quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Santander drena bilhões do Brasil para a Espanha



Santander drena bilhões do Brasil para a EspanhaFoto: DIVULGAÇÃO

COM ECONOMIA BRASILEIRA FORTE, BANCO DO ESPANHOL EMÍLIO BOTÍN (À ESQ.) QUER EMITIR EM NOVA YORK 310 MILHÕES DE AÇÕES DA SUBSIDIÁRIA BRASILEIRA; MERCADO DESCONFIA QUE DINHEIRO ARRECADADO IRÁ PARA A ESPANHA, SALVAR A MATRIZ; ACIONISTAS DO BANCO DIRIGIDO AQUI POR MARCIAL PORTELA PERDEM; PAPÉIS CAÍRAM 3% ONTEM E, HOJE, MAIS 2%

17 de Novembro de 2011 às 10:55
Marco Damiani_247 – Sempre com um denominador comum – o uso da subsidiária brasileira --, o banco Santander está começando a esgotar as possibilidades para salvar do esvaziamento sua matriz na Espanha. Depois de promover uma intensa remessa de recursos da filial brasileira para a sua suntuosa sede mundial, em Madri, como forma de cobrir os seguidos maus resultados em seu país de origem e no continente europeu, agora a estratégia do Santander para enfrentar sua crise é fazer uma emissão secundária de ações na Bolsa de Nova York, no valor total de R$ 4,428 bilhões de reais. Os papéis que serão oferecidos ao mercado americano, à quantidade de 310,8 milhões de unidades de ações, pertencem ao Santander Brasil e são negociados na Bolsa de Valores de São Paulo sob o código SANB11.
A grande emissão e venda desses papéis, cuja autorização à SEC (Securities and Exchange Commission) foi pedida oficialmente ontem, deve provocar uma forte redução no valor atual das ações nas mãos de investidores brasileiros, à medida em que milhões de novas unidades estarão no mercado. Além disso, é forte a desconfiança de que o dinheiro a ser arrecadado pelo Santander não será investido em sua operação no Brasil, mas sim na Espanha, onde o banco já sofreu este ano rebaixamento em suas notas de higidez dadas pelas agências de classificação de risco Standard & Poor´s e Moody´s. Em razão da redução em suas notas e da crise financeira que atinge o continente europeu, em geral, e a Espanha ainda mais duramente, uma emissão de ações diretas da matriz espanhola do Santander ou de subsidiárias em outros países teria, de saída, mais chances de fracasso, em razão da projetada falta de interesse dos investidores em comprar papéis de risco. No entanto, as chances de aceitação dos papéis da subsidiária brasileira aumentam à medida em que a economia do País é uma das poucas que vai se safando dos efeitos mais graves da crise financeira mundial.
“Vemos tal notícia como negativa”, disse Aloisio Villeth Lemos, da Ágora Corretora, em um relatório publicado nesta quinta-feira, a respeito da emissão de papéis do Santander Brasil nos Estados Unidos. “E a julgar pelo comportamento do pregão, essa noticia já repercutiu negativamente”. Com efeito, as ações SANB11 recuaram 3,06% na quarta-feira, no pregão da bolsa paulista. No ano, a desvalorização acumulada é de 33,93%. Trata-se do segundo pior desempenho do índice financeiro (IFNC), que acompanha as ações do setor. Às vésperas da apresentação de seus resultados no terceiro trimestre, as ações do Santander Brasil tiveram suas recomendações de compra rebaixadas para “neutra” por analistas de três dos maiores bancos do mundo: HSBC, JP Morgan e Citibank.
Para o analista Lemos, da corretora Ágora, além da natural pressão vendedora com a diluição da participação dos atuais acionistas, a operação em Nova York poderá estimular os rumores de que o Santander Espanha poderia utilizar a sua subsidiária para elevar a disponibilidade de capital de sua matriz.
Segundo a nota enviada pelo banco, qualquer um dos acionistas do controlador espanhol, Grupo Empresarial Santander, S.l. e o Banco Madesant, poderá oferecer para venda, periodicamente, até 310,832 milhões de ADSs ou units (ações) do Santander Brasil, ou seja, até 8,1% do número total de papéis. O Santander Brasil, além disso, tem o compromisso de atingir o nível de 25% das suas ações em circulação no mercado até 2014, contra os atuais 18,2%.

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