- No Vermelho
Berna, Suíça: polícia reprime ato contra Davos
Este foi o debate na principal reunião dos ricos do mundo, em Davos (Suíça). O tema foi proposto por Klaus Schwab, dirigente daquele Fórum. Para ele, “em sua forma atual, já não se encaixa no mundo que nos rodeia” e as elites econômicas e políticas “correm o perigo de perder por completo a confiança das futuras gerações”.
Desde 1971 todo início de ano reúnem-se em Davos (Suíça) as pessoas mais ricas e poderosas do mundo para discutir maneiras de defender e aumentar sua própria riqueza. Eles formam o coração do sistema capitalista e as decisões que tomam repercutem sobre a vida de todas as pessoas do planeta. E de forma prejudicial aos trabalhadores, aos povos e ao meio ambiente. O tema da festa sempre foi aumentar o capital e a riqueza, e isto significa aumentar a exploração do trabalho e da natureza, favorecendo os ricos e prejudicando os pobres.
Este ano, no auge da crise mundial, o tema foi menos festivo e mais preocupante para os donos do dinheiro: “O capitalismo tem futuro?” “Vai sobreviver?”
Estas perguntas foram feitas, este ano, aos mais de 2.500 ricaços do mundo que lá se reuniram, entre 25 e 29 de janeiro, provocados pelo próprio fundador do Fórum Econômico Mundial, de Davos, o economista Klaus Schwab que propôs um debate sobre a reforma do capitalismo que, disse ele, “em sua forma atual, já não se encaixa no mundo que nos rodeia”, no qual as elites econômicas e políticas estão ameaçadas e “correm o perigo de perder por completo a confiança das futuras gerações”. Outro grande empresário, o britânico, John Griffiths-Jones, diretor da KPMG (uma gigante na área de contabilidade), propõe um “conceito de capitalismo responsável” e pergunta: “o capitalismo está funcionando?”
A conta da crise econômica está sendo jogada sobre os trabalhadores
São questões fundamentais não só para os ricos do mundo, os donos do capital, mas principalmente para os trabalhadores e os povos. A conta da crise econômica está sendo jogada sobre os ombros do povo e dos trabalhadores. Os governos da União Europeia e dos Estados Unidos correm para salvar os banqueiros e os grandes especuladores e para garantir os lucros do capital espoliam a sociedade: cortam benefícios sociais, aumentam o tempo de trabalho para concessão de aposentadorias e diminuem seu valor, reduzem os salários e investimentos e, em consequência, aumentam o desemprego.
A Europa iniciou 2012 com mais de 20 milhões de desempregados, situação calamitosa que se agrava quando se trata de trabalhadores com menos de 25 anos. O desemprego juvenil foi superior a 22% na União Europeia, afetando 5,6 milhões de rapazes e moças. Nos Estados Unidos, o desemprego em 2011 foi de 8,5%; entre os jovens foi muito maior, chegando a 18%.
Tudo isso para beneficiar um punhado de ricaços que mandam na economia do mundo e vampirizam o trabalho de milhões e a riqueza por ele produzida.
As corretoras Capgemini e Merril Lynch, que trabalham para os ricos, mostram que existem, no mundo, uns 11 milhões de pessoas com mais de um milhão de dólares disponíveis para investimento. Eles são apenas 0,16% do total entre os sete bilhões de habitantes do planeta mas controlavam, em 2009, uma riqueza equivalente a 39 trilhões de dólares (62% do PIB mundial de uns 63 trilhões de dólares em 2009).
Na outra ponta, estão os 99,84% de seres humanos entre os quais a pobreza se aprofunda. No ano passado, na rica Europa 15 milhões de pessoas corriam o risco de fome.
A fome ronda os trabalhadores na Europa
A situação é dramática particularmente na Grécia. Há notícias de crianças que desmaiam de fome nas escolas. Ou de mães que abandonam os filhos à caridade pública. Um padre de um centro que atende jovens pobres em Atenas, no fim do ano encontrou quatro crianças em sua porta – entre elas um bebê. “No último ano, recebemos centenas de apelos de pais que querem deixar seus filhos conosco”, disse. Por não ter dinheiro para cuidar das crianças!
O povo dos EUA vive drama semelhante. Lá, o país mais rico do mundo, já passa de 50 milhões as pessoas em situação de pobreza extrema. Entre eles, 16 milhões de menores de idade que em alguns dias não tem o que comer.
Os ricos do mundo estão com medo, e com razão. Crescem, em toda parte, os protestos contra o capitalismo e a máscara do privilégio vai caindo. As palavras de ordem contra a escandalosa riqueza que condena os trabalhadores à pobreza se multiplicam. Nas ruas e praças, manifestações cada vez maiores exigem emprego, pão, educação, saúde e querem o fim dos privilégios ao capital. Se os privilegiados de Davos querem uma resposta, basta prestarem atenção às ruas e praças. A resposta está lá, em alto e bom som: não há saída no capitalismo - o rumo é outra sociedade, justa e igualitária: o socialismo.
Fonte: Classe Operária nº 43, fevereiro de 2012
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