por Carlos A. Barbosa | agosto 10, 2009 | Hora postada: 15:43
O presidente de honra do PSDB no Rio Grande do Norte, João Faustino, esteve neste último sábado (8), como um dos destaques nas páginas do Jornal do Commercio, maior veículo da mídia impressa de Pernambuco. O ex-deputado foi entrevistado pela jornalista Ana Lúcia Andrade e entre outros assuntos falou da sua relação com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e sobre política, ressaltando a campanha eleitoral de 2010. Segue abaixo a entrevista na íntegra:
ENTREVISTA / JOÃO FAUSTINO FERREIRA
“O vice do PSDB tem de ser do Nordeste”
Primeiro suplente do senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), João Faustino Ferreira acompanha José Serra há 50 anos. Deixou a chefia do Gabinete Civil do governo tucano, em janeiro, para “colaborar com o projeto 2010″. Traduzindo: coordenar a campanha presidencial de Serra no Nordeste. Pernambucano de Aliança, Mata Norte, João Faustino defende que o vice do PSDB – seja Serra ou Aécio o candidato – deve ser nordestino. E entre os líderes da região, diz não encontrar nome melhor do que o do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB).
JORNAL DO COMMERCIO – Qual é a sua relação com o governador José Serra?
JOÃO FAUSTINO FERREIRA – Eu era subchefe do Gabinete Civil do governo de São Paulo. Deixei essa função para colaborar com o governador. Ele ainda não formou sua equipe de coordenação (de campanha), não existe ainda um coordenador, nem coordenadores regionais. Estou colaborando na condição de amigo pessoal dele, de colaborador que sou dele. Fui vice líder de Serra na Câmara dos Deputados. Sempre que convocado por ele, como eu tenho sido, procuro colaborar com esse projeto de 2010. Esse projeto (2010) ele só quer deflagrar a partir de fevereiro do ano que vem. Os eventos dos quais ele participa são eventos meramente administrativos, culturais, não têm assim a conotação nitidamente política. Tanto que em Exu ele fez questão de ser recebido quase que exclusivamente por lideranças locais.
JC – Mas foi inevitável não perceber o governador como pré-candidato a presidente.
FAUSTINO – Apesar de passarem lá o senador Sérgio Guerra e outras lideranças locais, não se teve essa conotação. Porque não estamos em campanha ou fazendo proselitismo político.
JC – Quando o senhor foi afastado da subchefia do Gabinete Civil do governo Serra?
FAUSTINO – Em janeiro desse ano.
JC – Para assumir a coordenação da pré-campanha de José Serra no Nordeste?
FAUSTINO – Exatamente por não se estar em campanha é que não existe coordenador. Existem pessoas que colaboram com esse momento do governador – na condição de líder nacional que ele é – em várias regiões do país.
JC – Mas o senhor é filiado ao PSDB ou foi contratado pelo partido?
FAUSTINO – Eu sou fundador do partido. Sou uma das 18 assinaturas da aprovação do manifesto partidário (manifesto de criação do PSDB). Em Pernambuco, eu estive ao lado de Cristina Tavares (ex-deputada federal que faleceu em 1992), Egídio Ferreira Lima (ex-deputado federal), para não falar em Mário Covas (ex-governador de São Paulo que faleceu em 2001), Franco Montoro (ex-governador de São Paulo que faleceu em 1999), José Richa (ex-senador pelo Paraná que faleceu em 2003), Pimenta da Veiga (ex-presidente nacional do PSDB). Portanto, tenho uma presença partidária de fundador do partido. Me interesso muito por esse projeto de 2010, essa presença em várias regiões do país.
JC – O senhor é nordestino?
FAUSTINO – Sou Pernambucano, mas faço política no Rio Grande do Norte. Fui deputado por 16 anos, quatro mandatos, e hoje sou o primeiro suplente do senador Garibaldi Alves. Meu território político é o Rio Grande do Norte.
JC – Uma função de subchefe do governo de Serra presume uma razoável proximidade do senhor com o governador.
FAUSTINO – Eu conheço Serra há 50 anos. Fizemos política estudantil juntos. Participamos do Congresso (estudantil) de Santo André (SP), em 1963. Trabalhei com ele para que fosse presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), hoje transformada em casa de pelegos. Na época eu fazia política estudantil no Rio Grande do Norte e era presidente da UEE (União Estadual dos Estudantes) e Serra era presidente da UEE em São Paulo. Depois, ele foi para o exílio e eu fiquei por aqui. Fui perseguido pelo regime militar, preso, mas fiquei no batente. Com a volta de Serra, ele se elege deputado federal e me convoca para ser vice-líder dele. Depois, quando ele foi ministro da Saúde, servimos juntos ao governo Fernando Henrique. Já sem mandato, eu ocupei o cargo de secretário-geral da Presidência da República. Nós sempre tivemos um excelente relacionamento.
JC – Que avaliação o senhor faz da recepção de José Serra no Nordeste em sua passagem por Exu?
FAUSTINO – Eu vou lhe dar uma pesquisa que foi feita recentemente no meu estado, o Rio Grande do Norte. Serra tem 37%, Dilma tem 17% e Ciro Gomes tem 15%. Então, no meu estado ele tem uma aceitação muito positiva.
JC – Mas em Pernambuco o presidente Lula é muito forte. E ele atuará como cabo eleitoral da ministra Dilma nessa eleição…
FAUSTINO – É, é a terra do presidente. Ele está muito presente aí, isso pode ter um quadro diferente.
JC – E o que pode equilibrar esse jogo em Pernambuco?
FAUSTINO – A força da liderança do senador Jarbas Vasconcelos.
JC – Como candidato a vice de Serra ou a governador do Estado?
FAUSTINO – Jarbas é referência nacional. É um dos quadros mais sérios, competentes e mais brilhantes que o Brasil possui neste momento. Qualquer candidato a presidente se sentiria orgulhoso, gratificado e seguro de tê-lo como vice. Mas agora tudo isso é apenas um desejo meu e de alguns militantes do PSDB. Isso depende das decisões partidárias. Jarbas está no PMDB, que é um partido dividido e hoje muito próximo do governo federal. Tudo isso dificulta, não tenha dúvida.
JC – Mas na sua avaliação, para o projeto Serra, o senador Jarbas contribuiria mais sendo vice ou candidato a governador?
FAUSTINO – Veja bem, o candidato a vice presidente na chapa do PSDB – seja o candidato a presidente Serra ou Aécio Neves -, tem de ser do Nordeste. E não há nome mais qualificado, de maior expressão, do que o senador Jarbas Vasconcelos.
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