDB é o 

deputado com o maior número de afilhados políticos no segundo

escalão do governo. Sua influência, porém, pode estar com os 

dias contados

Izabelle Torres
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ELE QUER MAIS
Henrique Alves tem pelo menos dez cargos de peso no
governo, e ainda ambiciona a presidência da Câmara
Experiente por acumular o recorde de 11 mandatos consecutivos, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), tinha tudo para elevar o patamar das discussões políticas no Congresso, mas se especializou no caminho viciado do loteamento de cargos públicos. Atua, sem maior constrangimento, como portavoz do fisiologismo e sempre viu seus pedidos atendidos pelo Executivo.

Nas últimas semanas, porém, a maré parece ter começado a mudar. Depois de trombetear que Elias Fernandes não sairia do comando do Dnocs, o Departamento Nacional de Obras contra a Seca, teve de engolir a demissão de seu apadrinhado. Além disso, viu ameaçada sua candidatura à presidência da Câmara no ano que vem. “Se ele age assim na liderança do PMDB, imagine o que não vaifazer na presidência da Câmara?”, indagou a presidenta Dilma Rousseff a auxiliares. Mas Dilma terá muito trabalho se quiser mesmo limar de vez a influência de Henrique Alves. Hoje ele é um homem muito poderoso na Esplanada. Henrique Alves é apontado no governo como o maior padrinho de vagas no segundo escalão do governo federal. São atribuídas ao deputado quase 50% das nomeações feitas para contemplar o PMDB.

Metade delas consta da sua cota pessoalíssima e a outra parte é de apadrinhados dos amigos de Congresso, a quem também precisa agradar. O Planalto considera de responsabilidade direta de Henrique Alves a nomeação de quase 20 figuras que circulam pela Esplanada, entre eles o ex-deputado baiano Geddel Vieira Lima que ocupa a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal. Geddel estreitou laços com Henrique Alves durante sua temporada à frente do Ministério da Integração, quando comandava o Dnocs, preenchido ao gosto do deputado potiguar desde aquela época.

No Dnocs, apesar da demissão de Elias Fernandes, Henrique Alves avançou tanto que nomeou até o sobrinho José Eduardo Alves para uma diretoria no Rio Grande do Norte. Os tentáculos de Henrique Alves avançam ainda sobre o Ministério do Turismo, a Embratur, a Agência Nacional do Petróleo, a Conab e o INSS, onde emplacou o amigo Pedro Sanguinetti na diretoria de Orçamento. No Turismo, oito cargos de assessores e secretários foram preenchidos por indicação do deputado potiguar. Nos últimos dias, Dilma e o vice Michel Temer conversaram sobre o comportamento do líder do PMDB. 

Temer avocou para si a tarefa de enquadrá-lo. Integrantes do próprio PMDB admitem que a influência do líder da bancada no governo pode estar chegando ao fim.
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