domingo, 27 de novembro de 2011

Valeu, Rubinho



Valeu, RubinhoFoto: DIVULGAÇÃO

A CARREIRA DE RUBENS BARRICHELLO NA FÓRMULA 1 PROVAVELMENTE CHEGOU AO FIM; NUNCA, UM ESPORTISTA BRASILEIRO FOI TÃO RIDICULARIZADO; E ELE, QUE TENTOU PROVAR PARA O MUNDO QUE NÃO ERA LENTO, IRIA MAIS LONGE SE NÃO SE COBRASSE TANTO

27 de Novembro de 2011 às 15:49
247 - Ao que tudo indica, terminou, na última volta do GP Brasil de Fórmula 1, às 15h37 deste domingo, em Interlagos, a carreira do piloto Rubens Barrichello, depois de 322 corridas disputadas, 11 vitórias e 658 pontos conquistados. Rubinho não realizou seu sonho, o de ser campeão mundial da categoria, e deixa a F1 com dois recordes: ele foi o piloto mais longevo de todos os tempos, com 19 temporadas, e também o mais ridicularizado pela própria torcida. Uma torcida, diga-se de passagem, malacostumada depois dos oito títulos conquistados por Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. Quando Rubinho chegou à Formula 1, em 1993, o Brasil era considerado uma potência do automobilismo. E, naquele ano, a Alemanha, de Michael Schumacher e do atual bicampeão Sebastian Vettel, nunca havia conquisto um cetro da Fórmula 1. Em 1994, depois da morte de Ayrton Senna, passaram a pesar sobre as costas de Rubinho a tarefa de substituir um gênio das pistas.
Tudo isso foi demais para Rubinho. Um piloto que colecionou bons resultados antes de chegar à Formula 1 - foram vários títulos no kart e nos circuitos europeus - mas que nunca conseguiu brilhar, de fato, na maior categoria do automobilismo. Rubinho teve sua chance de ouro na Ferrari, onde correu entre 2000 e 2005, anos em que a escuderia italiana dominou o circuito. Mas o piloto brasileiro sempre foi um coadjuvante de Mika Hakkinen e Michael Schumacher. Em 2009, Barrichello teve a grande de sua vida, quando correu pela Brawn GP, que venceu quase todas as corridas da temporada. E, naquele ano, Barrichello também foi dominado pelo rival interno Jenson Button.
Neste ano, com uma Williams pouco competitiva, Rubinho não marcou pontos e as portas se fecharam para ele. Em 2012, ele só conseguirá correr se encontrar patrocinadores dispostos a pagar por isso -- o que parece cada vez mais improvável. Pilotos brasileiros mais jovens, Felipe Massa e Bruno Senna, chegaram a defender publicamente a aposentadoria de Rubinho, mas nenhum dos dois inspira confiança de títulos futuros para o Brasil. Massa, por exemplo, também foi um segundo piloto de Michael Schumacher e agora é um coadjuvante de Fernando Alonso. Bruno Senna não tem vaga garantida na próxima temporada.
Ele foi feliz nas pistas?
Para quem acompanhou a carreira de Rubinho nas últimas duas décadas, fica uma dúvida: ele foi feliz na Fórmula 1? Rubinho chorou nas vitórias, reclamou das derrotas, fez sua "sambadinha" nos pódios, mas muitas vezes transmitiu a impressão de que corria para provar para o mundo que não era o piloto lento, ou quase uma tartaruga, ridicularizado em programas humorísticos como o Casseta & Planeta.
Rubinho fez o que pôde. Se tivesse corrido sem o peso das cobranças, talvez tivesse realizado seu sonho.

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