quarta-feira, 14 de março de 2012

Collor alerta Dilma sobre necessidade de diálogo com Congresso




GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA 

Ex-presidente da República, o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) alertou a presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira sobre a necessidade de dialogar com o Congresso Nacional.

Sem citar nominalmente a presidente, Collor disse que o Planalto precisa "ouvir a Casa do lado".

"Digo isso com a experiência de quem, exercendo a Presidência da República, desconheceu a importância da Câmara e do Senado. O resultado deste afastamento do Legislativo Brasileiro redundou no meu impeachment."

Collor disse esperar que a saída do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do deputado Candido Vaccarezza (PT-SP) das lideranças do governo no Senado e na Câmara não "desestabilize" a base de apoio de Dilma no Congresso.

"Eu não vejo com tanta tranquilidade, como alguns estão vendo, essa transição e essa mudança de lideranças. A base do governo está sentindo um gosto de um certo azedume. O diálogo precisa ser reaberto. Esses canais de entendimento do Planalto com esta Casa precisam estar inteiramente desobstruídos", afirmou.

Senador do PTB, partido que integra a base de apoio de Dilma, Collor afirmou que os parlamentares precisam de "consideração" do governo.

"Muitas vezes não fazemos questão de ter solicitação atendida pelo Planalto, mas precisamos de consideração. Atenção até para dizer não. Mas precisamos ter essa atenção."

Collor fez as declarações no plenário do Senado, ao comentar o discurso de despedida de Jucá da liderança. O ex-líder ficou na tribuna por mais de duas horas, ouvindo uma série de discursos dos colegas elogiando sua atuação na liderança.

FALHAS

Jucá concordou com o senador ao admitir falhas do governo na sua articulação política com o Congresso. "O governo tem que fazer política como um todo, tem que ter consideração política, tem que atender senadores, retornar telefonemas, e entender que quando um senador entra em gabinete de ministro, não está articulando para ele, mas está representando um Estado da República."

O ex-líder disse que tentou fazer o melhor que pôde no cargo, com a "humildade de ouvir" para prevalecer a opinião da maioria dos senadores durante a sua atuação. E cobrou unidade do PMDB para garantir governabilidade a Dilma.

"Temos que recompor a base do governo, ter partidos integrados. Temos que unir o PMDB. A união do PMDB é fundamental para o Brasil."

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), retornou ao plenário para também discursar em homenagem a Jucá. Ao rasgar elogios ao ex-líder, Sarney disse que a política necessita de "convivência e estima" entre as pessoas --características adotadas por Jucá nos mais de dez anos em que ficou na liderança.

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