domingo, 12 de fevereiro de 2012

Serra ensaia aliança com Henrique Meirelles



Serra ensaia aliança com Henrique MeirellesFoto: Divulgação_HÉLVIO ROMERO/AGÊNCIA ESTADO

O PSD, DE KASSAB, SABE QUE DIFICILMENTE FECHARÁ ACORDO COM O PT. O PSDB, POR SUA VEZ, AINDA NÃO TEM CANDIDATO COMPETITIVO. E ESTE ACORDO PODE BENEFICIAR OS DOIS LADOS: SERRA QUER DISPUTAR A PRESIDÊNCIA EM 2014 E MEIRELLES SONHA EM SER PREFEITO DA CIDADE DE SÃO PAULO SEM ENFRENTAR O TESTE DAS URNAS

12 de Fevereiro de 2012 às 00:15
247 – É complexo o cenário da eleição municipal em São Paulo. O PT desprezou sua maior liderança em São Paulo, a ex-prefeita Marta Suplicy, e a trocou pelo antigo rival Gilberto Kassab. Este, por sua vez, sabe que uma aliança com os petistas dificilmente será engolida pela militância do PT. Entre os tucanos, o único candidato competitivo parece ser José Serra, que sonha mesmo com a presidência da República, e não com uma administração local. Mas a prefeitura de São Paulo, com o terceiro maior orçamento do País, é grande demais para ser desprezada. E, hoje, Serra e Kassab são “sócios” na gestão da maior cidade do País. Vão abrir mão de uma trincheira tão poderosa?
Por isso mesmo, nos últimos dias, surgiram os primeiros sinais de que Serra e Kassab estarão próximos na disputa de 2012. E isso passa por uma chapa até pouco tempo atrás impensável: Serra como prefeito e Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, recém-filiado ao PSD, como vice. Seria uma alternativa de dois homens experientes, já testados na vida pública, contra duas promessas: Gabriel Chalita e Fernando Haddad – o candidato que lidera as pesquisas, Celso Russomano, ainda não é percebido como uma alternativa viável e competitiva.
O essencial para que o acordo saia é a possibilidade de atender interesses de todas as partes. Serra quer ser candidato à presidência da República em 2014 e aposta que o rival Aécio Neves é um “balão com pouco gás”. Meirelles gostaria de administrar São Paulo, desde que não tenha que enfrentar o teste das urnas. E Kassab, que montou o terceiro maior partido do País, mas é mal avaliado em seu território, precisa de uma vitória em São Paulo para preservar influência dentro do próprio PSD.
Para viabilizar a aliança, será preciso antes aparar algumas arestas. Serra foi um crítico contumaz – e equivocado – da boa gestão de Henrique Meirelles no Banco Central. Tê-lo numa chapa reduziria o potencial de ataques do PT, uma vez que Meirelles prestou bons serviços aos dois governos Lula. Além disso, como o PT estendeu o tapete vermelho a Gilberto Kassab, o espaço para críticas à atual gestão já foi reduzido. Finalmente, um dos grandes entusiastas do acordo e da dobradinha Serra-Meirelles é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
As conversas já começaram, mas nada será decidido ou anunciado antes de março. Se for candidato, Serra deixará o anúncio para a última hora, como é do seu feitio. Meirelles é um curinga. Juntos, com a máquina da prefeitura e a capacidade de arrecadação de Meirelles, seria muito difícil derrotá-los.

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