segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mar de lama de Cachoeira pode ofuscar Mensalão



Mar de lama de Cachoeira pode ofuscar MensalãoFoto: Divulgação

EXTENSÃO DA OPERAÇÃO MONTE CARLO AMEAÇA JULGAMENTO RÁPIDO DO MAIOR ESCÂNDALO DO GOVERNO LULA; OS DOIS CASOS ESTÃO NAS MÃOS DO MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI; UM LADO, JÁ VÊ SINAIS DE CONSPIRAÇÃO; O OUTRO, FARÁ DE TUDO PARA POSTERGAR O PROCESSO

02 de Abril de 2012 às 08:19
247 - O julgamento do século no Brasil, que poderia ocorrer em maio deste ano, corre o risco de ser adiado. Trata-se do processo do Mensalão, que será relatado pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, o mesmo que ficou também encarregado de conduzir a investigação criminal contra o senador Demóstenes Torres (DEM/GO), que, aparentemente agia como sócio e lobista do bicheiro Carlos Cachoeira. Há ministros do STF, que defendem o julgamento rápido do caso. É o caso, por exemplo, de Joaquim Barbosa e Marco Aurélio Mello. Outros, como Lewandowski e Carmen Lúcia, têm sinalizado que seria melhor que isso ocorresse depois das eleições municipais deste ano, para que um julgamento técnico não se transforme em julgamento político.
Em resumo, o escândalo decorreu de três reportagens. A primeira, de Policarpo Júnior, em Veja, foi o filme de Maurício Marinho recebendo uma propina de R$ 5 mil nos Correios, uma estatal que, à época, era comandada pelo PTB de Roberto Jefferson. Em seguida, Jefferson, sentindo-se traído pelo PT, concedeu duas entrevistas à jornalistas Renata Lo Prete. Na primeira, disse que havia o Mensalão -- um esquema de compra de apoio parlamentar. Na segunda, afirmou que este esquema era operado pelo publicitário Marcos Valério de Souza. A terceira reportagem da série, assinada por Leonardo Attuch, responsável pelo 247, na Istoé Dinheiro, foi a entrevista com Fernanda Karina, secretária de Valério, que deu consistência e credibilidade às denúncias de Jefferson, na condição de testemunha.
Sabe-se, agora, que a fita de Marinho foi gravada por Cachoeira e entregue a Policarpo Júnior, de Veja. Segundo o ex-prefeito de Anápolis, Ernani de Paula, cuja mulher foi suplente de Demóstenes no Senado, havia uma agenda oculta no escândalo. Cachoeira e Demóstenes queria retaliar o governo pelo fato de o senador não ter sido nomeado Secretário Nacional de Segurança Pública, onde trabalharia pela legalização do jogo no Brasil. Ernani de Paula sabia do plano porque sua ex-mulher se tornaria senadora.
Essas novas revelações já têm sido vistas por alguns como parte de uma conspiração para livrar a casa dos mensaleiros. A insinuação é de que a Operação Monte Carlo, ainda que legítima, teria motivações políticas. Será? Seja como for, o PT não deve partir para a cassação imediata de Demóstenes Torres. Deve trabalhar o assunto em banho-maria, para que permaneça o maior tempo possível na mídia.
Leia, abaixo, notas de Claudio Humberto a respeito do possível adiamento do Mensalão:
"Aumentou a aposta no PT para que o caso Cachoeira/Demóstenes Torres ajude a adiar o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, previsto para junho. O relator de ambos os casos, ministro Ricardo Lewandowski, que foi rápido como um raio para abrir investigação e quebrar o sigilo do senador do DEM-GO, já avisou que não tem pressa de levar o caso do mensalão ao plenário do STF. O vazamento administrado de gravações que comprometem o senador Demóstenes Torres obedece à tática de ofuscar outros escândalos."

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