O múnus do qual foram investidos não os movem à responsabilidade de trabalhar por uma administração voltada para o interesse comum de todos. E nem poderia se o sistema inteiro está contaminado pelo poder econômico, fator que decide as eleições, ainda antes do eleitor comparecer às urnas e sufragar o nome de um candidato que escolheu para representá-lo?
O voto é tão somente uma formalidade exigida pelo ritual da lei para legitimar uma farsa. As discussões em mesa de bar, aquela militância aguerrida que vai pras ruas defender o nome de um candidato, os debates acalorados que beiram as vias de fato é parte do simbolismo do processo que corrobora para dá ares de legalidade as eleições, mas o que decide uma eleição realmente são os conchavos, os acordos espúrios, celebrados na calada da noite pelas eminências pardas que detém o capital para investir numa candidatura e fazê-la vitoriosa.
Se as eleições são nacionais, o grande empresariado, a banca financeira internacional que com a mídia e a justiça nas mãos irão controlar os destinos da economia, os investimentos , as taxas de juros, a política de câmbio e quiçá a política externa de governos fantoches que agem como gerentes das elites financeiras, uns com total devoção e submissão ao receituário que lhes é indicado, outros com o freio de mão puxado se debatendo para que as migalhas caiam na mesa dos menos favorecidos, nesta última categoria inclua Lula/Dilma e na primeira os governos Demo/Tucanos.
Se as eleições forem municipais, os comerciantes locais, os empreiteiros, os verdadeiros donos do poder que estão por trás das candidaturas dos prefeitos eleitos que venderam a alma ao Diabo para chegarem ao poder e uma vez lá terão de honrar compromissos assumidos que envolvem a partilha do butim até que o último centavo seja pago, em prejuízo do bem maior da coletividade que passará a contar com a precarização dos serviços públicos e um prefeito meramente decorativo, testa de ferro de interesses escusos que colocará o erário permanentemente à disposição da sanha desses indivíduos para que seja saqueado.
Isto quando o candidato a prefeito não tem os meios de bancar uma eleição milionária e para eleger-se precisará contar com recursos financeiros de terceiros que investirão, no entanto, terão pleno controle da máquina, indicando secretários e direcionando verbas públicas que irão parar em seus bolsos. Se tiver recursos que lhe permita bancar a própria campanha não ficará refém dessa influência nefasta, mas terá igualmente de dispor de um esquema para recuperar os gastos investidos e se perder poderá ir á falência. Em ambos os casos quem sai perdendo é o cidadão.
De sorte que é urgente uma reforma política que estabeleça o financiamento público de campanha, acabe e puna exemplarmente quem lança mão do caixa dois. Enquanto isso não acontecer, o eleitor continuará como parte de um jogo de cartas marcadas decidido com antecipação pelo poder econômico que corrompe, compra consciências e votos e faz dos eleitos políticos comprometidos com os interesses de quem os financiou e que buscará o retorno do dinheiro investido através de ações previamente dirigidas nos processos de licitações do município.
Por isso, todo cidadão consciente da importância das decisões políticas que interferem em sua vida cotidiana, não pode deixar de participar ativamente do processo de exigir mudanças na legislação eleitoral, a forma como as campanhas são financiadas, pressionando os deputados a votarem uma reforma que deixe o sistema transparente e menos refém do poder econômico para que a democracia seja exercitada em toda plenitude e não como um arremedo, uma farsa legitimada pelo voto do eleitor, inocente útil da grande armação chamada eleição direta.
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